Entre os 12 ativistas, além da sueca Greta Thunberg, da eurodeputada Rima Hassan, está o brasileiro Thiago de Ávila e Silva Oliveira, que foi alvo de nota do Governo brasileiro. Na nota, o Itamaraty lembrou que Israel descumpriu “o princípio da liberdade de navegação em águas internacionais”
O Governo brasileiro condenou o sequestro ilegal de 12 ativistas, incluindo o brasileiro Thiago de Ávila e Silva Oliveira, a sueca Greta Thunberg e a eurodeputada Rima Hassan. Todos estavam a bordo do veleiro Madleen, operado pela Coalizão Freedom Flotilla (Flotilha da Liberdade) com o intuito de levar alimentos à Gaza. O território da Palestina está sendo tomando com violência e assassinato da população civil, incluindo mulheres e crianças, pelo Governo de Israel, acusado de genocídio.
Segundo o que foi noticiado pelo jornal israelense Haretz,`às 20h55 desta última segunda-feira (14h55 em Brasília), o governo de Israel pretende deportar os atividades, que foram sequestrados em águas internacionais, onde Israel não tem nenhum domínio. De acordo com o jornal, a deportação será para os países onde os ativ idades tem nacionalidades.
Após dias de uma viagem em alto-mar iniciada na Itália, o barco com 12 ativistas que tentava furar o bloqueio naval à Faixa de Gaza foi interceptado por Israel nesta segunda-feira (noite de domingo no horário de Brasília). A bordo do veleiro Madleen, operado pela Coalizão Flotilha da Liberdade (FFC, em inglês), estavam nomes como a sueca Greta Thunberg e o brasileiro Thiago Ávila. O barco, que carregava uma quantidade simbólica de ajuda humanitária, foi conduzido até o porto israelense de Ashdod. Segundo autoridades, os passageiros estão passando por exames médicos e devem ser deportados para seus países de origem.
Brasileiro
O brasileiro Thiago Ávila, de 38 anos, jun tamente com os outros 11 ativistas embarcaram no domingo (1º) do porto de Catânia, na Itália,levando mantimentos, com objetivo de chegar à Faixa de Gaza, cinde o Governo israelense está impedindo até a ONU de levar mantimentos à população palestina. O brasileiro é um dos líderes da atual missão e tem atuação destacada no movimento pró-Palestina no Brasil.
De acordo com relato da a empresa de comunicação russa RT Brasil, Thiago Ávila nasceu em Brasília (DF) e é formado em Propaganda e Publicidade pelo Instituto de Educação Superior de Brasília em 2008, Ele foi candidato a deputado federal pelo PSOL do Distrito Federal em 2022, mas não se elegeu. Sua trajetória política inclui vínculos com diplomatas iranianos no Brasil e dirigentes do Hamas. O próprio ativista afirma manter, desde os 19 anos, relações com lideranças do Hezbollah –, grupo baseado no Líbano e aliado do Irã –, do Hamas.
No seu perfil no Instagram Thiago Ávila acumula mais de 350 mil seguidores em seu perfil no Instagram*, onde publica vídeos explicativos e registros de ações humanitárias. Essa tentativa, que resultou em sequestro ilegal em águas internacionais, foi a segunda tentativa do grupo em levar ajuda humanitária á Gaza. Em maio, Thiago integrou uma missão organizada pela Freedom Flotilla para alcançar Gaza por mar. A tentativa foi frustrada após um ataque de drones danificar a embarcação.

Governo israelense fez Interrogatório nesta noite antes de deportar
Segundo informação dada com exclusividade pela RT Brasil, divulgada às 22h48 GMT desta última segunda-feira, Thiago Ávila chegou a aeroporto em Israel e será interrogado antes de possível deportação. Ainda nesta mesma noite, o Governo brasileiro, através do Itamaraty, informou à sua família que tentará repatriá-lo o mais rápido possível. O Brasil, que ainda manté[ém relações diplomáticas com Israel, colocou a sua Embaixada nqeuel país para acompanhar o interrogatório.
Segundo a publicação russa, a informação foi confirmada por Lara Souza, esposa do ativista, após reunião com o Itamaraty. Segundo ela, ainda não está claro se haverá deportação imediata. “Eles chegaram ao aeroporto agora e serão interrogados. Ainda não sabemos se é deportação imediata. Tem que esperar o interrogatório”.
Lara informou ainda que participou de uma reunião com o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, que garantiu estar atuando para garantir a repatriação do ativista o mais rápido possível. “Acabei de sair da reunião com Itamaraty. Farão o possível para repatriá-lo o mais rápido possível. A equipe da embaixada está pedindo para participar do interrogatório com ele”, disse em declaração à RT Brasil.

Localização do sequestro em águas internacionais
A última publicação da Floitilha da Liberdade foi feita ainda no final da noite deste último domingo, pelo horário de Brasília e que pode ser conferida (em inglês) neste link. “A Freedom Flotilla Coalition (FFC) confirma que o seu navio civil, Madleen, que transporta ajuda humanitária para Gaza, foi atacado/interceptado à força pelos militares israelitas às 3h02 CET em águas internacionais às 31h95236° N, 32.38880° E. O navio foi abordado ilegalmente, a sua tripulação civil desarmada foi raptada e a sua carga salvadora de vidas foi confiscada, incluindo fórmulas para bebés, alimentos e suprimentos médicos”, diz a postagem.
O Itamaraty confirmou estar acompanhando de perto o caso e mantendo contato com a embaixada brasileira em Tel Aviv, que agora tenta acompanhar o interrogatório de Thiago.
O que exige a tripulação do Madleen
Em nota publicada no portal da entidade, o grupo de de ativistas divulgou o seguinte comunicado, momentos antes de serem aprisionados ilegalmente em águas internacionais:
“Israel está mais uma vez agindo com total impunidade. Desafiou as ordens vinculativas do Tribunal Internacional de Justiça para permitir o acesso humanitário desimpedido a Gaza, ignorou as leis internacionais que protegem a navegação civil e rejeitou as exigências de milhões de pessoas em todo o mundo que apelam ao fim do cerco e do genocídio.
Este último ato de agressão contra a FFC segue-se ao impune ataque de drones israelitas ao nosso navio anterior, Conscience, que deixou quatro voluntários civis feridos e o navio incapacitado e em chamas em águas europeias. Esse ataque não provocado violou o direito internacional. Agora, Israel intensificou-se novamente ao atingir outro navio civil pacífico.
“Os governos do mundo permaneceram em silêncio quando a Consciência foi bombardeada. Agora Israel está testando esse silêncio novamente, disse ”, Tan Safi, outro organizador da Flotilha da Liberdade. Cada hora sem consequências encoraja Israel a intensificar os seus ataques contra civis, trabalhadores humanitários e os próprios fundamentos do direito internacional.”
Nós exigimos:
- • Fim do cerco ilegal e mortal a Gaza.
- • A libertação imediata de todos os voluntários raptados;
- • A entrega imediata de ajuda humanitária directamente aos palestinianos que seja independente do controlo da potência ocupante
- • Responsabilidade total pelos ataques militares a Madleen e à Consciência;
Os governos devem cumprir as suas obrigações ao abrigo do direito internacional e deixar de permitir os crimes de Israel. Não nos intimidamos. Voltaremos a navegar. Não vamos parar até que o cerco termine e a Palestina esteja livre.”

Sequestro teve condenação internacional
O sequestro ilegal em águas internacionais provocou uma onda de protestos internacionais contra o governo de Israel, acusado de promover o genocídio contra a população palestina. O presidente da França, Emmanuel Macron declarou que o bloqueio humanitário em Gaza é um escândalo e apelou por um cessar-fogo. Macron ainda exigiu a “libertação dos reféns” e à “reabertura das rotas humanitárias” para o território palestiniano sitiado.
A presidente do Parlamento Europeu Roberta Metsola foi outra a criticar a ação dos israelenses contra a embarcação que levava ajuda humanitária à Gaza. “A proteção e o bem-estar dos deputados europeus, em qualquer parte do mundo, serão sempre a máxima prioridade do Parlamento Europeu”, sublinhou Delphine Colard, porta-voz de Roberta Metsola, numa mensagem publicada na rede social X.
“Nos últimos dias e horas, a presidente do Parlamento Europeu tem estado em contacto constante com as autoridades israelitas e os líderes dos grupos políticos do Parlamento Europeu para garantir a segurança e a proteção da deputada europeia Rima Hassan, que era uma das pessoas a bordo do barco ‘Madleen’, e de todos aqueles que a acompanhavam”, prosseguiu a porta-voz de Metsola.
A Amnistia Internacional (AI) foi outra entidade a denunciar a ação ilegal do governo de Israel. “Ao intercetar e bloquear à força o ‘Madleen’, que transportava ajuda humanitária e uma tripulação de ativistas solidários, Israel falhou mais uma vez as suas obrigações legais para com os civis na Faixa de Gaza ocupada e demonstrou o seu assustador desrespeito pelas ordens juridicamente vinculativas do Tribunal Penal Internacional (TPI)”, disse a secretária-geral desta organização não-governamental (ONG), Agnès Callamard.
“Estado terrorista de Israel”, diz o Governo turco
O governo turco também condenou a ação ilegal israelense. A Turquia condenou esta segunda-feira a apreensão, por Israel, de um navio de ajuda humanitária com destino a Gaza. Segundo o Governo da Turquia, o veleiro também transportava cidadãos turcos, além da ativista Greta Thunberg, entre seus tripulantes. O país classifica o ato como uma “clara violação do direito internacional”. O Ministério das Relações Exteriores da Turquia afirmouque a intervenção ameaçou a segurança marítima e que “uma vez mais demonstra que Israel está a agir como um Estado terrorista”.
Já o Governo da Palestina enviou agradecimento aos 12 ativistas da Freedom Flotilla a bordo do Madleen. “O Ministério dos Negócios Estrangeiros e Expatriados aprecia muito os seus esforços, que implicaram elevados riscos no mar, por este nobre objetivo humanitário de apoiar o nosso povo na Faixa de Gaza, sujeito às mais hediondas formas de genocídio, limpeza étnica, perseguição e fome”, diz o comunicado palestino.
Ministério das Relações Exteriores – Nota à imprensa Nº 247
“Interceptação da embarcação Madleen por forças israelenses
O governo brasileiro acompanha com atenção a interceptação, pela marinha israelense, da embarcação Madleen, que se dirigia à costa palestina para levar itens básicos de ajuda humanitária à Faixa de Gaza e cuja tripulação, composta por 12 ativistas, inclui o cidadão brasileiro Thiago Ávila.
Ao recordar o princípio da liberdade de navegação em águas internacionais, o Brasil insta o governo israelense a libertar os tripulantes detidos.
Sublinha, ademais, a necessidade de que Israel remova imediatamente todas as restrições à entrada de ajuda humanitária em território palestino, de acordo com suas obrigações como potência ocupante.
As Embaixadas na região estão sob alerta para, caso necessário, prestar a assistência consular cabível, em consonância com a Convenção de Viena sobre Relações Consulares.”