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Anistia Internacional cobra o nome do mandante do assassinato de Marielle Franco

Manifestação promovida pela Anistia Internacional na frente da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro | Foto: Anistia Internacional

Marielle Franco, vereadora do PSOL assassinada no dia 14 de março de 2018 ainda não teve o nome do mandante revelado e isso foi motivo de cobranças nesta última segunda-feira (14) por entidades civis e ONGs internacionais, como a Anistia Internacional. Foi lembrado de que ela foi assassinada por três milicianos, sendo que dois desses tem ligação com a família do presidente Jair Bolsonaro (PL). Um dos acusados da autoria do crime é vizinho do presidente no Condomínio Vivendas, localizado na Avenida Lucio Costa, 3.100, na Barra, Rio de Janeiro e possui várias fotos junto com o vizinho-presidente.

Outro acusado pelo assassinato também possui relação estreita com a família Bolsonaro e onde a sua mulher e a mãe trabalharam como funcionárias comissionadas do filho Flávio Bolsonaro, além de um terceiro assassino, sendo todos milicianos. A Polícia e o Judiciário do Rio de Janeiro fazem vistas grossas para apurar quem foi o mandante. Diante da impunidade e da confusão proposital que a Polícia carioca faz para atrapalhar as investigações para apurar quem mandou matar, houve manifestações para lembrar os quatro anos de impunidade. Uma dessas foi promovida pela Anistia Internacional, que instalou peças com dois metros de altura na frente da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, para mostrar o processo inconcluso que deveria ter apontado o nome do mandante do crime.

“Sabe-se que os milicianos Élcio de Queiroz, Ronnie Lessa e Adriano da Nóbrega fizeram o serviço, mas não se sabe até hoje quem é o mandante do crime. Por que as investigações não avançaram e até hoje os responsáveis não foram punidos?”, diz a Anistia Internacional. Em uma dessas “páginas” do processo instalado mostra a enorme quantidade de autoridades públicas que passaram pela investigação ou se comprometeram a garantir justiça, nos últimos quatro anos.

O ex-presidente Lula usou as suas redes sociais para perguntar quem é o mandante | Foto: Ricardo Stucker

Cinco delegados passaram pela apuração sem revelar o nome do mandante

Foram cinco delegados e outros tantos representantes do poder público. “Muitos compromissos foram anunciados, mas, até agora, não se sabe o mais importante: quem mandou matar Marielle e Anderson, e por quê? Na última página da instalação, os passantes em frente à Câmara foram convidados a fortalecer a corrente de solidariedade, tirando uma foto e compartilhando com a hashtag #SigiloPraQuem.

A diretora-executiva da Anistia Internacional Brasil, Jurema Werneck, disse: “A Anistia Internacional Brasil destaca que a decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos para o caso Nova Brasília assegura o direito de acesso aos autos de investigação e também à participação e capacidade de atuação em todas as etapas da investigação e do processo criminal. Portanto, é nosso dever demandar das autoridades que as famílias de Marielle e Anderson tenham seus direitos respeitados. E, hoje, viemos a público exigi-lo”.

Família de Marielle exige participação no processo de apuração do nome do mandante

“Os parâmetros internacionais de direitos humanos preveem o direito à verdade e à participação efetiva das vítimas e seus familiares em todas as etapas dos processos de investigação – especialmente em situações que constituem graves violações de direitos humanos, como é o caso dos assassinatos de defensoras e defensores de direitos humanos. É fundamental combater o vazamento de informações no curso das investigações, porém as famílias e seus representantes têm o direito de participar em todas as etapas da investigação. Respeitar o sigilo não significa faltar com a transparência. A falta de justiça pela morte de um defensor ou uma defensora gera um efeito amedrontador para todas as outras pessoas que defendem a dignidade e a vida. E há consequências imediatas e de longo prazo para toda a sociedade, como foi o assassinato de Marielle e Anderson”, prosseguiu Jurema Werneck.

“Quatro anos é tempo demais. Somos movidas e movidos pelo desapontamento desta longa espera, mas também pela esperança. As autoridades devem exercer suas funções com transparência para passar uma mensagem firme de que a impunidade não será o legado do assassinato de Marielle e Anderson. E a sociedade civil tem o direito de reivindicar essa postura do poder público”, finalizou a diretora-executiva da Anistia Internacional Brasil.