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Amazônica tem novo desmatamento recorde em julho e no governo Bolsonaro a área desmatada é de 31 mil km²

O Greenpeace realizou sobrevoos no sul do Amazonas e no norte de Rondônia para monitorar desmatamento e queimadas na Amazônia em julho de 2022 | Foto: Christian Braga/Greenpeace

O descaso do presidente Jair Bolsonaro (PL) e o desmonte que ele promoveu nos órgãos federais de combate à destruição da floresta amazônica, levou à Coordenação Geral da Terra (Deter) do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) a detectar um desmatamento de 1.487 km² no mês de julho último na Amazônia. É o quarto maior número da série histórica, perdendo só para os anos anteriores do atual governo Bolsonaro.

No acumulado de 1° de agosto 2021 a 31 de julho 2022, período em que a taxa anual do desmatamento é medida, os alertas apontaram para uma área total desmatada de 8.590 km², uma pequena queda de 2% em relação ao ano passado. Analisando os últimos três anos, entretanto, foram em média 8.862 km² de alertas por ano, área 65,6 % maior que os 5.351 km² de média dos três anos anteriores. No total do governo Bolsonaro, segundo o Inpe, o desmatamento foi de 31 mil km².

Destruição consentida pelo governo Bolsonaro: área desmatada na Amazônia | Foto: Greenpeace

Avanço do desmatamento

“O que chamou atenção nos sobrevoos que realizamos neste último ano, além do avanço do desmatamento, é a quantidade de grandes áreas desmatadas em terras públicas não destinadas, em propriedades privadas e até mesmo em áreas protegidas. Isso reitera que o desmatamento da Amazônia não é fruto da pobreza e do desespero de pessoas em situação de grande vulnerabilidade. Trata-se de esquema organizado, patrocinado por grandes proprietários e grileiros de terra que se sentem protegidos pelo derretimento das políticas de proteção ambiental e combate ao desmatamento que ocorreram nos últimos anos”, afirma Rômulo Batista, porta-voz da Amazônia do Greenpeace Brasil.

Rômulo refere-se ao alto custo para realizar o desmatamento e a queimada de grandes áreas. A Amazônia não pega fogo sozinha, o fogo tem quase sempre origem na ação humana, que o utiliza no processo de desmatamento, para queimar restos da floresta desmatada ou enfraquecer áreas degradadas. O processo para se desmatar uma grande área pode levar meses. Mas o rápido desmatamento e queimada de grandes áreas necessita de grande investimento, custando em média R$2 mil por hectare.

No período de 1° agosto 2021 a 31 de julho 2022, os estados que mais desmataram foram o Pará, que registrou 3.072 km² (35,7% do total), seguido pelo Amazonas com 2.292 km² (26,7% do total) e Mato Grosso, com 1433 km².

Lábrea e Apuí, ambos no sul do Amazonas, foram os municípios que mais registraram alertas de desmatamento no período (571 e 566, respectivamente). Seguidos de Altamira, no Pará, e Porto Velho, em Rondônia, que junto com os municípios do sul do Amazonas, está em uma das mais quentes fronteiras da destruição no momento.

Municípios campeões em desmatamento no governo Bolsonaro | Tabela: Deter/Inpe

Cenário de destruição

Apesar da pequena queda no acumulado dos últimos 12 meses, tivemos seis meses onde os dados do sistema Deter-B de alertas de desmatamento foram recorde desde 2016, ano do início de sua operação. Além do atual cenário de destruição ambiental, avançam também no Congresso projetos de lei que dão ao povo brasileiro ainda mais motivos para se preocupar, tal como o 2633/2020, que anistia grileiros, e o PL 490/2007, que abre terras indígenas para atividades predatórias, acrescentam mais uma camada de pressão sobre nossas florestas.

“Ao invés do poder executivo e dos parlamentares estarem focados em conter os impactos da destruição da Amazônia sobre a população e o clima, no combate ao crime que avança na floresta, e que não só destrói nossas riquezas naturais, mas também a imagem e a economia do país, eles tentam aprovar projetos que irão acelerar ainda mais o desmatamento, os conflitos no campo e a invasão de terras públicas, afirma Rômulo Batista.

O Brasil precisa enfrentar o desmatamento da Amazônia de uma vez por todas, e não de projetos que enfraquecem a proteção da floresta. É hora de avançar em políticas que promovam um real combate ao desmatamento, queimadas e grilagem de terras e que defenda os povos da floresta, com dignidade para todos. Isso é o mínimo. Destaca o Greenpeace Brasil.

Incentivos de Bolsonaro à destruição

O aumento da devastação da Amazônia é atribuído por ambientalistas à falta de controle e fiscalização do governo Jair Bolsonaro e a incentivos do presidente para a exploração predatória da região. De agosto de 2019 a julho de 2022, foram derrubados em média 720 km² da floresta por mês. Para efeito de comparação, de agosto de 2015, quando a atual metodologia do Deter entrou em vigor, até maio de 2016, quando a então presidente Dilma Rousseff sofreu impeachment, a média foi de 364 km² desmatados por mês. Durante o governo de Michel Temer, a média foi de 420 km², segundo cálculo do jornal Folha de S. Paulo.

O Deter é uma ferramenta de monitoramento rápido para identificar tendências no desmatamento da Amazônia e servir de guia para ações de fiscalização. O Inpe também tem o Prodes, um outro sistema que calcula a área desmatada com mais precisão e é divulgado nos últimos meses do ano.

“É mais um número que estarrece, mas não surpreende: o desmatamento fora de controle na Amazônia resulta de uma estratégia meticulosa e muito bem implementada de Bolsonaro e seus generais para desmontar a governança socioambiental no Brasil”, disse Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.

A organização afirma que o aumento do desmatamento está relacionado ao enfraquecimento de órgãos de fiscalização no governo Bolsonaro – segundo dados do MapBiomas Alerta, apenas 2,4% dos alertas de desmatamento emitidos pelos satélites corresponderam a uma ação em campo de autuação ou embargo de propriedade pelos órgãos ambientais federais de 2019 a 2021.

O Observatório do Clima menciona também a expectativa de asfaltamento da BR-319, rodovia que corta o maior bloco de florestas intactas da Amazônia – que teve a licença prévia concedida no final de julho – como algo que contribuiu para o aumento do desamatamento. Os municípios de Lábrea (AM) e Apuí (AM), na zona de influência da BR, foram respectivamente o primeiro e o segundo com maior área de alertas de desmatamento de toda a região amazônica, segundo a organização.