O ato ocorreu no inicio desta noite em Jardim Camburi, em Vitória (ES), onde se localiza a Escola Professor José da Costa Pacheco, cuja professora de inglês Rafaela Machado teve a sala invadida e foi ameaçada por um agressivo vereador bolsonarista
No inicio da noite desta segunda-feira (21) foi realizada uma manifestação de desagravo às agressões verbais e à violência com que o despreparado vereador bolsonarista de Vitória, a Gilvan Aguiar Costa, que se apelidou de “Gilvan da Federal” e investiu sua fúria sobre à professora Rafaella Machado, Escola Estadual de Ensino Médio (EEEM) Prof. Renato José da Costa Pacheco, em Jardim Camburi, Vitória (ES). Acostumado a ser violento com mulheres, o bolsonarista invadiu a sala de aula de forma criminosa para agredir verbalmente a professora devido a uso de um tema LGTB na escola.
Despreparado para ocupar o cargo de vereador, Gilvan usa as suas redes sociais apenas para fazer elogios ao negacionista presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e para fazer apologia ao uso de armas. Não há em suas redes sociais nenhuma preocupação social e nem mesmo a abertura de debate para a realização de atividades que venham trazer alento à população mais pobre e desempregada da capital do Espírito Santo. O mesmo já provocou polêmica ao agredir verbalmente as vereadoras Karla Coser (PT) e Camila Valadão (Psol), mas vem recebendo apoio da atual direção da Câmara de Vereadores, que não abriu nenhum processo disciplinar contra o agressivo vereador do Patriotas.
Manifestação
Os manifestantes começaram a chegar às 17 horas na frente da escola, mas como o estabelecimento estava em funcionamento, a diretora pediu para que o ato fosse realizado em uma pracinha nas proximidades. Além dos adolescentes da própria escola, foram seus familiares, amigos e integrantes de diversos grupos de WhatsApp, que se mobilizaram durante o dia para a realização do at em apoio à professora.
A grosseria com que o vereador ataca as mulheres levou à própria Secretaria de Estado da Educação a emitir um comunicado, onde informa que vai acionar o Ministério Público Estadual (MPES) para que as ameaças do despreparado vereador sejam apuradas. A direção da Câmara de Vereadores de Vitória foi procurada para dizer se vai abrir um processo de punição ou até mesmo de cassação do mandato do bolsonarista, mas optou em não responder.
Nota assinada por 84 entidades
NOTA DE SOLIDARIEDADE À PROFESSORA RAFAELLA MACHADO CONTRA OS ATAQUES PROMOVIDOS PELO VEREADOR GILVAN DA FEDERAL*
O coletivo Luta Unificada dos Trabalhadores da Educação do Espírito Santo – LUTE-ES e demais entidades abaixo assinadas vêm a público repudiar a perseguição que a professora de inglês da Escola Estadual de Ensino Médio (EEEM) “Prof. Renato José da Costa Pacheco” Rafaella Machado vem sofrendo por parte de um vereador do município de Vitória, Gilvan da Federal. A perseguição acontece em virtude de uma atividade sugerida pela professora aos estudantes da escola onde o tema LGBTQI+ é abordado. Por meio da mãe de uma estudante o vereador soube da atividade proposta pela professora e esteve presente na escola na última sexta-feira, 18/06, buscando intimidá-la e ameaçando-a com providências que estaria organizando contra a profissional. Chegou ao cúmulo de invadir a escola para forçar um esclarecimento por parte de Rafaella, que sugeriu que ele conversasse com a pedagoga, dando-lhe as costas. O vereador ainda fez ameaças em áudios que circulam no whatsapp cujo conteúdo é escandaloso e reafirma a sua vocação ultra conservadora. É importante lembrar que não é a primeira vez que esse representante eleito pelos munícipes de Vitória se encontra envolvido em episódio de ódio e preconceito. Gilvan da Federal foi alvo de uma ação promovida pela vereadora Camila Valadão por tecer comentários machistas sobre a sua forma de se vestir durante uma sessão solene em homenagem ao Dia das Mulheres, comemorado em 8 de março. A ação aberta para apurar a conduta do vereador foi arquivada e causou revolta na sociedade capixaba, evidenciando o caráter conservador da atual composição da câmara municipal da capital, onde apenas duas mulheres compõem o quadro de vereadores num total de 15 eleitos. A conduta do vereador mostra-se frequentemente em desacordo com o cargo que ocupa. Mas a possibilidade de punição parece não incomodá-lo e assim ele mantém sua postura truculenta e odiosa perante temas sensíveis que tocam a muitos moradores e eleitores da capital.
O tema trabalhado em sala de aula pela professora Rafaella Machado está em completo acordo com todos os documentos oficiais que orientam a educação brasileira. O trabalho proposto pela professora é resultado de um amplo debate realizado no interior da escola e que envolve pedagogos e demais professores e professoras da unidade escolar. É portanto uma proposta educacional pensada a muitas cabeças e orientada pelo currículo da escola pública do Espírito Santo. Atacar individualmente a professora é atacar a toda a comunidade escolar da Renato Pacheco e também toda a categoria do Magistério capixaba!
Mais uma vez o Vereador Gilvan da Federal dá mostras de sua incompetência para contribuir com um debate público que preze pela urbanidade e respeito à diversidade. Ocupa o parlamento apenas para promover discurso de ódio e perseguições, estando, aí sim, em total harmonia com o seu mentor político, o igualmente execrável presidente da República, Jair Bolsonaro.
Toda nossa solidariedade à Rafaella Machado, professora consciente de seu papel enquanto educadora por um mundo livre de preconceitos de toda ordem e que também contribui de maneira inestimável com a nossa organização coletiva que é o LUTE-ES. Quanto aos conservadores, esses já deram provas mais que suficientes de que são incapazes de conduzir o debate público que contribua efetivamente para a melhoria da realidade do povo trabalhador e seus anseios mais urgentes. Que caiam todos eles.
Assinam a nota as seguintes entidades:
1. ABJD – Associação dos Juristas pela Democracia – Núcleo ES
2. Ação Popular Socialista – APS ES
3. Adufes (ANDES-SN)
4. Afirmação – Rede de Cursinhos Populares
5. Aliança Nacional LGBTI+ no ES
6. Asiarfa – Associação Intermunicipal Ambiental em Defesa do Rio Formate e Seus Afluentes
7. Associação de Geógrafos Brasileiros – AGB Seção Vitória
8. Associação Popular dos Centros Socialistas
9. Brigadas Populares
10. Centro Acadêmico de Filosofia – Ufes
11. Centro Acadêmico de Licenciatura em Física
12. Centro de Defesa dos Direitos Humanos da Serra – CDDH Serra
13. Centro de Estudos Bíblicos – CEBIES
14. Centro de Estudos da Cultura Negra – CECUN-ES
15. Círculo Palmarino
16. Coletivo de artistas socialistas do ES
17. Coletivo de Mulheres Dona Astrogilda
18. Coletivo Educação Pela Base
19. Coletivo LGBTI+ do Sindiupes
20. Coletivo Luta Unificada dos Trabalhadores da Educação – Lute-ES
21. Coletivo Mães Eficientes Somos Nós
22. Coletivo Para Todos
23. Coletivo TAEs de Luta – Oposição Sintufes
24. Comitê Capixaba da Campanha Nacional pelo Direito à Educação
25. Comuna ES
26. Conselho Estadual LGBTI+ do ES
27. Conselho Nacional de Ensino Religioso do Espírito Santo – CONERES
28. CSP Conlutas – ES
29. CUT-ES
30. Diretório Central dos Estudantes da Ufes – DCE Ufes
31. Ecoar – Juventude Ecossocialista
32. Federação Espírito Santense de Culturas e Povos Tradicionais de
33. Fórum de Educação de Jovens e Adultos – Fórum EJA
34. Fórum de Homens Capixabas pelo Fim da Violência contra as Mulheres ES
35. Fórum de Mulheres do Espírito Santo – FOMES
36. Fórum Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente – Fórum DCA- ES
37. Frente Popular em Defesa do Direito à Educação
38. GEDUC – Grupo de Estudos e Pesquisas Em Educação Comparada
39. Grêmio Nelson Reis – Ifes Piúma
40. Grupo de Pesquisa Trabalho e Práxis/Ufes
41. Ifes Sem Cortes
42. Intersindical CCT
43. Irmãs Missionárias Agostinianas Recoletas
44. Juventude Socialista do PDT-ES
45. Levante Popular da Juventude
46. Liberdade Amor e Respeito no Espírito Santo – LARES
47. Lordose pra Leão
48. Mães pela Diversidade – ES
49. Marcha Mundial das Mulheres
50. Matriz Africana
51. Movimento Enfrente
52. Movimento Impeachment Já – ES em Luta
53. Movimento Kizomba
54. Movimento Mulheres em Luta ES
55. Movimento Nacional de Direitos Humanos – MNDH ES
56. Movimento Negro Unificado
57. Movimento Sobreviva Brasil
58. Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST ES
59. Mulheres Pelo Socialismo/ES
60. Núcleo de Pesquisa em Sexualidades da Ufes – NEPS
61. PAD-ViX – Professoras (es) Associadas (os) pela Democracia em Vitória – ES
62. Pajeú/Coletivo de Juventude
63. Partido Comunista Brasileiro – PCB ES
64. Partido Comunista do Brasil – PC do B ES
65. Partido dos Trabalhadores – PT/ES
66. Partido Socialismo e Liberdade – PSOL/ES
67. Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado PSTU ES
68. Pastoral Operária ES
69. PDT Diversidade capixaba
70. Primavera Socialista ES
71. Raízes Partido Antirracista
72. Regional das Associações dos Centros Familiares de Formação em Alternância do Espírito Santo – Raceffaes
73. Resistência e Luta Educação ES
74. Resistência Feminista ES
75. Resistência/PSOL ES
76. Revolução Brasileira ES
77. Sinasefe – Ifes
78. Sindicato dos Bancários – Sindbancários
79. SINTUFES
80. Travessia ES – Coletivo Sindical e Popular
81. União Brasileira de Estudantes Secundaristas
82. União Brasileira de Mulheres – UBM ES
83. União da Juventude Comunista – UJC
84. União Nacional dos Estudantes – UNE
Nota do Sindiupes
NOTA DE APOIO
O SINDIUPES – Sindicato dos/das Trabalhadores/as em Educação Pública do Estado do Espírito Santo, por meio do Coletivo Estadual de Diversidade Sexual LGBTI+, manifesta seu integral apoio à Prof.ª Rafaela Machado, de Língua Inglesa, bem como à EEEM “Prof. Renato José da Costa Pacheco”, em Vitória/ES, pela atividade pedagógica sobre o Mês do Orgulho Internacional LGBTQIA+, desenvolvida para os/as alunos/as das turmas do 1º ano do Ensino Médio da referida escola.
A Diversidade Sexual e de Gênero é um tema que necessita ser abordado nas unidades de ensino do estado, pois muitos são os casos de LGBTFOBIA nas escolas capixabas. Diversos trabalhadores/as da educação são impedidos/as de trabalhar o referido tema transversal em sala de aula e pessoas LGBTQIA+ são alvo de preconceito e discriminação no espaço escolar.
Entendemos que o Poder Público deve assegurar que a comunidade escolar inclua no currículo e nos projetos pedagógicos temas relacionados à Educação em Direitos Humanos, principalmente assuntos que desenvolvam o combate a todos os tipos de discriminação na sociedade.
Também é dever do Poder Público e dos Sistemas Públicos de Ensino garantir que os/as professore/as tenham sua liberdade de cátedra protegida, com o intuito de que estes/as profissionais não sofram quaisquer tipos de represálias por parte de forças reacionárias que nada contribuem para a construção de uma educação libertadora.
Portanto, parabenizamos mais uma vez a Professora Rafaela Machado e a equipe pedagógica da Escola “Prof. Renato José da Costa Pacheco” e a todo/as trabalhadores/as da educação da Rede Pública Estadual de Ensino que, em seus trabalhos pedagógicos, desenvolvem com seus alunos uma cultura de respeito à Diversidade e constroem todos os dias os alicerces para uma Educação mais inclusiva, plural e sem LGBTFOBIA.
Vitória/ES, 21 de junho de 2021.
Tiago Mello
SINDIUPES– Direção Colegiada
Coordenador Coletivo Estadual de Diversidade Sexual LGBTI+