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Após censura ilegal ao filme “Como se tornar o pior aluno da escola”, governo Bolsonaro muda classificação


Devido ao picadeiro armado pelos bolsonarista no atual governo, o filme “Como se tornar o pior aluno da escola”, se tornou nesta semana o campeão em visualizações nas duas plataformas onde é oferecido: Netflix e Globoplay. Há alternativa de ser visualizado nas plataformas Vimeo (de graça) e YouTube (pago)


Nesta semana os bolsonaristas promoveram um show de falso moralismo a um filme lançado há cinco anos atrás | Foto: Reprodução/filme

Depois do fiasco de imaginar que seria possível promover a censura do filme “Como se tornar o pior aluno da escola”, em pleno regime democrático, o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) publicou nesta quarta-feira (16), na página 74 do Diário Oficial da União (DOU) o Despacho Nº 386, na área destinada à Secretaria Nacional de Justiça, onde alterou a classificação do filme de três anos atrás de 14 para 18 anos. A medica é inócua, já que classificação não quer dizer proibição para quem tem menos idade, mas apenas um indicativo para as famílias. Quem quiser ignorar não terá nenhuma sanção, inclusive em cinema, onde a classificação é apenas um aviso.

A reclassificação de idade, de 14 para 18 anos, publicada nesta quarta-feira no Diário Oficial não é imposição de faixa de idade, mas apenas uma recomendação, que deve ser seguida ou não por quem quer assistir | Imagem: Diário Oficial da União

Na véspera, nesta última quarta-feira (15) o bolsonarista Anderson Torres, um delegado de Polícia e político filiado ao então Partido Social Liberal (PSL), atual União Brasil, e que ocupa o cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública no atual governo determinou a censura à comédia lançada em 12 de outubro de 2017. O ato, que segundo juristas é ilegal, foi tornado público através da denominação de Despacho Nº 625/2022.

A censura ilegal, que não foi e nem vai ser seguida pelas empresas de streaming de vídeo e plataformas de exibição de vídeos

Censura ilegal

No documento, que o delegado-ministro mandou que a funcionária do Ministério, Lilian Claessen de Miranda Brandão, assinasse no seu lugar, foi dada a ordem (também ilegal) de “determina-se, cautelarmente, às partes representadas Netflix Entretenimentos Brasil Ltda, Globo Comunicação e Participações S/A (Telecine e Globopay) Google Brasil Internet Ltda (YouTube), Apple Computere Brasil Ltda e Amazon Serviços de Varejo do Brasil Ltda.) a que suspenda, imediatamente, a disponibilização, exibição e oferta do filme “Como se tornar o pior aluno da escola”.

Imediatamente a Globopay e Telecine, em nota conjunta, afirmaram que a censura estava abolida no Brasil e que a imposição do delegado-ministro n~]ao tinha fundamento legal. Diante disso a exibição continua ocorrendo normalmente. O mesmo ocorre com a Netflix. Apenas o YouTube, de propriedade do Google, viu oportunidade de ganhar dinheiro com o falso moralismo dos bolsonarista, cinco anos após o lançamento da obra e passou a cobrar a visualização. Até esta última terça-feira qualquer pessoa podia assestar gratuitamente. Agora só pagando.

O trailer do filme “Como se tornar o pior aluno da escola” | Vídeo: Divulgação

Mas, além da Globopay, Netfliix ou YouTube, pago, há opção de assistir integralmente ao filme “Como se tornar o pior aluno da escola”, em outras plataformas. Uma dessas é o portal de vídeos Vimeo, onde o filme pode ser assistindo em sua íntegra no endereço https://vimeo.com/688670039 .

Não há mais censura no Brasil, como era na ditadura militar

Para juristas ouvidos pela imprensa, a medida do ministro da Justiça de Bolsonaro ignorou o inciso 9 do artigo 5 da Constituição. O inciso 9 diz que é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença. Na hipótese de alguém se sentir melindrado com eventuais abusos da liberdade de expressão, o assunto só pode ser debatido na Justiça. Também foi lembrado que o Supremo Tribunal Federal (STF) possui uma decisão onde nem a exibição de um programa em horário diferente ao horário sugerido na classificação indicativa do filme trará algum tipo de punição. Em resumo,. Afirmaram que a medida do ministro foi um abuso de autoridade que contraria a jurisprudência.

Pastor Marco Feliciano, membro da bancada evangélica elogiou e parabenizou o roteirista e ator Danilo Gentili no lançamento, em, 2017, pelo filme e chegou dizer que “há tempos não ria muito”. Cinco anos depois critica o filme | Foto: Twitter

Humoristas e falso moralismo evangélico

O roteirista e ator do filme, Danilo Gentili e o também humorista Fabio Porchat foram alvo de ataques dos bolsonarista, apenas porque o ministro da Justiça de Bolsonaro assistiu e não gostou de uma cena onde um vilão interpretado por Porchat pede a dois estudantes adolescentes, e rebeldes, a fazer masturbação nele. A bancada evangélica afinou a sua falsa moralidade nesta semana. Um dos expoentes dessa bancada, o deputado e pastor Marco Feliciano (PL-SP) apagou nesta terça-feira um Twitter onde elogiava, no lançamento, Gentili pelo filme: “”Parabéns, Danilo Gentili. Há tempos não ria tanto”, disse o integrante da bancada evangélica em 2017.

Cinco anos após o lançamento do filme, o representante da bancada evangélica no Congresso Nacional, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), informou que abriui uma representação na Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o filme “Como ser o pior aluno da escola”, que tem entre os atores os comediantes Fábio Porchat e Danilo Gentili. Os deputados evangélicos quere que o filme de 2017 tenha uma investigação para apurar se há possíveis “crimes sexuais contra vulneráveis praticados pelos atores. A implicância com a obra cinematográfica somente surgiu agora depois de a Netflix ter colocado o filme em seu catalogo neste último final de semana.

O filme, lançado em 2017, ganhou destaque muito maior do que o esperado, nesta semana, após entrar no catálogo da plataforma de streaming Netflix. O longa vem sendo alvo de críticas de bolsonarista e deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), protocolou na Procuradoria-Geral da República (PGR) uma representação contra o filme “Como ser o pior aluno da escola”, protagonizado pelos comediantes Danilo Gentili e Fábio Porchat. A bancada evangélica solicita que seja aberta investigação para apurar eventuais crimes sexuais contra vulneráveis praticados pelos atores e pela Netflix.

O filme, lançado em 2017, ganhou destaque nesta semana após entrar no catálogo da plataforma de streaming. O longa vem sendo alvo de críticas de bolsonaristas evangélicos e de outros grupos conservadores por uma cena específica associada à pedofilia.

Serviço

Locais de exibição:

Para assinantes da Globopay e da Netefix

Plataforma de vídeo Vimeohttps://vimeo.com/688670039 pode ser  visto de graça

Plataforma de vídeo YouTube:: O YouTuibe viu a oportunidade de ganhar dinheiro com a plemica dos bolsonarista. O filme que até esta terça-feira podia ser visto gratuitamente, a partir desta quarta-feira agora só pode ser visto se o usuário pagar antes.

NOTA DA GLOBOPLAY E TELECINE SOBRE A CENSURA:

O Globoplay e o Telecine estão atentos às críticas de indivíduos e famílias que consideraram inadequados ou de mau gosto trechos do filme Como Se Tornar O Pior Aluno Da Escola mas entendem que a decisão administrativa do Ministério da Justiça de mandar suspender a sua disponibilização é censura. A decisão ofende o princípio da liberdade de expressão, é inconstitucional e, portanto, não pode ser cumprida.

As plataformas respeitam todos os pontos de vista mas destacam que o consumo de conteúdo em um serviço de streaming é, sobretudo, uma decisão do assinante – e cabe a cada família decidir o que deve ou não assistir.

O filme em questão foi classificado, em 2017, como apropriado para adultos e adolescentes a partir de 14 anos pelo mesmo Ministério da Justiça que hoje manda suspender a veiculação da obra.