Até agora não houve um julgamento devido a inúmeros recursos da defesa. O pastor evangélico acusado pelo assassinato do filho, Joaquim (3 anos) e do enteado Kauã (6 anos), segundo a Polícia, provocou o crime para encobrir os estupros que vinha praticando com as crianças
O assassinato das crianças Kauã, 6 anos, e Joaquim, 3 anos, promovido em Linhares (ES) pelo próprio pai, o pastor evangélico Georgeval Alves Gonçalves no dia 21 de abril de 2018, através de um incêndio criminoso completa nesta quinta-feira (21) quatro anos. O acusado pelo crime ainda não foi a julgamento devido a recursos interpostos pela sua defesa. O processo 0004057-45.2018.8.08.0030 teve a sua última movimentação no dia 9 de fevereiro do ano passado, quando foi remetido para o Tribunal de Justiça e se encontra na 1ª Câmara Criminal. Em fevereiro deste ano a defesa do acusado consta que a defesa interpôs um recurso especial ao Superior Tribunal de Justiça.
Na ocasião o crime chocou a sociedade capixaba e até os policiais que apuraram o caso. A mãe das crianças estava em Minas Gerais, com um outro filho menor do casal. Em nota distribuída à imprensa, o advogado Síderson Vitorino, que atua no caso como assistente de acusação, informou que passados quatro anos do homicídio dos dois irmãos no Norte do Espírito Santo, a família prepara um ato. Trata-se de uma caminhada que será feita na cidade onde foram mortas as crianças, começando na capela mortuária e terminando nas sepulturas onde estão enterrados os meninos, informou.
Sobre o caso, na nota, que ainda é assinada pela também assistente de acusação, a advogada Lharyssa de Almeida Carvalho, é dito que o juiz da Primeira Vara Criminal de Linhares, nos autos do processo criminal número 0004057-45.2018.8.08.0030, pronunciou Georgeval Alves pelo crime de homicídio qualificado contra seu filho e seu enteado. “Colocando-o à disposição do Tribunal do Júri, que só não foi instalado ainda por conta de recursos que estão sendo discutidos no Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo”, expliocaram.
“A última manobra jurídica da defesa de Georgeval, consiste no manejo de um “Recurso Especial no Recurso em Sentido Estrito” que está sob análise da Vice-presidência do TJES, o que pode fazer com que o processo seja enviado para julgamento no STJ caso o desembargador relator da demanda admita o recurso interposto pelo acusado. A família espera por quatro anos que justiça seja feita”, finaliza a nota assinada por Siderson Vitorino e Lharyssa de Almeida Carvalho.
Relembre o crime
Depois de um mês de investigações, a Polícia Civil capixaba concluiu quer o pastor evangélico agrediu as vítimas e provocou o incêndio, que atingiu apenas o quarto dos irmãos, para tentar encobrir o abuso que vinha praticando nas crianças. Os laudos periciais deram a certeza de que, antes de as crianças serem mortas por um incêndio proposital e serem queimados vivos, os meninos Joaquim e Kauã foram agredidos e estuprados.
A Polícia, através da perícia, confirmou que as crianças estavam vivas quando foram queimadas. Foi encontrada fuligem na traqueia e o exame demonstrou que ainda respiravam quando começou o incêndio, constatou a perícia. Além disso, o delegado chamou atenção para o fato de o pastor não ter acionado o socorro. “Foram os vizinhos que prestaram auxílio”, disse.na ocasião.
Mudança de profissão: De cabelereiro à pastor evangélico
Georgeval era cabelereiro em São Paulo e se mudou para Linhares em 2014, onde abriu um salão de beleza no Bairro Interlagos. Após um ano como cabelereiro naquela cidade do Norte capixaba decidiu mudar de profissão e se tornar pastor evangélico da Igreja Batista Vida e Paz, no mesmo bairro. A sua mulher, Juliana, também se tornou pastora.
Membros da igreja de Geogeval declararam na ocasião que o acusado de pedofilia e de ter assassinado com incêndio criminoso os próprios filhos “era como um pai”. “Muitas vezes, ele saiu de sua casa para ir até a minha, ajudar minha família. Ele é como um pai para nós. George era um excelente cabeleireiro e começou a igreja como uma célula (pequeno grupo). Hoje a igreja tem cerca de 300 membros. Todos nós acreditamos em sua inocência e queremos que a investigação corra rápido”, contou na época a membra da igreja do acusado de assassinar as duas crianças.