Além de o governo estadual ignorar lei municipal em vigor, que garante gratuidade para segmentos da sociedade, o atraso nos horários passou de ruim para insuportável, segundo moradores, por causa de agravantes, como a continuidade de ônibus velhos e sucateados
A entrega das concessões de ônibus municipais de Vitória (ES) para gerenciamento pelo Governo do Estado, através do sistema Transcol, continua trazendo prejuízos para os moradores da Capital do Espírito Santo. Além de o governo Renato Casagrande não reconhecer legislação municipal em vigor, que garante gratuidade nas tarifas para segmentos da sociedade, os moradores agora sofrem com a continuidade de ônibus velhos e o atraso muito maior do que era antes de a Prefeitura se submeter às regras do governo Casagrande.
O primeiro prejuízo foi o fato de o atual governador ignorar e descumprir a Lei municipal 8.144/2011, que garante gratuidade para doentes com doenças crônicas e portadores do vírus HIV. Deputados estaduais consultados disseram que nada pode fazer para forçar o governador a cumprir a lei e que vai ficar por isso mesmo. Outro prejuízo maior é que a Prerfeitura, que deveria ser a dona da concessão, perdeu o direito de fazer valer as exigências municipais. Com isso, os empresários fazem o que querem, já que a Ceturb funciona como uma aliada dos donos de empresas.
Espera de meia hora
Dessa forma, houve uma redução na quantidade de ônibus que atendem os bairros de Vitória. A demora, que já era insuportável antes da entrega do controle ao governo do Estado, ficou pior ainda. Nas principais avenidas do município, dificilmente a espera por um ônibus que atende os bairros de Vitória, é inferior a meia hora. Os munícipes de Vitória reclamam e acusam a Ceturb, a empresa do governo do Estado, de ter mentido quando disse que quem estiver utilizando uma linha de Vitória poderá desembarcar e entrar gratuitamente numa linha que atende os terminais da Grande Vitória.
Isso não ocorre, segundo os usuários, é porque foi a própria Ceturb quem autorizou a redução na quantidade de ônibus e com isso não é obtido esse prazo mínimo, o que obriga o passageiro a pagar mais uma passagem. O erro de entregar as linhas municipais de Vitória para as mãos do governo estadual foi do ex-prefeito Luciano Rezende (Cidadenia), que foi quem enviou uma proposta à Câmara de Vereadores, em 2017, propondo entregar ao controle para a Ceturb. Em seguida, o atual prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos) confirmou o erro e assinou a entrega do controle.
Ônibus velhos, sucateados e demorados
Continua circulando normalmente as sucatas que circulam nos bairros de Vitória. São ônibus fabricados em 2009, 2011, entre outros modelos antigos. As sucatas não atendem mais o padrão mínimo de conforto, com ausência de ar condicionado ou wi-fi. Mas, o valor da passagem foi elevado, apensar da qualidade do serviço ter decaído. Vitória sempre teve um valor de passagem inferior ao que era imposto pelo governo do Estado para o sistema Transcol. E com a entrega do controle, ocorreu o nivelamento nas tarifas.
Mas, o que mais vem incomodando os moradores de Vitória é a piora no atraso dos ônibus, que ocorreu a partir da integração. Moradores dos bairros que integram a região da Grande São Pedro, que são os que mais dependem de ônibus, garantem que são demoradas as linhas 310 e 311. Além da espera ter aumento, ainda há o nervosismo contra a má gestão da Ceturb, já que quando esses veículos passam nos pontos entre 6 e 8 horas e de meio-dia às 19 horas não consegue entrar porque o ônibus já vem cheio.