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A pandemia do Covid não acabou e o Brasil pode ter alta em novas infecções, alerta Anvisa

Anvisa alerta sobre risco de alta nas infecções com Covid e recomenda o uso de máscaras e passaporte vacinal em locais de grande aglomeração de público | Foto: Agência Brasil

A determinação feita por governadores, em ano eleitoral, para o fim da exigência de uso de máscaras e de apresentação do passaporte vacinal, não significa que a pandemia do Covid acabou.; O alerta de que, apesar de existir no país um cenário favorável para a doença, mas que a pandemia não acabou foi feito pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no seu último e mais recente Boletim do Observatório Covid-19 Fiocruz.

“O Boletim aponta para a manutenção da tendência de queda dos principais indicadores – casos, internações e óbitos – da pandemia, devido aos avanços na vacinação. Porém, ressalta as desigualdades na vacinação ainda existentes em diferentes estados e municípios brasileiros e recomenda a combinação de medidas protetivas nas regiões com menor cobertura vacinal, como o uso de máscaras em locais fechados, assim como o ‘passaporte vacinal’ em prédios públicos, transportes públicos e espaços de trabalho”, diz a Anvisa em nota à imprensa.

O mesmo Boletim anda sustenta que a transição para as próximas fases da pandemia deve vir acompanhada de planos e planejamento de curto, médio e longo prazos e traz algumas recomendações nesse sentido. Os dados apresentados pelo Boletim mostram que há 83% da população do país vacinada com a primeira dose, 76,8% com o esquema vacinal completo e 40,4% com a dose de reforço, a terceira dose. A análise é referente às semanas epidemiológicas 15 e 16, período de 10 a 23 de abril.

Quando se observa a vacinação por regiões ou estados, as desigualdades se aprofundam., acentua a Anvisa. O Boletim mostra, por exemplo, que São Paulo destaca-se em relação ao tamanho da população e percentuais de pessoas vacinadas. O estado conta com 89,8% da população vacinada com a primeira dose, 85,2% com a segunda e 50,6% com a terceira. Em outro extremo, há estados como Amapá e Roraima, com menos de 65% para a primeira, 50% para a segunda e 12% para a terceira dose.

“Ainda é necessário ampliar a segunda dose e investir em grupos etários que tenham menor adesão à aplicação da vacina. Além disso, é fundamental reforçar a importância e a necessidade da terceira dose, que não pode ser vista apenas como uma dose extra”, alerta o Boletim. Portanto, é essencial a promoção de campanhas de sensibilização da população sobre a necessidade absoluta de aumentar a cobertura vacinal de reforço entre idosos e a aplicação das doses entre as crianças, destacam os pesquisadores do Observatório.

O Boletim reforça também a importância da vacinação contra a influenza para o público-alvo da primeira etapa, compreendido por pessoas de 60 anos ou mais, assim como trabalhadores da saúde. A segunda etapa da campanha de vacinação contra a influenza será iniciada em 3 de maio.

As infecções e as mortes por Covid apresentaram crescimento médio no Brasil nas duas semanas que antecederam ao levantamento para a última edição do Boletim do Observatório Covid-19 Fiocruz | Gráfico/Fiocruz

Recomendações

Os cientistas ressaltam ainda que a pandemia não acabou e os riscos continuam presentes. Eles orientam que a transição para as próximas fases deve vir acompanhada de planos e planejamento de curto, médio e longo prazos. Assim, no webinar realizado em 20 de abril pelo Observatório Covid-19 Fiocruz, que reuniu especialistas na área, foram sintetizadas recomendações, considerando que ainda existe uma pandemia em curso, mas com cenários bastantes distintos das fases anteriores, e com desafios futuros.

Entre as recomendações estão fortalecer a capacitação das equipes de epidemiologia de campo e de laboratório para o aprimoramento da investigação etiológica; a introdução de estratégias de vigilância de Síndromes Respiratórias Agudas (SRG) integrando a Covid-19; e reforço da vigilância genômica para a detecção e caracterização de novas variantes. Leia a seguir a íntegra do mais recente Boletim da Fiocruz, em arquivo PDF:

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Casos e óbitos por Covid-19

Os dados registrados nas duas últimas semanas epidemiológicas, de 10 a 23 de abril, mostram nova redução dos indicadores da intensidade de transmissão da Covid-19 no Brasil. Representando um decréscimo de 36% em relação às duas semanas anteriores (27 de março a 9 de abril), foi registrada uma média de 14 mil casos diários. O número de óbitos se situou em cerca de 100 mortes por dia, valor próximo aos verificados no início da primeira onda epidêmica, em abril de 2020. Houve uma queda de 43% do índice de mortalidade em relação às duas semanas anteriores. 

Nenhum estado apresentou tendência significativa de alta do número de casos e em grande parte deles houve queda na incidência de casos novos, como Amazonas, Roraima, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe, Minas Gerais e Goiás. Somente dois estados apresentaram tendência de alta de mortalidade: Amazonas e Paraíba. Outras unidades apresentaram redução dos índices de mortalidade, como Rondônia, Roraima, Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe, Bahia, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal. 

Os cientistas explicam que, apesar das dificuldades de acesso a testes que permanecem em alguns municípios, houve uma redução na taxa de positividade dos testes de diagnóstico por RT-PCR. “Apesar das limitações, esse indicador mostra a redução da intensidade de transmissão do vírus. Portanto, se espera para as próximas semanas a tendência de redução também dos indicadores que mais preocupam a população e os serviços de saúde: mortalidade e internação em UTI por Covid-19″, ressaltam.

Níveis de atividade e incidência de SRAG

A tendência geral de redução de casos de Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG) permaneceu em todas as faixas etárias nas semanas epidemiológicas 15 e 16. Nas últimas quatro semanas, a proporção de casos por Sars-CoV-2 correspondeu a 35% dos casos de SRAG com resultado laboratorial positivo – esta proporção reduziu significativamente nas semanas recentes, visto que, no período de 2020 e 2021 da pandemia, ela foi superior a 95%.

Perfil demográfico

Desde a queda da curva de casos novos da fase atual da pandemia as curvas de idade média e mediana, e internações e óbitos, gradativamente seguem sentidos diferentes: reduzindo os valores para internações e estabilizando/aumentando para óbitos. Esta divergência sugere que, num cenário de menor demanda por internações, os indivíduos são tratados oportunamente, restando aos mais jovens um melhor prognóstico, ratificando a idade avançada como um fator de risco independente para caso graves e fatais por Covid-19. Preocupa ainda o aumento da contribuição relativa das crianças nas internações, que seguem com expansão da cobertura vacinal num ritmo muito lento.

Leitos de UTI para Covid-19

De forma geral, se observa a manutenção de taxas baixas, apesar de contínua redução de leitos, e já se verifica a retirada do indicador ou dados para calculá-lo em painéis e boletins de estados como Minas Gerais e Paraná. Comparando dados obtidos nos últimos dias 4 e 25 de abril, a disponibilidade de leitos de UTI SRAG/Covid-19 para adultos no SUS sofreu novas reduções em diversos Estados.