A base federal instalada há duas semanas na aldeia Palimiú, na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, foi alvo de atentado na madrugada desta quinta-feira (23). Criminosos armados furaram o bloqueio montado no rio Uraricoera e atiraram contra agentes do Ibama que haviam abordado uma das embarcações. Os fiscais revidaram. No tiroteio, um dos garimpeiros ficou ferido. Ele foi detido pela Polícia Federal (PF) por atacar servidores públicos e estava internado até a noite desta quinta.
Os criminosos desciam o rio em sete “voadeiras” de 12 metros carregadas de cassiterita. O carregamento de minério roubado da terra indígena foi identificado por drones operados pelo Ibama. Após o ataque, os criminosos fugiram.
A segurança da base de controle, instalada no último dia 7, é realizada por agentes da Força Nacional de Segurança Pública, da Polícia Rodoviária Federal e do Ibama.
O objetivo principal da base é impedir a entrada de barcos com suprimentos e equipamentos para garimpos no território Yanomami. Desde a instalação de uma barreira física com cabos de aço, no último dia 20, nenhum barco carregado seguiu em direção aos garimpos.
“Foi um ataque criminoso programado. Todos aqueles que tentarem furar o bloqueio serão presos. Acabar com o garimpo ilegal é uma determinação do presidente Lula”, disse o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho. O Ibama pediu à PF reforço da segurança na base.
Flávio Dino anuncia intensificação das ações no Território Yanomami
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, e o ministro da Defesa, José Múcio, reuniram-se nesta última quinta-feira (23) para definir as novas ações da Operaçao Yanomani, que visa o desmonte da estrutura do garimpo ilegal e a expulsão de garimpeiros do território indígena, localizado em Roraima.
Anteriormente previsto para 6 de maio, o novo fechamento do espaço aéreo será antecipado para 6 de abril. Conforme os ministros, ainda ocorrem voos ilegais, embora o número tenha caído de 30 para cerca de dois por dia. Outra redução drástica foi a do número de garimpeiros: os antes 15 mil estimados agora não chegam a mil.
Alvos
A intensificação das ações objetiva zerar os números e pôr fim aos crimes: “Identificamos áreas onde há apoio a essas operações ilegais, e esses serão alvos de operações nos próximos dias, de modo que nós estamos atualizando o planejamento. O que estamos afirmando é que Defesa e Justiça, em conjunto, vão ampliar essas ações agora em março e, com certeza, até essa data programada – 6 de abril – nós teremos o fim dessa atividade ilegal”, afirmou o ministro Flávio Dino.
Além de desestruturar os garimpos, a operação efetuou prisões de envolvidos em empresas clandestinas, identificou mais criminosos e avançou no mapeamento sobre o destino do ouro ilegal, o que deve ser ampliado na próxima etapa: “A fase um, que era a fase de persuasão, foi cumprida, nós demos um tempo. Como há ainda duas ou três áreas em que as pessoas estão insistindo, nós vamos, nesta nova fase, fechar o tráfego aéreo e efetuar prisões e apreensões”, ressaltou Dino.
Balanço da Operação Yanomami
Na semana passada, foram apresentados os primeiros dados da Operação Yanomami. Entre eles, está a inutilização de mais de 11 toneladas de cassiterita – óxido que constitui o principal minério de estanho – 37 balsas, duas aeronaves, uma embarcação e cinco motores utilizados por garimpeiros, além de três barracas.
A Operação da Polícia Federal também apreendeu duas máquinas de extração de cassiterita, quatro embarcações, oito motores, 1.150 litros de gasolina, meia tonelada de alimentos e itens como celulares, baterias e motosserra.