Um áudio atribuído à ex-vereadora e candidata derrotada à Prefeitura de Vitória (PMV) pelo PSDB, Neuzinha Oliveira, que passou a ocupar a Secretaria Municipal de Cidadania, Direitos Humanos e Trabalho na atual gestão do delegado da Polícia Civil licenciado, Lorenzo Pasolini (Republicanos) causou revolta nas redes sociais. É um telefonema da atual integrante da gestão conservadora de Vitória para uma merendeira, onde ela tenta persuadir para ajudar a cativar a opinião pública à favor do retorno das aulas presenciais em plena pandemia do Covid-19.
Em vários grupos de WhatsApp onde há ntelectuais, professores, servidores públicos, a candidata derrotada à PMV foi duramente criticada. Foi chamada de “Bozonazi”, além de ter sido questionada se alguma vez trabalhou na vida, já que ela sempre conseguiu se reeleger como vereadora da capital. Outros questionaram se ela sabe diferenciar “assistência” de assistencialismo. Os professores alertaram que as merendeiras foram convocadas para trabalhar desde a última quinta-feira (6) e ir preparando as cozinhas, já que os alimentos chegam no decorrer da próxima semana.
Áudio
No áudio atribuído à secretária do prefeito Pasolini, é dito que a estratégia da atual gestão municipal é conquistar os corações e mentes dos munícipes, a favor do retorno às aulas presenciais.
“Retornando agora as aulas a gente precisa que nos ajude a colocar na cabeça de população que as aulas tem que retornar. Porque aí volta o serviço das merendeiras e volta o serviço de todo mundo. Os professores não querem voltar porque eles são concursados e o salário está na conta, né? Eles dando aula ou não, o salário está na conta. Então você precisa motivar a comunidade e dizer que quer o retorno às aulas. Aí todas as merendeiras voltam a trabalhar e volta tudo ao normal. Entendeu? Beijos. Obrigada”.
A estratégia do retorno às aulas presenciais tem o interesse direto dos empresários do setor de ensino, que estão vendo o seu lucro despencar com a suspensão das aulas. Tanto que em um vídeo divulgado nas redes sociais pelo próprio prefeito no inicio desta semana, anunciando a volta às aulas presenciais nesta segunda-feira (10), tinha ao seu lado o dirigente do sindicato empresarial dos donos de escolas particulares e nenhum representante do magistério municipal.
Críticas
Uma das maiores autoridades nacionais em epidemologia do Brasil é a professora Ufes, Ethel Maciel, que nesta semana postou nas redes sociais a sua preocupação com a volta às aulas presenciais. “No meu Estado as aulas acabam de ser liberadas para o retorno presencial no ensino fundamental. A justificativa é que as crianças até 10 anos correspondem a ‘somente’ 1,32% dos casos de Covid-19. Uma completa invisibilização de trabalhadores”.
Em outra postagem, Maciel disse: “Sem melhorias nas estruturas, sem máscaras filtrantes e com percentual ínfimo de vacinados. Há uma justificativa de que o fechamento das escolas está causando atraso escolar. Correção: O que está causando o atraso escolar é a pandemia e não o fechamento da escola. Este salva vidas”.
O maior problema apontado por especialistas é que as crianças, mesmo contaminadas pelo Covid-19, não apresentam sintomas, mas repassa o vírus para seus familiares. E ainda é feito o alerta que o Brasil será atingido pela terceira onda do novo coronavirus, que será muito mais contagiosa e mortal.