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Ativistas protestam em Glasgow contra bancos que financiam o poluente setor do petróleo

Nesta quinta-feira a pauta da COP26 visa debater soluções para a transição de energia limpa até 2050, seguindo orientações da ciência para poder alcançar a meta de emissões líquidas zero

Orientações baseadas na ciência visam alcançar emissões líquidas zero até 2050 | Foto: Shim Youngbo/ONU

Nesta última quarta-feira (3) a cidade escocesa de Glasgow, onde ocorre a 26ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP26, viveu um dia de intensos protestos promovido por ativistas. O quarto dia da conferência internacional foi dedicado ao “Dia das Finanças”. Um dos principais alvos foi o J.P. Morgan Bank, o maior financiador da indústria petroleira do mundo. A marcha também passou na frente do Banco da Escócia. Os bancos apoiam financeiramente as maiores empresas poluidoras do planeta. As ruas ficaram repletas de policiais.

De acordo com informações divulgadas pela ONU, a promotora da COP26, no “Dia das Finanças” as atenções foram para o anúncio de US$ 130 trilhões para alinhamento da Aliança Financeira de Glasgow para Zero Emissões Líquidas, Gfanz, na sigla em inglês, com metas do Acordo de Paris. As promessas feitas pelo grupo de cerca de 500 empresas de serviços financeiros globais, correspondendo a cerca 40% dos ativos financeiros mundiais, incluem a limitação do aquecimento global em 1,5ºC.

Protestos em Glasgow contra bancos que financiam setores poluentes marcaram o quarto dia da COP26 | Vídeo: Telegram

Pauta desta quinta-feira

Nesta quinta-feira (4), as discussões da conferência darão foco para iniciativas de aceleração na transição global para energia limpa. A ONU News conversou com enviado especial das Nações Unidas para Ação Climática e Finanças na sequência da reunião com executivos do grupo que atua na mudança climática. Entre os integrantes estão banqueiros, seguradoras e investidores. Mark Carney disse aos delegados do evento financeiro que a mensagem central é que o dinheiro existe para a transição e que isso “não é blá blá blá”.

O também ex-governador do Banco da Inglaterra considera as emissões líquidas zero como “infraestrutura crítica do novo sistema financeiro”, como uma questão de foco no cliente, indo até onde as emissões ocorrem para ajudar a reduzi-las. Ele explicou que as empresas que têm planos para reduzir as emissões vão encontrar financiamento, ao contrário daquelas que não vão. Ele declarou que é altamente recomendável colocar esses planos em prática.

Para alcançar o compromisso há diretrizes para as empresas envolvidas, incluindo a maioria dos principais bancos ocidentais. As orientações são baseadas na ciência e “visam alcançar emissões líquidas zero até 2050, ao compromisso com metas provisórias para uma redução de 50% até 2030, e até mesmo 25%% nos próximos cinco anos”.

Para tal haverá que ajustar modelos de negócios, desenvolver planos confiáveis ​​para a transição e, em seguida, implementá-los. Carney destacou que haverá acompanhamento “sobre quem está indo bem, quem precisa fazer melhor e em termos de política, o que existe ou não no local.”. A Aliança destaca que o financiamento privado pode ajudar a impulsionar iniciativas desse setor e transformar bilhões já prometidos em investimento climático, por meio de canais públicos, em trilhões.

Mas compromissos ambiciosos, colaborativos e ações de curto prazo em todo o sistema financeiro serão necessários para desbloquear a mudança sistêmica. Carney destacou que até hoje “não havia dinheiro suficiente no mundo para financiar a transição e este é um divisor de águas”. A secretária executiva da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, Unfccc, Patrícia Espinosa, disse não haver dúvida de que uma transformação profunda da economia mundial e o setor privado deve fazer parte da transição.

Para ela, trata-se de uma área que “está percebendo que os riscos climáticos são muito importantes para seus portfólios e precisam ser alinhados a uma forma mais sustentável de fazer as coisas”. A diretora-geral do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, Inger Andersen, acrescenta que a nova aliança com o setor privado é “uma causa absolutamente essencial”.

Ela lembrou dados do Relatório de Lacunas de Emissões revelando que 500 gigatoneladas de emissões de CO2, a serem alcançadas com os atuais planos nacionais de redução de emissões.

Metas

Extraídas 4 gigatoneladas desse total de emissões, mas contando com os atuais 55 por ano, isso não se ajusta ao ideal. Deste modo existem “algumas oportunidades reais para o setor financeiro”, por ser necessário se distanciar do carvão, petróleo e gás. O presidente da COP26, Alok Sharma, saudou as notícias de cobertura em 90% da economia mundial por uma meta de neutralização de carbono. Apenas 30% desse total foram prometidos no início de 2020.

Ele lamentou que seja “altamente improvável” que se cumpra a meta de US$ 100 bilhões em 2021. No entanto, mencionou análise de doadores mostra que os países desenvolvidos farão uma participação significativa em direção à meta de US$ 100 bilhões em 2022. por estas razões, Sharma disse crer que também haja confiança de um cumprimento em 2023.

Parceria

Patrícia Espinosa enfatizou que alguns avanços foram feitos para ajudar os países em desenvolvimento a obterem os trilhões de dólares prometidos para apoiar a neutralização de carbono. Os Estados Unidos juntaram-se numa parceria com a Grã-Bretanha, França, Alemanha e União Europeia para apoiar a África do Sul no financiamento da transição igualitária do carvão em uma iniciativa avaliada em 8,5 bilhões.

Japão e Austrália também fizeram promessas de dobrar seu financiamento de adaptação. Estados Unidos, Suíça e Canadá também anunciaram um auxílio de forma significativa com fundos para a adaptação. Os países também se comprometeram a canalizar US$ 12 bilhões para o financiamento climático relacionado com as florestas entre 2021-2025. Espinosa espera que a meta de 100 bilhões talvez seja atingida em 2022, com novos compromissos a ser assumidos pela Espanha, Irlanda, Luxemburgo, até o final desta conferência.