Vereador bolsonarista usou a Polícia Militar e a Guarda Municipal como se fossem capangas de proteção pessoal, para realizar ato político-ideológico bolsonarista violento no Centro Histórico de Vitória (ES). “Não precisamos de um político desfilando com forças de segurança em ano eleitoral, nem mesmo de ameaças e afrontas”, diz a Amacentro
O uso da Guarda Municipal de Vitória (ES) e da Polícia Militar do Espírito Santo (PMES) para atacar o Bar da Zilda, reduto do samba, da esquerda e do movimento LGBTI+, como se os policiais fossem capangas particulares do vereador bolsonarista e fascista Gilvan Aguiar Costa (PL) ainda gera debates calorosos no Centro Histórico de Vitória neste feriadão prolongado. O vereador chegou acompanhado da Guarda Municipal e da PM no dia 4 deste mês, um sábado, com o intuito de aterrorizar o Centro, que é oposição aos bolsonarista e ao atual prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos).
No ato de terror, iniciado pelo Bar da Zilda, local onde surgiu a inspiração dos melhores sambas enredos das escolas de samba capixaba, o vereador de extrema-direita chegou ofendendo aos berros quem estava no interior do estabelecimento e mandando os seus ”capangas” agirem (Guarda e PM).Após o desrespeito com nos clientes, a troupe bolsonarista saiu com o intuito de promover o terror em plena Rua Sete, jogando a esmo bombas de gás de pimenta, da esquina do Bar da Zilda até a esquina com a Praça Costa Pereira. O intuito era “espantar” quem estava na Rua Sete ou aterrorizar quem não gosta dos bolsonarista.
Centro de Vitória vê omissão do Ministério Público
O Ministério Público do Espírito Santo (MPES) já recebeu inúmeras denúncias de ataques homofôbicos contra o cidadão Gilvan, uma espécie de ave de arribação proveniente de outro Estado e que não conhece nem a história de Vitória (ele chama o Centro Histórico de Vitória, a terceira capital mais antiga do Brasil de periferia), mas até agora o MPES não conseguiu incriminar criminalmente o vereador. Ele é um contumaz atacante de mulheres, como faz rotineiramente com as vereadoras Karla Coser (PT) e Camila Valadão (PSOL) e de professoras (ele chegou invadir uma escola para agredir verbalmente uma educadora).
A ausência de uma posição rígida do MPES vem sendo cobrada por moradores do Centro Histórico de Vitória. Alguns moradores estão lançando um desafio e questionam se o Gilvan é macho de verdade para subir os morros de Vitória ou só vai se for acompanhado dos “capangas”. Numa dessas mensagens no WhatsApp é feito um convite para subir os morros de Vitória para receber “uma recepção calorosa”. E é dito: Se você tiver vergonha na cara, não suba nenhum morro da Grande Vitória, Gilvan, principalmente o Território do Bem”.
Nota de Repúdio da Associação de Moradores
A PM já foi ouvida sobre a sua atuação político-partidária e desvio de função. Na ocasião, em nota, a PM disse que foi solicitada “para uma ação de fiscalização da Prefeitura de Vitória”. Neste feriadão prolongado, a Associação dos Moradores do Centro de Vitória (Amacentro) publicou nas redes sociais uma Nota de Repúdio, onde repudia ações antidemocráticas e destaca a luta por um Centro democrático e republicano.
No desenrolar da nota foi feito um paralelo entre o que foi classificado em um exemplo que ocorreu neste último feriado de Corpus Christi (16), com a realização simultânea de duas festas religiosas e de credos diferentes no Centro Histórico de Vitória. “Na Catedral Metropolitana, a confecção de tapetes e a procissão de Corpus Christi e na Avenida Princesa Isabel show gospel e pregação de pastores e pastoras em comemoração à reabertura da Igreja neopentecostal Cidade Mundial”, inicia a nota de repúdio.
“Por que a Amacentro traz esse texto? Para mostrar que as pessoas podem e devem conviver pacificamente com todos os credos, raças, orientação sexual e todo o tipo de diversidade, pois moramos num espaço coletivo. E é esta atitude republicana e democrática que falta em alguns vereadores da nossa Capital, entre eles o vereador Gilvan da Federal. Recentemente, mais precisamente na noite de sábado (4 de junho), o vereador com o pretexto de ‘fiscalizar’, tentou intimidar os frequentadores da conhecida vida cultura e boêmia do Centro, acusando-os e xingando-os de baderneiros, drogados, vagabundos e também ameaçou a prender uma jovem”.
Continuando na nota, a Amacentro disse: “Além disso, o referido vereador foi a tribuna da Câmara para dizer que o Centro Histórico é um ‘inferno’. Achamos simbólico, mas não coincidência, que a data e um dos locais escolhidos para proclamar suas bravatas e preconceitos, em 4 de junho, tenham coincidido com o dia e local que o Círculo Palmarino realizou uma atividade em referência à cultura Bantu no Espírito Santo. Esta conduta demonstra um total desconhecimento e falta de respeito com a cultura secular do Bairro Centro. Também insulta os atuais moradores e moradoras, assim coimo todos e todas que possuem suas raízes históricas oriundas desse lugar cuja memória é pautada na luta de mulheres como Maria Ortiz, Luiza Grinalda, dona Maria Saraiva,.dona Zilda, que foram e são referências de cultura popular e resistência para toda a cidade de Vitória”.
E finaliza com o seguinte questionamento: “É fundamental e necessário refletirmos sobre quais são os projetos de políticas apresentados ou apoiados por Gilvan para a juventude, fomento à cultura, preservação do nosso patrimônio histórico e cultural. Assim entenderemos qual é a sua verdadeira intenção ao realizar estas atuações teatrais em que o vereador tenta, sem muita proficiência, interpretar o papel de um xerife, realizando ataques apenas aos locais onde não se cultivam suas ideologias ultraconservadoras e antipopulares”.
Movimento LGBTI+ repudiou o ataque medieval na ocasião
Logo após os ataques fascistas ao Centro de Vitória pelo vereador bolsonarista, acompanhado da PM e da Guarda Municipal, os segmento LGBTI+ demonstrou sua revolta. A Coordenadora de Ações e Projetos da Grupo, Orgulho, Liberdade e Dignidade, (Gold), Deborah Sabará, cuja sede fica no Centro de Vitória fez protestos e lembrou da revolta que ocorreu no início da madrugada do dia 28 de junho de 1969 no Bar Stonewall, em Nova York. O movimento naquela noite naquela cidade americana foi o embrião do movimento internacional do Orgulho Gay. A data é comemorada em todo o mundo no dia 28 de junho.
“Em 2022, no Estado do Espírito Santo, a história se repete. Um vereador Lgbtifóbico vai com a Polícia (guarda municipal) em busca de reprimir a população LGBTIQA+ no Bar “Subúrbio” no Centro da Capital , Vitória, local frequentado em sua maioria (por) moradores dos subúrdios”, disse Sabará na sua conta no Instragam. “Não podemos nos calar. Tentaram calar a Unidos da Piedade e sua bateria. Agora, os atacantes misóginos (atacam) a companheira Zilda e junto (o) subúrbio. Não irei ficar calada. Irei lutar pela memória de todas as pessoas que lutaram pelos direitos LGBTQIA+”., completou.