Na nota oficial, o comando da CPI destacou que o anúncio de Bolsonaro, feito na noite desta quarta-feira (2), sobre vacinas veio com “atraso fatal e doloroso”
Logo após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) usar da rede nacional de rádio e televisão, sob o som de um panelaço e de gritos “Fora genocida” em todo o Brasil, os integrantes da CPI da Pandemia emitiram uma nota onde criticam as mentiras ditas em cadeia nacional de veículos de comunicação. O entendimento é que o presidente foi à TV após as apurações parciais da CPI indicarem, até agora, que Bolsonaro é o maior responsável pelas milhares de mortes por Covid-19, por causa do seu negacionismo e da sua recusa em ter comprado imunizantes ainda no ano passado.
O comando da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia soltou nota oficial na noite desta quarta-feira (2) após o pronunciamento do presidente da República, Jair Bolsonaro. Ele afirmou em rede nacional de rádio e televisão que todos os brasileiros que desejarem serão vacinados até o fim do ano contra a covid-19. Para vários integrantes da CPI, o anúncio veio com “atraso fatal e doloroso”.
Acostumado a mentir, Bolsonaro disse em pronunciamento que o Brasil é o país que mais vacina no mundo, quando, na verdade, o painel da Our World In Data, da prestigiosa Universidade de Oxford apopnta que o Brasil é o 83º país no ranking em imunização da da primeira dose e o 85º na segunda dose. Outra inverdade dita por Bolsonaro em rede nacional de TV é que o país, com 14,7% da população desempregada no primeiro trimestre deste ano, segundo dados do IBGE, ele disse mentirosamente: “Terminamos 2020 com mais empregos formais que em 2019”.
Outra mentira dita pelo presidente foi: “Neste ano, todos os brasileiros, que assim o desejarem, serão vacinados. Vacinas essas que foram aprovadas pela Anvisa”. Para que toda a população brasileira seja vacinada ainda neste ano, o cálculo mentiroso dele incluiu os milhões de doses de vacinas que constam no cronograma do Ministério da Saúde, como a russa Sputnik V e a indiana Covaxin, que ainda não foram aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária(Anvisa).
Leia a íntegra da nota:
NOTA PÚBLICA
A inflexão do Presidente da República celebrando vacinas contra a Covid-19 vem com um atraso fatal e doloroso. O Brasil esperava esse tom em 24 de março de 2020, quando inaugurou-se o negacionismo minimizando a doença, qualificando-a de ‘gripezinha’. Um atraso de 432 dias e a morte de quase 470 mil brasileiros, desumano e indefensável.
A fala deveria ser materializada na aceitação das vacinas do Butantan e da Pfizer no meio do ano passado, quando o governo deixou de comprar 130 milhões de doses, suficientes para metade da população brasileira. Optou-se por desqualificar vacinas, sabotar a ciência, estimular aglomerações, conspirar contra o isolamento e prescrever medicamentos ineficazes para a Covid-19.
A reação é consequência do trabalho desta CPI e da pressão da sociedade brasileira que ocupou as ruas contra o obscurantismo. Embora sinalize com recuo no negacionismo, esse reposicionamento vem tarde demais. A CPI volta a lamentar a perda de tantas vidas e dores que poderiam ter sido evitadas.
Omar Aziz- Presidente CPI
Randolfe Rodrigues – Vice Presidente CPI
Renan Calheiros – Relator
Em apoio
membros efetivos:
Tasso Jereissati
Otto Alencar
Humberto Costa
Eduardo Braga
Suplentes:
Alessandro Vieira
Rogério Carvalho