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Amacentro denuncia a PMV por contribuir por fechamento de monumentos históricos no Centro


“Um povo sem memória é um povo sem história. E um povo sem história está fadado a cometer, no presente e no futuro, os mesmos erros do passado”

Historiadora Emília Viotti da Costa

Amacentro denuncia a PMV por contribuir por fechamento de monumentos históricos no Centro | Foto: Grafitti News

Em comunicado nas redes sociais, a Associação dos Moradores do Centro de Vitória (Amacentro) está denunciando que a Prefeitura de Vitória (PMV) parou de pagar o serviço de segurança na Igreja do Rosário, que por isso foi obrigada a fechar as suas portas. A igreja é um monumento histórico, construída em 1769, segundo historiadores, por mão de obra escrava.

“A igreja não está abrindo ao público pois, segundo membros da Irmamadade do Rosário, a Prefeitura de Vitória não renovou o contrato dos seguranças que faziam a proteção da Igreja, ou seja, todo o patrimônio secular da Igreja está desprotegido”, informa a Amacentro.

Assalto na Igreja do Rosário

Segundo o vice-presidente da Amacentro e membro da Irmandade do Rosário, o historiador Wallace Bonicenha, a Secretário Municipal da Fazenda informou que a Prefeitura não renovou o contrato dos seguranças por “cortes de gastos”. Wallace também informou que a Igreja sofreu um assalto no dia 30 de setembro do último ano. “E apesar das cobranças não houve atendimento das demandas por parte da PMV”, acrescentou.

Uma outra lembrança feita pela entidade, que representa os moradores do Centro Histórico de Vitória, é que a atual administração municipal está mantendo suspenso o Projeto Visitar. Esse projeto oferecia visitas guiadas, de forma gratuita, aos turistas e a estudantes, a sete monumentos do Centro: Igreja Nossa Senhora do Rosário, Theatro Carlos Gomes, Convento de Nossa Senhora do Monte do Carmo, Convento de São Francisco, Igreja de São Gonçalo, Catedral Metropolitana de Vitória e Capela de Santa Luzia.

“É importante frisar que o fechamento da igreja do Rosário à visitações, por descaso do poder público municipal, é apagamento histórico, é crime contra o povo negro e contra a memória do povo Capixaba”, diz a Amacentro na sua conta no Facebook. É lembrada a citação da  historiadora Emília Viotti da Costa, que fez a seguinte afirmação:  “Um povo sem memória é um povo sem história. E um povo sem história está fadado a cometer, no presente e no futuro, os mesmos erros do passado”.

O fechamento dos monumentos históricos impede a visita de turistas e contribui para esvaziar o Centro e aumentar a insegurança | Foto: Grafitti News

História

A Igreja de Nossa Senhora do Rosário, localizada na Rua do Rosário, em Vitória (ES) teve a sua construção em pedra e cal iniciada em 1765 pela Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. A construção demorou dois anos. Ao redor da igreja há um cemitério histórico, onde eram enterrados os membros da irmandade. Atualmente o imóvel está tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), no Livro do Tombo Histórico, com a inscrição  nº 241-A, de 24 de julho de 1946, através do Processo Nº 360-T-1946.

De acordo com o Iphan, a igreja de arquitetura e altares barrocos, foi construída pela Irmandade após ter recebido como doação o terreno na encosta do então denominado Morro do Pernambuco. “Passou por diversos processos de intervenção até chegar ao atual volume.

A igreja sofreu obras de restauração entre 1969-1970 e a interpretação dos registros obtidos pela prospecções arquitetônicas, realizadas em 1994, indicam a existência de, pelo menos, três formatos diferenciados da igreja que, ao longo do tempo, foi ampliando sua edificação primitiva para melhor abrigar as atividades religiosas e sociais da irmandade”, relata o Ipahn.

No final do século XVIII, a Igreja teve acrescido ao seu volume a torre sineira, o muro do cemitério, os relevos da fachada principal e os do arco cruzeiro. A grande ampliação ocorreu no século XIX, com a expansão da capela mor e da sacristia e com a incorporação do corredor lateral dos ossuários, resultando na integração da torre do edifício.

Foram também erguidas paredes de tijolos sobre os muros de pedra e os telhados foram alteados para a construção do segundo pavimento. As salas deste último pavimento foram divididas com paredes de pau-a-pique. O antigo piso de tijoleira do pavimento térreo foi substituído pelo de ladrilho hidráulico. “Todos contra o a falta de educação patrimonial, histórica e cultural e contra a violação da história e da memória da nossa linda Vitória”, finaliza a Amacentro.