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Após universitários denunciarem comida azeda e com larvas no RU, Ufes suspende contrato com empresa


Mas, a direção da Ufes, apesar de prometer o retorno do fornecimento de alimentação no restaurante universitário a partir do dia 23, não ofereceu solução até esse prazo para a maioria dos estudantes. Apenas prometeu um vale para alunos que são assistidos em programa assistencial, que terão R$ 15,00 para se alimentar


A comida servida no restaurante universitário (RU) de Goiabeiras era azeda e com larvas, segundo estudantes, funcionários e professores. A Ufes anunciou a suspensão do contrato com a empresa que fornecia os marmitex | Vídeo: Redes sociais

A falta de planejamento da direção da Ufes, no retorno precipitado às aulas presenciais e sem que a questão dos restaurantes universitários estivesse sido resolvida, levou os estudantes promoverem um protesto no campus de Goiabeiras, em Vitória (ES), nesta segunda-feira (9). “Ei, Paulo Vargas (o atual reitor da Ufes, come no RU”. Os alunos protestavam contra a má qualidade da comida servida em marmitex, que além de ser ruim, é acusada de ser servida azeda e acompanhada de larvas.

O protesto foi realizado dentro do prédio onde fica a reitoria. Os universitários atenderam a uma convocatória feita pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE), através das redes sociais. Estudantes ocuparam prédio da Reitoria, no Campus Goiabeiras, em protesto contra comida com larvas, marmitas azedas e outras pautas relacionadas à insuficiente política de permanência. Em seguida, dirigiram-se ao R.U., onde estenderam a manifestação.

A comunidade acadêmica atendeu à convocação do DCE (à esquerda) e promoveu protesto na reitoria nesta última segunda-feira | Imagens: DCE/Ufes

Durante o dia, a Administração Central divulgou comunicado sobre a rescisão contratual com a empresa que fornecia os marmitex. Serão destinados R$15 diários de Auxílio Alimentação Emergencial a estudantes que estão em programa de assistência estudantil, até o dia 20 de maio. Os demais que se virem. Almocem lanche na cantira ou saia do campus e vão procurar um restaurante nas redondezas.

Ufes não apresenta soluções para estudantes até o dia 23

Durante o ato, Rebeca, do Centro Acadêmico Livre da Psicologia fez uso da palavra. “Esse contrato com a empresa da marmita está acabando e eles estão oferecendo só auxílio para quem é assistido e quem não é, até contratar a nova empresa vai comer o quê? Meu curso é integral, eu almoço e janto […] tinha que ter café da manhã”, reforçou. A Reitoria comunicou que o fornecimento será normalizado no dia 23 de maio, sem, contudo, apresentar soluções a estudantes que dependem do Restaurante universitário, mesmo sem estarem em programas de assistência.

“É inaceitável que a gestão da Ufes receba seus discentes desta forma, após dois anos de contingências devido ao ensino remoto. É temeroso ver o risco posto à saúde de enorme número de discentes que necessitam se alimentar nos campi. É revoltante ver a precariedade do serviço público avançar a este ponto. O ataque aos serviços públicos por meio das terceirizações de vários setores da universidade escancara suas faces mais cruéis”, disse a Associação dos Docentes da Ufes (Adufes) através de suas redes sociais.

Ufes emite nota após manifestação. Leia na íntegra:

A Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e Cidadania (Proaeci) comunica que foi rescindido o contrato com a empresa fornecedora de marmitas para os Restaurantes Universitários (RUs) dos campi de Goiabeiras e Maruípe. A rescisão ocorreu de modo consensual entre a Administração Central da Ufes e a empresa fornecedora, após relatos de estudantes que encontraram larvas em algumas refeições.

Na tarde desta segunda-feira, o reitor da Ufes, Paulo Vargas, o vice-reitor, Roney Pignaton, o pró-reitor de Assuntos Estudantis e Cidadania, Gustavo Forde, e outros integrantes da Administração Central, comunicaram a decisão de rescisão do contrato de marmitas aos representantes dos estudantes. A reunião foi marcada para discutir o problema surgido nos últimos dias, relacionado a irregularidades encontradas em algumas marmitas.

Reafirmando o compromisso da gestão com a permanência e com a assistência estudantil, a partir desta terça-feira, 10, e até o dia 20 de maio, todos os estudantes destes campi assistidos pelo Programa de Assistência Estudantil (Proaes-Ufes) passam a ter direito de receber um Auxílio Alimentação Emergencial no valor de R$ 15 por dia. A previsão é que a produção própria de refeições seja reiniciada partir do dia 23 de maio nos restaurantes de Goiabeiras, Maruípe e São Mateus, com o retorno do atendimento por meio do sistema prato e bandeja (self-service).

O reitor, Paulo Vargas, reafirmou o compromisso da Ufes com permanência dos estudantes na Universidade e os esforços que a Administração vem fazendo para retomar as atividades dos restaurantes universitários. Ele explicou que os processos de compra de produtos e serviços na Instituição são regidos por normas legais que precisam ser observadas e informou sobre os percalços encontrados nos processos licitatórios decorrentes de não comparecimento de interessados nas licitações, de incapacidade de apresentação de documentos exigidos por parte das empresas e desinteresse de fornecedores devido ao processo inflacionário.

Também informou que a Ufes começou os procedimentos para contratação desde o ano passado, tendo sido finalizados recentemente, o que assegura a retomada da produção própria dos alimentos nos Restaurantes Universitários a partir do dia 23 de maio. Os restaurantes de Alegre e da unidade de Jenônimo Monteiro retomaram a produção nesta segunda-feira.

Diante da manifestação de interesse dos estudantes de continuar recebendo marmita até a retomada do RU em sistema de self-service, foi definido na reunião que a Reitoria envidará esforços para contratar, de forma emergencial, um outro fornecedor de marmitas para os próximos dias, mas sem garantias de viabilidade devido aos prazos exíguos que teriam os fornecedores para prover a quantidade necessária.