No último dia 20 de março foi comemorado o Dia Mundial do Sapo. Desde meados do século passado, as populações de anfíbios têm enfrentado uma redução significativa e, nos últimos 40 anos, mais de 120 espécies desapareceram do nosso planeta.
Atualmente, os anfíbios representam os vertebrados mais ameaçados do mundo, com aproximadamente 40% das espécies correndo o risco de desaparecer nas próximas décadas, conforme a pesquisadora Rachel Montesinos, especialista em anfíbios no Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA).
No Brasil, ocorrem mais de 1.200 espécies. Na Mata Atlântica, o número passa de 600, sendo 90% delas endêmicas – espécies que somente são encontradas nesse bioma. Segundo dados da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, da sigla em inglês), 195 espécies estão ameaçadas no Brasil.
Diversos fatores ameaçam essas populações, incluindo doenças fúngicas emergentes, perda de habitat devido ao aumento do desmatamento, uso indiscriminado de pesticidas em lavouras e plantações e mudanças climáticas.
Anfíbios são predadores do mosquito da dengue
Os anfíbios desempenham papel fundamental na natureza e são importantes para a sobrevivência da espécie humana. Sapos, rãs e pererecas são predadores naturais, contribuindo no controle de vetores responsáveis pela propagação de doenças como dengue, chikungunya, malária e febre amarela.
Também contribuem na redução de pragas em lavouras, pois se alimentam delas. “Atualmente estamos vivendo uma epidemia de dengue em diversas regiões do Brasil. Os anfíbios contribuem para redução dos vetores. Também podem contribuir para o aumento da produção agrícola”, destaca Rachel.
O Dia Mundial do Sapos foi marcado por diversas iniciativas de conservação desses animais. Em 20 de março, pesquisadores e organizações ao redor do mundo uniram esforços para promover eventos educativos e de conscientização sobre a importância dos anfíbios, destacando o perigo iminente de extinção que muitas espécies enfrentam.
Museu Mello Leitão, em Santa Teresa (ES)
No Museu de Biologia Prof. Mello Leitão, sede do INMA, em Santa Teresa (ES), foram programadas várias atividades. “Um salto na conservação: a importância dos anfíbios”, que envolve apresentação sobre os anfíbios, sua importância, seu estado de conservação e curiosidades, além de oficina de origami, na qual crianças e adultos poderão criar sapinhos utilizando apenas uma folha de papel. “Essa atividade foi concebida para reforçar a importância dos sapos e promover o uso consciente de materiais facilmente degradáveis que não poluem o planeta, como o papel”, destaca Rachel.
Santa Teresa, município da região central serrana do Espírito Santo, é uma das regiões mais diversas do mundo quando se trata de anfíbios, abrigando cerca de 110 espécies. Dessas, 24 ocorrem no parque do Museu de Biologia Prof. Mello Leitão. “Isso significa que, ao menos, uma em cada quatro espécies que ocorrem em Santa Teresa estão no INMA!”, ressalta Rachel.
Além dessa riqueza em vida livre, o INMA abriga uma importante coleção zoológica, que serve de base para diversos estudos. Nela estão mais de 12 mil indivíduos de anfíbios, sendo 69 deles coletados no parque.