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Após o fiasco da cloroquina, Bolsonaro embarca na aventura do spray nasal israelense contra o Covid-19

Após o fiasco de “indicar” medicamentos sem comprovação cientifica para o combate ao novo coronavírus (Covid-19), como cloroquina, hidroxicloroquina e invermectina, o presidente Jair Bolsonaro embarca em nova aventura semelhante. Agora, ele chegou fixar em seu Twitter que vai pedir à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que analise o uso emergencial contra Covid-19 do spray nasal israelense EXO-CD24.

“Mentiras todos os dias: spray nasal está em fase 2 de pesquisa. Não pode ter uso emergencial avaliado. A ciência de estudos epidemiológicos existe. O governo deve trabalhar com o que funciona. Cadê as orientações para as pessoas sobre máscara, distanciamento físico e vacinas?”, respondeu revoltada a pesquisadora capixaba Ethel Maciel também em suas redes sociais. Ela, que é professora da Ufes, ganhou notoriedade nacional com seus posicionamentos firmes na defesa do combate eficaz ao novo coronavírus.

Ainda em estudo

Já o negacionsta presidente brasileiro afirmou nas suas redes sociais que o medicamento, ainda em estudo, é “um spray nasal desenvolvido pelo Centro Médico Ichilov de Israel, com eficácia próxima de 100% (29/30), em casos graves, contra a Covid”. “Brevemente será enviado à Anvisa o pedido de análise para uso emergencial do medicamento”,  prosseguiu Bolsonaro .

Na mesma postagem, Bolsonaro deixou junto uma outra nota do Twitter do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu: ““Falei ontem por telefone com o presidente brasileiro Jair Bolsonero (sic), que nos parabenizou pelo sucesso da campanha de vacinação em Israel. Concordamos em cooperar no desenvolvimento de medicamentos e vacinas contra o vírus corona. Espero que nos encontremos em breve!”, diz a mensagem de Netanyahu, que o presidente brasileiro usou o Google para traduzir o texto do hebraico.

Sem comprovação científica

No último dia 9 o primeiro-ministro israelense disse em entrevista ao jornal impresso The Times of Israel, que o spray nasal ainda não tem comprovação cientifica sobre a sua eficácia. Ele disse que o medicamento de uso nasal ainda vai “iniciar um julgamento da fase 2”. “Isto dará uma imagem mais fiável da eficácia, uma vez que a fase 1 é pequena, em grande parte relacionada com a verificação da segurança e sem um grupo placebo”, disse Netanyahu.

De acordo com o professor Nadir Arber, que foi apresentado à imprensa israelense em coletiva de imprensa como o pesquisador que está a frente do spray nasal, o medicamento combate a “tempestade” de citoquinas, uma reação imune potencialmente letal à infecção coronavírus que se acredita ser responsável por muitas das mortes associadas à doença. Ele usa exossomas-minúsculos sacos porta-aviões que transportam materiais entre as células-para entregar uma proteína chamada CD24 para os pulmões, e acredita-se que esta proteína ajude a acalmar o sistema imunológico e conter a “tempestade”.