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Argentina considera amadorismo do governo Bolsonaro a suspensão de jogo com times em campo

A ação de fiscalização ocorre no momento que os jogadores apresentam o passaporte na alfandega e não depois de dois dias e cinco minutos após ter iniciado o jogo, ensina os argentinos

Momento em que a Anvisa e a PF interrompem o jogo, quando deveriam ter agido no aeroporto dois dias antes | Foto: YouTube

A incompetência e o amadorismo do governo do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) através da amadora interrupção do jogo entre Brasil e Argentina foi motivo de chacota e de revolta no país vizinha. A ação policialesca e sem profissionalismo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) junto com a Polícia Federal do governo Bolsonaro teve resposta imediata do governo argentino, através da diretora nacional de migrações Florencia Carignamo, que ensinou aos amadores brasileiros como se faz: “Todas as pessoas que entram em um país, também os jogadores de futebol, ao apresentar seu passaporte às autoridades migratórias, estas têm as ferramentas para traçar sua proveniência”.

Ou seja, ela ensinou que as ações deveriam ter sido feitas ainda no aeroporto quando a seleção argentina desembarcou em território brasileiro e não fazer o espetáculo grotesco de interromper um jogo depois que as duas equipes já estravam em campo. “Se o Brasil considerasse o país de onde os jogadores argentinos vieram como zona de risco, além do protocolo estabelecido pela FIFA, ele poderia ter agido no momento da entrada em seu território”, completou a responsável pela entrada de cidadãos de todo o mundo dentro do território argentino.

Diretora de Migração da Argentina ensina ao governo Bolsonaro que a ação se dá na hora que o passaporte é apresentado no aeroporto

“Escândalo”

“Um escândalo se desencadeou aos 5 minutos do jogo entre Argentina e Brasil em São Paulo pelas Eliminatórias para a Copa Do Mundo do Qatar 2022. Autoridades de saúde entraram na quadra para levar os quatro Futebolistas da seleção que militam na Premier League. O plantel nacional deixou a quadra, decidiu voltar ao hotel e imediatamente foi ao Aeroporto de Guarulhos para subir ao Charter que os trará de volta ao país”, disse o jornal de direita Clarin, de Buenos Aires.

“Os futebolistas do selecionado argentino Emiliano Martínez, Giovani Lo Celso, Cristian Romero e Emiliano Buendía haviam sido denunciados mais cedo pelo governo brasileiro por aparentemente violar as normas migratórias relacionadas à pandemia de coronavírus. No entanto, uma intervenção da FIFA e da Conmebol conseguiu desvendar o problema e que o jogo se realizasse”, explicou o jornal de esquerda Pagina 12, também de Buenos Aires. O mesmo Pagina 12 reproduziu inúmeros memes que saíram nas redes sociais argentinas debochando da incompetência da Anvisa e da Polícia Federal brasileira.

Veja o momento em que a Anvisa e a PF ocupa os holofotes do jogo para seu espetáculo grotesco | Vídeo: YouTube

De “gripezinha” a “súbita preocupação”

A forma como o presidente Bolsonaro se referiu à pandemia do Covid-19 como sendo uma gripezinha foi amplamente lembrada na imprensa argentina: “De “gripezinha” à suspensão do jogo se referiam os argentinos, para se referir à “súbita ‘preocupação’ dos brasileiros em respeitar as normas sanitárias”. Outros, optaram por zombar “do ‘medo’ que os brasileiros teriam de voltar a enfrentar a Seleção Argentina após a derrota na última Copa América”.

A Federação Internacional de Futebol (Fica) emitiu um curto comunicado sobre a ação espetaculosa do governo Bolsonaro: “A Fifa pode confirmar que, após uma decisão dos oficiais do jogo, a Copa Do Mundo Fifa 2022 eliminatória Brasil vs. Argentina foi suspensa. Mais detalhes se seguirão na devida altura. O jogo interrompido pela Anvisa e pela Polícia Federal faz parte das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2022, do Catar.

Nota oficial da Associação de Futebol Argentina:

La Asociación del Fútbol Argentino expresa su profundo malestar por la suspensión del encuentro entre la Selección Argentina y la Selección de Brasil en San Pablo.

Al igual que la CBF, la AFA se encuentra sorprendida por el accionar de Anvisa una vez iniciado el partido. Cabe señalar que la Delegación Albiceleste se encontraba en territorio brasileño desde el día 3 de septiembre a las 8 am cumpliendo con todos los protocolos sanitarios vigentes regulados por la Conmebol para el normal desarrollo de las Eliminatorias rumbo a Qatar 2022.

Tras el informe de los oficiales de Conmebol y del árbitro del encuentro, los antecedentes serán remitidos al órgano competente de FIFA de conformidad con la reglamentación vigente.

El fútbol no debe vivir esta clase de episodios que atentan contra el espíritu deportivo de una competencia tan importante.

Tradução da nota da confederação argentina:

A associação do futebol Argentino expressa seu profundo desconforto pela suspensão do encontro entre a seleção Argentina e a seleção do Brasil em São Paulo.

Como a CBF, a AFA se encontra surpreendida pelo accionar de Anvisa uma vez iniciado o jogo. Deve-se notar que a delegação Albiceleste se encontrava em território brasileiro desde o dia 3 de setembro às 8h cumprindo com todos os protocolos sanitários vigentes regulados pela Conmebol para o normal desenvolvimento das Eliminatórias rumo ao Qatar 2022.

Após o relatório dos oficiais da Conmebol e do árbitro do encontro, os antecedentes serão encaminhados ao órgão competente da FIFA de acordo com a regulamentação vigente.

O futebol não deve viver este tipo de episódios que atentam contra o Espírito Desportivo de uma competição tão importante.

Nota oficial da CBF:

Nota oficial – suspensão da partida entre Brasil e Argentina

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) lamenta profundamente os fatos ocorridos e que acabaram por provocar a suspensão da partida entre Brasil e Argentina, válida pelas Eliminatórias da Copa do Mundo FIFA Catar 2022.

A CBF defende a implementação dos mais rigorosos protocolos sanitários e os cumpre na sua integralidade. Porém ressalta que ficou absolutamente surpresa com o momento em que a ação da Agência Nacional da Vigilância Sanitária ocorreu, com a partida já tendo sido iniciada, visto que a Anvisa poderia ter exercido sua atividade de forma muito mais adequada nos vários momentos e dias anteriores ao jogo.

A CBF destaca ainda que em nenhum momento, por meio do Presidente interino, Ednaldo Rodrigues, ou de seus dirigentes, interferiu em qualquer ponto relativo ao protocolo sanitário estabelecido pelas autoridades brasileiras para a entrada de pessoas no país. O papel da CBF foi sempre na tentativa de promover o entendimento entre as entidades envolvidas para que os protocolos sanitários pudessem ser cumpridos a contento e o jogo fosse realizado.

A CBF reitera sua decepção com os acontecimentos e aguarda a decisão da CONMEBOL e da FIFA em relação à partida.

Nota oficial da Anvisa:

Esclarecimento: suspensão do jogo Brasil x Argentina

A ação da Anvisa, em síntese, restringiu-se a buscar o cumprimento das leis brasileiras, o que se limitaria à segregação dos jogadores e às suas respectivas autuações.

Publicado em 05/09/2021 19h05 Atualizado em 05/09/2021 22h04

Desde a tarde deste sábado (4/9), a Anvisa, em reunião ocorrida com a participação de representantes da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e da delegação argentina, recomendou a quarentena de quatro jogadores argentinos, ante a confirmação de que os jogadores prestaram informações falsas e descumpriram, inequivocamente, a Portaria Interministerial 655, de 2021, a qual estabelece que viajantes estrangeiros que tenham passagem, nos últimos 14 dias, pelo Reino Unido, África do Sul, Irlanda do Norte e Índia estão impedidos de ingressar no Brasil.   

Na manhã deste domingo (5/9), a Agência acionou a Polícia Federal a fim de que as providências no âmbito da autoridade policial fossem adotadas de imediato.

No exercício de sua missão legal, a Anvisa perseguiu, desde o primeiro momento, o cumprimento à legislação brasileira, que, nesse caso, se restringia à segregação dos quatro jogadores envolvidos e à adoção das medidas sanitárias correspondentes.

Desde o instante em que tomou conhecimento da situação irregular dos jogadores, no mesmo dia da chegada da delegação, a Agência comunicou o fato às autoridades brasileiras de saúde, por meio do Cievs, o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde.

Por força dessa comunicação, ainda na tarde de sábado (4/9), ocorreu a reunião já referida envolvendo o Ministério da Saúde, a Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, representantes da Conmebol, da CBF e da delegação argentina. Durante essa reunião, a Anvisa, em conjunto com a autoridade de saúde local, determinou a quarentena dos jogadores.

Cabe esclarecer que os jogadores entraram no Brasil às 8h de sexta-feira (3/9), prestando informações falsas. Neste mesmo dia, a Anvisa identificou que as informações eram falsas e, ainda na noite de 3/9, notificou o Cievs, atualizando as autoridades de saúde (Ministério da Saúde e Secretaria de Saúde de São Paulo). 

Neste sábado (4/9), às 17h, foi realizada uma reunião com as instituições envolvidas, na qual a Agência e a autoridade de saúde de São Paulo informaram a contingência de quarentena. No entanto, mesmo depois da reunião e da comunicação das autoridades, os jogadores participaram de treinamento na noite do sábado.

Na manhã deste domingo (5/9), a Anvisa notificou a Polícia Federal e, até a hora do início do jogo, esforçou-se, com apoio policial, para fazer cumprir a medida de quarentena imposta aos jogadores, sua segregação imediata e sua condução ao recinto aeroportuário. As tentativas foram frustradas, desde a saída da delegação do hotel, e mesmo em tempo considerável antes do início do jogo, quando a Agência teve sua atuação protelada já nas instalações da arena de Itaquera. 

A ação da Anvisa, em síntese, restringiu-se a buscar o cumprimento das leis brasileiras, o que se limitaria à segregação dos jogadores e às suas respectivas autuações.

A decisão de interromper o jogo nunca esteve, nesse caso, na alçada de atuação da Agência. Contudo, a escalação de jogadores que descumpriram as leis brasileiras e as normas sanitárias do país, e que ainda prestaram informações falsas às autoridades, isso sim exigiu a atuação da Agência de Estado a tempo e a modo, ou seja, de maneira tempestiva e efetiva.

Notificação dos jogadores

Houve tentativa de notificação aos jogadores, que se recusaram a assinar a notificação entregue pelas autoridades presentes no estádio para retorno imediato ao seu país de origem, com base na Portaria Interministerial 655/2021 e no art. 11 da Lei 6.437/1977. Os termos foram entregues à Polícia Federal para as providências cabíveis.

Infração sanitária

O enquadramento das irregularidades de omissão de dados no preenchimento da Declaração de Saúde do Viajante (DSV) e o descumprimento da quarentena sujeitam ao Auto de Infração Sanitária (AIS) individual cada atleta que descumpriu a legislação: Portaria 655/2021, RDC 21/2008 e RDC 456/2021.

Categoria

Saúde e Vigilância Sanitária