Em novo ataque de fúria contra o Centro Histórico de Vitória, o prefeito bolsonarita da capital capixaba, Lorenzo Pazolini (Republicanos), após descaracterizar trilha de 200 anos no Parque Gruta da Onça ao cobrir pedras seculares construídas por escravos com cimento, agora se volta para destruir um histórico pé de Oiti. A árvore foi plantada em 1925, de acordo com cadastro da própria Prefeitura de Vitória (PMV), tendo ficado ao lado do histórico prédio da antiga sede da PMV na Praça Ubaldo Ramalhete Maia, no Centro.
O mesmo pé de Oiti vivenciou o Massacre da Praça do Carmo, ocorrido em 13 de fevereiro de 1930 e que fica no final do mesmo quarteirão onde estava plantado. O tiroteio que resultou no massacre foi promovido pelo então presidente da Província do Espírito Santo, Aristeu Aguiar, que mandou assassinar os então participantes de um comício da Aliança Liberal. O saldo do tiroteio foi de cinco mortos e muitos feridos por baionetas no local. O pé de Oiti destruído por Pazolini foi testemunha desse crime, que teve repercussão nacional.
Sem noção de que o Centro Histórico é repleto de patrimônio histórico, a ordem de cortar o pé de Oiti vem uma semana após o Ministério Público do Espírito Santo (MPES) e o Instituto do Patrimônio Histórico e Natural no Espírito Santo (Iphan-ES) cobrarem explicações do prefeito de Vitória pela destruição de uma trilha de pedras construída há aproximadamente 200 anos, no Parque Municipal Gruta da Onça, também localizado no Centro Histórico de Vitória. O caminho foi construído por escravos e faz parte dos três atrativos daquele parque municipal apontado por arqueólogos.
Amacentro
Através de seu contato com os moradores pela página da Associação dos Moradores do Centro de Vitória (Amacentro) no Facebook, a entidade vem dando informes aos contribuintes e eleitores que residente na área histórica da capital capixaba. “A Amacentro tem buscado com a Prefeitura de Vitória esclarecimentos sobre os motivos que provocaram a retirada da árvore (um antigo Oiti) localizado na calçado ao lado da Praça Ubaldo Ramalhete Maia. A informação que recebemos oficialmente da PMV é a que segue anexa a este post (vide no final deste parágrafo)., inicia o informe da Amacentro.
“A Prefeitura se comprometeu em encaminhar o laudo com parecer técnico que justifica a retirada do Oiti. A administração municipal alega problemas de TI para não ter ainda emitido o documento. Estamos agurdando. A Amacentro faz questão de destacar que é contrária a retirada de árvores dentro do Bairro”, completa a entidade que representa os moradores do Centro de Vitória.
Poda destruidora em 96 anos de existência
Na solicitação de explicações à PMV, feita pelo serviço 156 e com o registro de número 2021.085.325, a Prefeitura chama a destruição de “poda”. “Prezado munícipe, após análise técnica dos exemplares no local foi emitido parecer com indicativo de abertura de área livre e poda de raízes”, disse a PMV através do serviço 156. Até então, em seus 96 anos de existência o Oiti não tinha presenciado uma poda como essa.
Na véspera o mesmo 156 relatou para a Amacentro: “Prezado munícipe, informo que após vistoria técnica ao local foi constatado tratar-se de um exemplar arbóreo com copa densa, além de afloramento radicular (raízes superficiais causando danos ao pavimento) e posteriores danos ao imóvel frontal. Será realizado o serviço de poda de conformação de copa, abertura de área livre (quebra e acerto do pavimento em volta do vegetal para análise das raízes e posteriormente análise para verificar possibilidade de poda do sistema radicular, compatibilizando-o ao espaço físico atual. O serviço referenciado entrará na programação”.