Mais de três meses após o Sindicato dos Bancários do Espírito Santo (Sindibancários) ter apresentado a direção do Banestes um conjunto de reivindicações para os seus funcionários, o banco administrado pelo governo Casagrande, ainda não deu uma resposta. Três meses e meio após a reunião, a direção do Banestes segue em silêncio, diz o Sindibancários.
“Não é razoável que o banco leve todo esse tempo para analisar questões tão urgentes para os banestianos. Uma das questões centrais dessa pauta, em outubro, já era a Banescaixa. A pandemia não acabou. Ao contrário, enfrentamos uma nova onda da doença com a variante Ômicron, além do vírus da gripe”, diz o diretor do Sindicato dos Bancários-ES Jonas Freire.]
O dirigente reforça que é preciso discutir uma série de demandas em relação ao plano de saúde. Desde 2019 foi criado um Grupo de Trabalho (GT) com a missão de negociar uma proposta de custeio mais sustentável para a Banescaixa, mas as tratativas não avançaram.
Jonas diz que diante da omissão do Banestes em discutir a Banescaixa e outras pautas, o Sindicato vem cobrando formalmente um posicionamento da direção do banco. O Sindicato enviou à Gerência de Recursos Humanos do Banestes um ofício no dia 4 de novembro cobrando uma resposta do banco sobre as reivindicações. Nesta segunda-feira, 31, o Sindicato enviou novo ofício reiterando a cobrança.
“É importante lembrar à direção do Banestes que a devolutiva ao Sindicato não é facultativa. O Acordo Coletivo de Trabalho [ACT], cujo Banestes é signatário, prevê a negociação permanente dessas e de outras pautas, inclusive da Banescaixa. Não podemos aceitar que o banco se valha da estratégia da omissão, fugindo da raia. Ao ignorar a demanda do Sindicato, a direção do Banestes está na verdade desrespeitando um direito legal de milhares de funcionários e funcionárias da ativa e aposentados”, adverte Jonas.
Pautas desatualizadas
O lapso de mais de três meses de uma devolutiva gerou novas pautas. “É tanto tempo que as pautas vão ficando desatualizadas e outras demandas vão surgindo pelo meio do caminho”. O dirigente cita o caso da Banescaixa e da crise sanitária, questões que estão relacionadas. Em outubro, recorda Jonas, o Espírito Santo tinha média móvel (14 dias) de 640 casos e 12 mortes. Dados atualizados em 30 de janeiro apontam que a média móvel saltou para quase 15 mil casos e a de mortes para 40. “São mais de 23 vezes o número de casos que tínhamos registrados na ocasião da reunião. Enquanto as mortes se multiplicaram por quatro”.
Jonas afirma que a explosão de casos da nova variante ômicron no Espírito Santo se reflete na categoria bancária, sobretudo no Banestes – banco com a maior rede física de agências. Levantamento da Secretaria de Saúde e Condições de Trabalho do Sindicato aponta que somente em janeiro (até 27), o Banestes registrou 109 casos de Covid entre os funcionários. A marca deixa o banco estadual atrás apenas da Caixa, que contabilizou 114 casos de Covid no mesmo período. “A crise sanitária segue fazendo vítimas e adoecendo os banestianos, mas a direção do banco não parece entender a urgência da pauta. Precisamos discutir o aumento dos casos de Covid, o home office e os protocolos sanitários”, cobra o sindicalista.
Banestes altera comissões
Sem dialogar com o Sindicato, o Banestes decidiu alterar a comissão de gerente de relacionamento das agências empresariais. Segundo Jonas, como não houve diálogo, o Sindicato ficou sem entender os critérios usados pelo banco para alterar a comissão de um grupo específico de gerentes e deixar os outros a ver navios.
“O Sindicato é representante legítimo dos bancários e das bancárias do Banestes. Queremos explicações sobre o reajuste das comissões para entender o que está sendo considerado nessa decisão do Banestes. Após analisarmos com a nossa assessoria jurídica, se for o caso, reivindicaremos o direito ao reajuste da comissão aos outros gerentes”.
Jonas reafirma que o acesso à informação é uma das prerrogativas do Sindicato que a direção do Banestes está obstruindo ao fechar o diálogo nas mesas de negociação. “Reiteramos aos banestianos e às banestianas que continuaremos exigindo o cumprimento das cláusulas do ACT que preveem a negociação permanente”, ressalta Jonas.