O bolsonarista que ainda ocupa o cargo de presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skf, recuou de uma nota em defesa das instituições democráticas, e que é considerada pela imprensa nacional como sendo “água com açúcar”, apenas por causa de suas convicções de extrema direita. A nota que foi assinada por mais de 300 empresários provocou um mal-estar com a Federação dos Bancos Brasileiros (Febraban), que tem o Itaú como sócio e um dos agentes financeiros que defendem a legalidade democrática no Brasil.
A nota, que teve a sua divulgação adiada para após o feriado de 7 de setembro por iniciativa de Skaf, acabou tendo cópias divulgadas por empresários que a receberam durante a coleta de assinaturas e que repassaram para a imprensa. Skaf optou em pedir que o adiamento na divulgação da nota fosse feito pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que acabou sendo quem anunciou a postergação do comunicado empresarial. Oficialmente, a Fiesp não se pronunciou.
Skaf é o mesmo que plagiou o pato amarelo
Paulo Skaf, que se notabilizou como um apoiador do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), quando plagiou o pato amarelo criado pelo artista plástico holandês Florentijn Hofman. Skaf, após duas décadas no comando da Fiesp, deixará o posto no início do ano que vem para o novo presidente da Federação, o empresário da Coteminas, que é filho do ex-vice-presidente José Alencar (1931-2011) nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva (de 2003 a 2010).
No governo de Bolsonaro o presidente que está saindo da Fiesp se tornou um aliado incondicional do atual presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e se aprimorou no combate às instituições democráticas, como crítico do Supremo Tribunal Federal (STF). A saída de Skaf da presidência da Fiesp e a ascensão do filho do ex-vice-presidente de Lula trouxe um alento para Lula, segundo interlocutores do petista, ao acreditarem que a posse de Josué possa facilitar a aproximação do petista com os empresários. Josué chegou a ser apontado como possível vice de Lula nas eleições de 2022, mas negou.
O adiamento unilateral da nota por parte de Skaf acabou gerando reações entre os empresários que assinaram o documento. Por isso foi dada a justificativa dos empresários insatisfeitos em vazar o conteúdo documento para a imprensa. A posição da Febraban em defesa da democracia irritou os bolsonaristas. O próprio presidente Bolsonaro ameaçou tirar o Banco do Brasil e a Caixa do quadro de associados da entidade.
Leia a íntegra do manifesto:
A-praca-e-dos-tres-poderes”A praça é dos três poderes”
A Praça dos Três Poderes encarna a representação arquitetônica da independência e harmonia entre o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, essência da República. Esse espaço foi construído formando um triângulo equilátero, cujos vértices são os edifícios-sedes de cada um dos poderes.
Esta disposição deixa claro que que nenhum dos prédios é superior em importância, nenhum invade o limite dos outros, um não pode prescindir dos demais. Em resumo, a harmonia tem de ser a regra entre eles.
Este princípio está presente de forma clara na Constituição Federal, pilar do ordenamento jurídico do país. Diante disso, é primordial que todos os ocupantes de cargos relevantes da República sigam o que a Constituição nos impõe.
As entidades da sociedade civil que assinam este manifesto veem com grande preocupação a escalada de tensões e hostilidades entre as autoridades públicas. O momento exige de todos serenidade, diálogo, pacificação política, estabilidade institucional e, sobretudo, foco em ações e medidas urgentes e necessárias para que o Brasil supere a pandemia, volte a crescer, a gerar empregos e assim possa reduzir as carências sociais que atingem amplos segmentos da população.
Mais do que nunca, o momento exige do Legislativo, do Executivo e do Judiciário aproximação e cooperação. Que cada um atue com responsabilidade nos limites de sua competência, obedecidos os preceitos estabelecidos em nossa Carta Magna. Esse é o anseio da Nação brasileira.”
Leia a seguir a nota da Federação Brasileira dos Bancos:
Nota de Esclarecimento da FEBRABAN
O manifesto “A Praça é dos Três Poderes”, articulado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e apresentado na última quinta-feira às entidades empresariais com prazo de resposta até 17 horas da sexta-feira, é fruto de elaboração conjunta de representantes de vários setores, inclusive o financeiro, ao longo da semana passada.
Desde sua origem, a FEBRABAN não participou da elaboração de texto que contivesse ataques ao governo ou oposição à atual política econômica. O conteúdo do manifesto pedia serenidade, harmonia e colaboração entre os Poderes da República e alertava para os efeitos do clima institucional nas expectativas dos agentes econômicos e no ritmo da atividade.
A FEBRABAN submeteu o texto à sua própria governança, que aprovou ter sua assinatura no material. Nenhum outro texto foi proposto e a aprovação foi específica para o documento submetido pela Fiesp. Sua publicação não é decisão da Federação dos Bancos. A FEBRABAN não comenta sobre posições atribuídas a seus associados.
FEBRABAN – Federação Brasileira de Bancos
Diretoria de Comunicação