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Apoio de Neymar a Bolsonaro foi comprado com perdão de dívida tributária, afirma imprensa argentina

Neymar se aliou a Bolsonaro, segundo a imprensa argentina, em troca de perdão de elevada dívida com o Imposto de Renda – Imagens: Twitter pessoal de Neymar e redes sociais (Bolsonaro)

A imprensa da Argentina deu destaque ao apoio público do jogador Neymar da Silva Santos Júnior ao atual presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), que atribui esse fato a uma compra de votos do atual governo, que perdoou uma dívida de R$ 188 milhões em Imposto de Renda. A sonegação fiscal do jogador foi tratada, durante a negociação, como sendo “questões tributárias relativas a atividades esportivas”.

O jornal de esquerda argentino Página 12 abriu uma manchete com o título “Brasil: Lula e Neymar jogam um jogo à parte”, onde abre a matéria jornalística com a seguinte frase do ex-presidente e candidato à eleição no segundo turno Luiz Inácio Lula da Silva: “Acho que Neymar tem medo de que se eu ganhar as eleições se vá saber quanto dinheiro Bolsonaro lhe perdoou de imposto de renda”, disse o líder do PT sobre a declaração de apoio de Neymar a Bolsonaro,no último dia 30 de setembro.

A atitude do jogador bolsonarista, de 30 anos, de acordo com o Página 12, levou Lula a dizer em podcast desta semana, que teve audiência com seis milhões de brasileiros, a dizer que “o astro da seleção apoia Jair Bolsonaro como forma de retribuir ao presidente o perdão da dívida com o Estado que remonta às manobras criminosas pela passagem do Clube Santos ao Barcelona, da Espanha.” O diário da Argentina ainda diz que Bolsonaro aproveitou a aliança com o jogador, e usando a camisa 10 da seleção brasileira e citando o nome de Neymar, fez um vídeo onde convoca os torcedores a votar no candidato da extrema-direita.

A “negociação” em troca do apoio do jogador à reeleição do atual presidente foi destaque no jornal Página 12 | Foto: Reprodução

“O petista continua sendo o favorito, embora com menos vantagem, segundo a última pesquisa do Datafolha publicada na noite de quarta-feira (19). Lula soma 49% das intenções de voto contra 45% de seu antagonista do Partido Liberal (PL), que está subindo nas últimas pesquisas. Ao comentar esses números Lula admitiu que “eles estão encurtando a diferença, mas igualmente vamos ganhar as eleições, me parece impossível que possam nos superar na pouco mais de uma semana que falta”, relatou o Página 12.
Lula lembrou que Neymar também tem problemas tributários na Espanha

O mesmo jornal argentino citou outra declaração de Lula sobre o apoio do bolsonarista Neuymar ao candidato do PL: “Eu não estou chateado com Neymar, ele tem todo o direito de escolher quem quer que seja presidente”.”Acho que Neymar tem medo de que se eu ganhar as eleições se Vá saber quanto dinheiro Bolsonaro lhe perdoou de imposto de renda, é óbvio que Bolsonaro fez um acordo (.. Neymar também está com problemas fiscais lá na Espanha”, assinalou Lula.

“Mas tudo isso é um problema da Secretaria de arrecadação federal e não meu”, continuou Lula, dando a entender que seu governo não será cúmplice, como o atual, da milionária evasão além de uma possível Lavagem de dinheiro através de empresas de fachada, afirmou o jornal argentino. Foi lembrado ainda que os problemas fiscais do jogador se arrastam há quase uma década, quando foi transferido do Santos para o Barcelona, por uma quantia muito superior à indicada no contrato. O montante declarado foi de 57 milhões de euros quando o valor real teria sido de 83 milhões, de acordo com estimativas dos promotores espanhóis.

“Negros ficam ricos e votam contra os negros”, diz Mano Brow

O diário ainda comentou sobre o cantor Mano Brow, eleitor de Lula, havia expressado indignação com a negociata feita entre Neymar e Bolsonaro, em troca de apoio eleitoral. “No Brasil os negros que ficam ricos atacam outros negros e votam contra os outros negros, essa é a regra”. Ainda é lembrado que duas semanas atrás a banda Racionais MC s pediu que os negros votem sem esquecer do racismo e da exclusão social de que são vítimas.

O Página 12 lembrou que a adesão do atacante Neymar à ultradireita direita começou a ser vislumbrada em 2019, quando seu pai foi recebido por Bolsonaro e pelo ministro da economia, Paulo Guedes, para tratar das dívidas com o fisco e das multas pelo atraso no pagamento das mesmas. “Depois desse suposto tráfico de influência do mandatário chegaria outra aproximação. Bolsonaro se solidarizou com o jogador, quando uma jovem brasileira o acusou, apoiada por um vídeo, de estupro estatutário em um hotel parisiense em meados de 2019”, diz o jornal.

Ainda foi lembrado na imprensa argentina de que, mais tarde, durante a pandemia do coronavírus que custou a vida de 687 mil pessoas, “o jogador organizou festas de maratona em uma mansão do litoral do Rio de Janeiro, de onde se associou à campanha governamental contrária ao isolamento social. Essa cumplicidade político-esportiva se consolidou em 2021 em uma das fases mais cruas da doença, quando o Brasil organizou a Copa América diante da desistência de Argentina e Colômbia.

“Perfil baixo, omisso”, diz jornal argentino

“Neymar adotou um perfil baixo, omisso, enquanto vários de seus companheiros da equipe expressaram preocupação pelo evento concebido como uma ocasião para exacerbar o nacionalismo futebolista, à imagem do feito pela ditadura com a conquista da Copa do mundo de 1970. A festa verde-amarela imaginada por Bolsonaro não foi tal, já que o Brasil com Neymar seria derrotado por 0 a 1 pela Argentina, com Lionel Messi, na final disputada no Maracanã”, disse o jornal.

E completou dizendo que mesmo com todo esse revés, não ficou prejudicada a estratégia bem projetada de associar o jogador da seleção à iconografia do neofascismo. Também foi dito que o atual governo de extrema-direita, além de usar jogadores, como Neymar, vem, usando as igrejas evangélicas para seu projeto político, como a ida de sua atual mulher, Michelle Bolsonaro, às igrejas evangélicas vestida com a camisa amarela, para pedir que votem em seu marido “para evitar o retorno de forças demoníacas”. “As pessoas parecem possuídas por esse discurso, surgiu uma ‘direita raivosa’ incapaz de discernir entre o real e o ficciona”, assinalou Lula em entrevista citada pelo jornal.