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Ataque de Bolsonaro à China preocupa o Butantan, que depende do IFA chinês para produzir CoronaVac

As novas agressões de Bolsonaro à China podem afetar a importação do IFA daquele país, segundo o Butantan | Foto: Governo de SP

O Instituto Butantan paralisou a produção da vacina CoroaVac por falta do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) e agora o laboratório teme por nova represália do governo chinês após novas acusações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que voltou a dizer que “o coronavírus é parte de uma ‘guerra biológica’ chinesa e que ‘os militares sabem disso’”. Com o último esto do IFA o Butantan e entregou nesta quarta-feira um milhão de doses da Coronavac ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) e anunciou para a próxima semana a entrega de mais 3 milhões de doses, sendo 2 milhões na segunda-feira e 1 milhão na quarta-feira.

Após os ataques insanos de Bolsonaro, o presidente do B utantan, Dimas Covas disse existe uma previsão de redução deste volume de IFA, que inicialmente era de 6 mil litros e agora é de 2 mil litros. “Nós dependemos da chegada desta matéria-prima o quanto antes para regularizar a entrega ao ministério. Tanto o Butantan quanto a Sinovac têm capacidade de processar maior volume de vacinas”, explicou. Com as mudanças, a previsão da nova data para recebimento do novo carragemento IFA é 13 de maio.

Mais de 25 mil pessoas com idade acima de 65 anos ainda não tomaram a segunda dose da vacina CoronaVac e que residem em 30 dos 78 municípios do Espírito Santo, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde. A estupidez de Bolsonaro pode afetar essas pessoas, que poderão ficar sem a segunda dose, uma vez que quantidade entregue ao PNI, além das que serão enviadas na semana que vem, não são suficientes para atender os 5.570 municípios brasileiros, incluindo, segundo o IBGE, o Distrito Federal e a Ilha de Fernando de Noronha.

“Não foi a China”

Durante a coletiva a imprensa, o presidente do Butantan reforçou que o novo coronavírus não foi produzido na China e não faz parte de uma guerra biológica: “A Organização Mundial da Saúde fez uma auditoria em Wuhan e deixou claras as condições de surgimento deste vírus. O relatório foi disponibilizado para o mundo. A China fez o que o Brasil não fez, conseguiu controlar a epidemia”.

Na semana passada, o Butantan finalizou os envios do primeiro contrato, de 46 milhões de doses. Agora o lote atual representa a entrega de 54 milhões de doses ao PNI, objeto do segundo contrato com o Ministério da Saúde, e que será integralizado até o final do mês de agosto. Em janeiro, o Butantan entregouao PNI 8,7 milhões de doses da vacina; em fevereiro, 4,8 milhões; em março, foram 22,7 milhões; em abril, 5,8 milhões, finalizando o primeiro contrato. Em maio, até o momento, foram 1 milhão de doses enviadas.

Senado

A declaração dada nesta quarta-feira (5) pelo presidente Jair Bolsonaro, insinuando que a pandemia de coronavírus seria parte de uma “guerra biológica” chinesa  e que “os militares sabem disso”, teve forte repercussão na audiência da Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado com o chanceler Carlos França, nesta quinta-feira (6). As informações são da Agência Senado.

A presidente da CRE, Kátia Abreu (PP-TO), considerou a fala de Bolsonaro uma “acusação muito grave” e disse que “nem dormiu direito” por temer algum tipo de retaliação do governo chinês. A principal preocupação da senadora é que a grande exportação de setores de nossa economia para a China, especialmente o agronegócio, possa ser prejudicada.

Maior parceiro comercial

Kátia revelou que desde que o presidente fez essas declarações, ela foi procurada por centenas de grandes exportadores brasileiros para a China, que mandaram mensagens e fizeram ligações telefônicas, preocupados com as consequências da fala de Bolsonaro. A senadora acrescentou que se em 2020 o Brasil teve um superavit na balança comercial que superou U$ 50 bilhões, foi graças à China.

“Sem as compras chinesas, o superavit teria sido de U$ 18 bilhões. A China é nosso maior parceiro comercial desde 2009, e o Brasil precisa entender que o crescimento deles nos favorece. Se a China crescer 5% por ano nos próximos 10 anos, o aumento de nossas exportações será ainda mais exponencial”, disse a senadora.

Na resposta à senadora, o ministro das Relações Exteriores concordou com o diagnóstico de Kátia de que o crescimento chinês favorece o Brasil. França revelou ainda que conversou nesta quarta-feira (5) com o presidente Bolsonaro, que lhe garantiu que “nossas relações com a China devem continuar sendo as melhores” e que não teria se referido especificamente ao país quando mencionou a “guerra biológica”.

O ministro reforçou que o Brasil não tem “nenhum problema político com a China” e disse que conversou nesta quinta com o embaixador brasileiro em Pequim, Paulo Estivallet. “O diplomata Estivallet me deu excelentes notícias: 80% dos insumos farmacêuticos (IFAs) fabricados pela China são enviados ao Brasil. Em contato que teve com autoridades chinesas hoje, Estivallet me comunicou que eles continuarão priorizando nosso país”, disse França.