O trágico acidente com a cantora Marília Mendonça, parte de sua equipe e o piloto e copiloto, onde as autoridades da Aeronáutica trabalham como a principal suspeita de ter sido causado por torres irregulares de alta tensão da concessionária de energia mineira Cemig, reaviou a possibilidade de o mesmo vir a ocorrer no Espírito Santo. O prédio, que teve a autorizada a retomada das obras em maio deste ano vai ser concluído em 2025. O condomínio Taj Home Resort, em construção no Bairro Jockey, em Vila de (ES) é de alto luxo e voltado para a elite econômica. Além das torres elevadas próxima ao Aeroclube, o condomínio vai ocupar 30 mil metros quadrados de construção, sendo 21.500 somente de área de lazer.
Não foi dada explicação de quem autorizou a obra e nem como seja evitada uma catástrofe no futuro. Sem abordar os riscos para o pouso e decolagem das aeronaves de pequeno porte no Aeroclube de Vila Velha, um mês após a obra, em entrevista à imprensa, a professora do mestrado em Arquitetura e Cidade da UVV, Ana Paula Rabello Lyra, alertou para a necessidade de que toda edificação precisa ser analisada sob o ponto de vista custo versus benefício, com o objetivo de se obter equilíbrio nos processos de construção e manutenção e nos impactos na cidade.
A professora da UVV ainda disse que: “Toda edificação impacta na dinâmica e no urbanismo da cidade, na mobilidade urbana, na paisagem visual da cidade, na sombra da orla da praia, compromete a ventilação natural, entre outras coisas. É preciso analisar os impactos com olhar holístico”. Lyra ainda observou que antes da liberação de uma obra de alto impacto como essa, devem ser avaliadas todas as repercussões que serão provocadas no espaço urbano, que vai da construção até os possíveis transtornos para o funcionamento da cidade, como minimizar a emissão de resíduos, priorizar eficiência energética, adotar materiais de revestimento com certificação ambiental. O MPES não divulgou os motivos para a mudança de opinião.
Marília Mendonça
A morte da Marília Mendonça, aos 26 anos e em pleno auge da carreira musical, na zona rural de Piedade de Caratinga (309 km a leste de Belo Horizonte, em Minas Gerais, trouxe uma comoção nacional. O acidente ocorreu apenas dois quilômetros do Aeroporto Regional de Ubapopranga, também conhecido como Aeroporto de Caratinga, e tem como provável causa a instalação de torres irregular de torres de transmissão de alta tensão de energia pela concessionária Cemig. O avião caiu sobre uma cachoeira, próximo a pousada e residências rurais de alto luxo. Caratinga é cercada por montanhas e matas.
As autoridades vinham recebendo constantes e recentes denúncias de pilotos, que alertaram para a possibilidade de acidentes exatamente iguais ao que ocorreu com o jato Beechcrat Aircraft, modelo King Air C90A, da PEC Táxi Aéreo Ltda e com prefixo PT-ONJ. De acordo com Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a aeronave fabricada em 1984, de 4.756 quilos e com capacidade para seis passageiros estava com o Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade (CVA) em dia e com validade até 1º de julho de 2022. Após a verificação de rotina em 6 de agosto último, a Anac classificou a aeronave como situação de navegabilidade como “normal’ e “Operação permitida para táxi aéreo”. Leia a seguir o certificado de garantia da Anac de que o avião acidentado estava com a documentação em dia e regular para transporte de passageiros.
Impressao-de-Consultas-ao-RABEm maio último o Ministério Público Federal (MPF) recebeu denúncia de que a mesma aeronave PT-ONJ tinha problemas no sistema antiembaçamento do para-brisa. o que dificultariam os pousos e decolagens. O Caso acabou sendo arquivado pelo MPF, depois que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) afirmou que o problema no para-brisas de aeronave havia sido resolvido pela PEC Táxi Aéreo. Embora que preliminarmente não haja indícios de que essa possa ser uma das causas da queda essa é uma das linhas de investigação das autoridades da Aeronáutica.
Nota da Cemig
Através de nota oficial a concessionária de energia elétrica de Minas Gerais confirmou que antes de cair, o avião bateu em um cabo de energia que fixa nas proximidades do campo de pouso da cidade mineiro onde a cantora iria fazer um show. “A Cemig informa que o avião bimotor que transportava a cantora Marília Mendonça e outras quatro pessoas atingiu um cabo de uma torre de distribuição da Companhia no município de Caratinga”, diz a empresa. “A Cemig manifesta seu pesar pelas vítimas do acidente e presta solidariedade a familiares e amigos”, diz a nota oficial da Cemig.
Todos os cinco ocupantes da pequena aeronave morreram: Marília Mendonça, cantora; Henrique Ribeiro, produtor; Abicieli Silveira Dias Filho, tio e assessor; Geraldo Martins de Medeiros Júnior, piloto e Tarciso Pessoa Viana, copiloto. O corpo da cantora e dos demais ocupantes do avião acidentado deixou o Instituto Médico Legal de Caratinga (MG) no começo da madrugada deste sábado (6). A cantora e seu tio serão velados entre 13 e 16 horas, em cerimônia aberta ao público das 13h às 16h no Goiana Arena, que fica Avenida Fued José Sebba, na capital daquele Estado com previsão de os corpos terem a despedida de cerca de 100 mil fãs. O enterro terá somente a presença de familiares.
Aeroporto de Caratinga
O Aeroporto Regional de Ubaporanga, também conhecido por Aeroporto de Caratinga (ICAO: SNCT), é um aeroporto regional que está localizado no município de Ubaporanga, no interior de Minas Gerais. O campo de pouso serve ao município de Caratinga, situado na região metropolitana do Vale do Aço. As operações de pouso e decolagem estão restritas ao período diurno e somente pode ser utilizado por aeronaves de pequeno porte.
A pista, que fica nas coordenadas 19° 43′ 31″ Sul e 42° 06′ 40″ Oeste, é de asfalto e possui 1.080 metros de extensão. A pequeno aeroporto fica próximo à BR 116, no povoado de Córrego das Palmeiras.