fbpx
Início > Biólogo ensina o que é meio ambiente para Rigoni, um político que é secretário de Meio Ambiente

Biólogo ensina o que é meio ambiente para Rigoni, um político que é secretário de Meio Ambiente


A exposição, feita pelo biólogo e Mestre em Ecologia e Recursos Naturais, Walter Có, foi na última quarta-feira (30) durante a Audiência Pública que discutiu a concessão, na realidade uma privatização por 35 anos de seis Unidades de Conservação, os parques públicos estaduais. O biológico destruiu o projeto de privatização do Governo Renato Casagrande. A íntegra está no vídeo desta matéria


Biólogo ensina o que é meio ambiente para Rigoni, um político de carreira, com formação em Engenharia e que é secretário de Meio Ambiente do Governo Casagrande, do PSB | Vídeo: Regional Capixaba do @coletivojuntos

Discípulo da Fundação Leman, entidade que forma lideranças para transformar o Brasil em um país neoliberal, o presidente regional do União Brasil no Espírito Santo e ocupante do cargo comissionado de secretário de Estado do Meio Ambiente do Governo Casagrande, Felipe Rigoni Lopes, ficou acuado diante do público presente na Audiência Pública, que debatia o equívoco de sua proposta de promover a concessão de seis unidades de conservação. Inclusive teve de ouvir das deputadas estaduais Iriny Lopes (PT) e Camila Valadão (PSOL) que o termo correto não é concessão, mas sim privatização pelo tempo de 35 anos.

Um dos momentos mais marcantes e entrará para a História da defesa ambiental no Espírito Santo foi a exposição de 20 minutos, feita pelo biólogo e mestre em Ecologia e Recursos Naturais, Walter Có. O especialista deu uma verdadeira aula de biologia para Rigoni, que seu projeto de privatização visa apenas enriquecer grupos empresariais, destruindo os últimos refúgios da natureza no Espírito Santo. Rigoni ouviu calado. Assista a íntegra da exposição de Walter Có no vídeo acima.

Durante a audiência pública, representante da Findes confessou que a classe empresarial já tomou conhecimento dos detalhes do projeto de concessão, a privatização por tempo determinado de 35 anos das Unidades de Conservação | Vídeo: TV Ales

Governo do ES já apresentou o projeto aos empresários. À população não

Uma das principais cobranças do Movimento em Defesa das Unidades de Conservação do Espírito Santo, onde ficam os atuais parques públicos com a proposta de serem privatizados pelo prazo de 35 anos, é que um dos erros do Governo do Estado foi idealizar o projeto, contratar consultoria para colocar a ideia no papel, sem ouvir a população em audiência pública.

No entanto, por deslize ou por querer mostrar a força dos empresários em executar a privatização, a pessoa desconhecida que se apresentou na Audiência Pública como sendo Graciele Zavarize Belisario e se dizendo ser engenheira e que estava ali como representante da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), acabou fazendo uma revelação. Ela disse que o detalhamento da proposta já foi apresentado à classe empresarial pelo Governo Casagrande. O mundo empresarial já conhece os detalhes da privatização.

Em seguida, para consertar a sua fala, disse que defendia que a população fosse ouvida no ano que vem, antes que de remeter o projeto pronto e acabado para leilão na Bolsa de Valores de São Paulo, o que ocorrerá somente no primeiro semestre de 2026. Nesse caso, a audiência pública será apenas dizer que tudo já foi decidido e que agora é só ouvir a população e enviar a documentação para o leilão.

“Os bichos são os reais moradores do parque”, diz o biólogo | Fotos: Carlos Sanches e Luciana Alvarenga/Fiocruz

Últimos refúgios

“As unidades são os últimos refúgios que a vida tem para ser convivida como ela é. Porque os parques são os lugares mais bonitos que a gente reserva para que a natureza continue existindo enquanto a natureza. Esse é o papel de um parque. Então qualquer um que entra no parque, a natureza é já muito maior do que construir qualquer coisa lá dentro para ganhar dinheiro”, iniciou o biólogo.

“Isso é um bom negócio, agora. E é tão bom negócio que já foi pensado há muito tempo. Está no site do Iema. No início da década de 1990, havia um projeto para a construção de hotel no Rio do Oeste, dentro do parque de Itaúnas. O parque de talunas foi criado exatamente para impedir que isso acontecesse na época”, disse o biológo para Rigoni, que é um político de carreira com financiamento da conservadora Fundação Lemann e formado em Engenharia de Produção, sem nenhum conhecimento técnico em meio ambiente.

“Eu mandei uma pergunta para a sociedade e para o governo do Estado, para impedir que um hotel fosse construído na terra”, recordou Có da ação para impedir a construção do hotel dentro do paraíso natural de Itaúnas. “Trinta anos depois, o próprio Governo está vindo através da Secretaria de Meio Ambiente, que propõe o quê? A construção de pousadas. O que fez com que a gente nesses 30 anos de história? Essa é grande pergunta. Será que isso é uma modernidade?”, prosseguiu Walter Có.

“Os bichos são os reais moradores do parque”, diz o biológo

Os reais moradores dos parques são as aranhas, as cobras, os escorpiões. Mas, como é que vai ser a relação desses animais? Esses animais, assim, em uma velha de formosa jararaca. Imaginem, uma jararaca chegando de dentro da pousada, que é uma real moradora dos parques. Então, gente, a vida desses seres é incompatível com as essas propostas.

“E o restaurante perto? Na ótica de quem é dono com o restaurante… Mas, pensem… Será aquele cheiro de um frango assado, de um churrasco o dia inteiro e a noite toda Os animais caçam suas coisas pelo faro. Agora, você imagina, dentro dessas unidades, os restaurantes, com esses odores se espalhando por toda a região do parque. Esses locais vão ser pontos de atração para todos esses animais, que nunca vão comer porque é oferecido pelos restaurantes”, questionou.

Aumentar visitantes, para aumentar o dinheiro da receita e o lucro

Compromete a vida de todos esses seres, a voz humana, os aromas, protetor solar da lagoa. Tudo isso impacta esses animais. É a última coisa que uma sociedade deveria propor para o parque. A justificativa é aumentar o fluxo de pessoas para aumentar a renda do dom da concessão. O projeto de Rigoni prevê retirar uma área do parque para construir vaga de estacionamento para 500 carros, para garantir uma alta renda dos empresários que forem explorar as Unidades de Conservação.

Com relação às pousadas que existem atualmente em Itaúnas, ele descstacou que o projeto prevê que haja exploração comercial dentro dos parques, inviabilizando a atividade econômica da região. “Vocês agora vão ter concorrência. Por enquanto o turismo é gerenciado por vocês. Agora vai ter um dono, um concessor que você vai conceder. Será é uma pessoa (empresário) com 35 anos, para dentro dessas unidades, gerenciar o turismo e ganhar dinheiro lá dentro. Vocês acham que ele vai olhar para aquelas barraquinhas?”

Os estudiosos de meio ambiente repudiam a instalação desses equipamentos dentro de um santuário ecológico, apenas para gerar riqueza ao empresário que for administrar a área pública e prejudicando os verdadeiros moradores: os animais | Fotos: Seama

Tirolesa em um santuário ecológico

O projeto de Rigoni mostrou ter sido feito por amadores, que desconhecem a dinâmica de um santuário ecológico e a natureza, segundo afirmaram defensores da ecologia presentes na Audiência Pública. A proposta de Rigoni prevê uma tirolesa, um equipamento para diversão que faz com que seus usuários gritem intermitentemente. Serão gritos durante todo o dia, dentro de um ambiente onde os animais querem paz. A tirolesa é apenas para servir de atrativo e gerar mais lucratividade, já que será pago.

 “Imagina, 200 pessoas berrando em uma tirolesa todo dia. Mas agora o ataque vai ser aéreo, né? Então, essas estruturas, parte delas afetará os animais indevidamente. Os impactos são gigantescos. E a troco de quê? Quando a gente pode ganhar dinheiro por falar, né? Foi para essas pessoas (que querem os sons naturais da natureza) e para essa mentalidade que foram criados os parques. E as unidades de conservação são lugares onde a prioridade é a vida desses seres. É para esses seres que as unidades foram criadas”, prosseguiu o biólogo.

O biológico se virou para Rigoni e disse apontando para o telão, onde aparecia o Parque do China, um empreendimento comercial que visa ganhar dinheiro oferendo em Domingos Martins, uma área com pousadas, tirolesas, barquinhos, entre outros inúmeros atrativos. Walter Có disse para Rigoni: “Esse turismo de massa, de muita gente, é o Parque do China. A só ir para lá. É o Parque do China.” E conclamou: “Vocês são a última linha de defesa. Para esses seres, se não tem voz…”

Privatização dos parques pode atrapalhar projeto político

A rejeição da privatização do Parque Estadual Pedra Azul, em Domingos Martins; Parque Estadual Paulo César Vinha, em Guarapari; Parque Estadual Cachoeira da Funaça, Alegre e Ibitirama; Parque Estadual Itaúnas, em Conceição da Barra; Parque Estadual Forno Grande, em Castelo e Parque Estadual Mata das Flores, em Castelo é elevada. A Audiência Pública entrou para a História do Espírito Santo, por ter conseguido reunir um grande número de pessoas, que não visto desde o final dos anos 1980 e início dos anos 1990.

Os projetos políticos que foram planejados para as eleições de 2026, para senador, governador e deputados estaduais e federais, poderá vir a ser afetada. De acordo com o Movimento de Defesa das Unidades de Conservação do Espírito Santo, a tendência é de o repúdio ser elevado, com a adesão de mais pessoas. Já se discute protestos nas ruas, o que acabará fazendo do projeto de privatização um cavalo de troia para os pretendes a participar das eleições de 2026, com a revolta gerando perda de votos.

Rigoni foi acusado pelos ambientalistas de ter faltado com a verdade em suas postagens nas redes sociais. Em nenhum momento foi registrado na Audiência Pública ofensas à sua pessoa, nem a seus familiares e muito menos houve discriminação por ser cego

Fundação Lemann

O bilionário brasileiro-suíço Jorge Paulo Lemann, sócio da indústria de cerveja Ambev, dono da Burger King e da Kraft Heinz, entre outros empreendimentos e o idealizador da Fundação Lemann. Essa entidade tem objetivo de formar lideranças, tanto empresariais quanto políticas, com o objetivo claro de impor o neoliberalismo no Brasil, permitindo elevar a renda e a lucratividade da classe empresarial.

 “Nosso objetivo na Rede é proporcionar conexões estratégicas para potencializar a trajetória de impacto de lideranças diversas que realizam transformações sociais profundas no Brasil. Aqui, a conexão é a essência da nossa jornada.” As pessoas que tem esse potencial, a Fundação investe em cursos de pós-graduação, enviando essas pessoas para universidades americanas onde forma pessoas voltadas com foco em uma “mudança no Brasil”, que são as universidades americanas Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), Harvard, Columbia University, University of Oxford.

“As bolsas Lemann Fellowship têm foco em áreas relacionadas a impacto social, como educação, governo, saúde pública e empreendedorismo social, mas estas não são as únicas. Vale acompanhar dentro de cada universidade quais são as possibilidades. Quem escolhe os bolsistas são as nossas universidades parceiras. Por isso, você precisa primeiro passar no processo seletivo realizado por elas e, depois, se candidatar na própria universidade a uma bolsa Lemann Fellowship”, diz a Fundação em seu portal.

Tabata Amaral e Felipe Rigoni foram treinados para praticar o neoliberalismo pela Fundação Lermann, entidade conservadora que forma lideranças para implementar o seu projeto neoliberal no Brasil, incluindo a entrega de bens públicos | Foto: Reprodução

Lemanns’s boys

As pessoas financiadas pela fundação Lemann passam por um processo de formação centrada na implantação do neoliberalismo no Brasil, que consta na sua cartilha a veda de bens públicos, através das privatizações, e a cessão de patrimônios da população, como são as Unidades de Conservação, os parques públicos do Espírito Santo. Rigoni apenas segue a cartilha da Fundação. As pessoas com essa formação são denominadas de “Lemann’s boys.” A deputada paulista Tabata Amaral também foi patrocinada pela Fundação Lemann.

Em 22 de maio de 2919 o portal UOL publicou uma entrevista feita pela jornalista Betriz Montesanti com o então deputado federal Felipe Rigoni, que era do PSB. Ali, o atual presidente regional do União Brasil disse que era vinculado a dois grupos suprapartidários, o RenovaBR e o “Acredito”. Na entrevista ele disse que suas principais bandeiras são: “inovação da gestão pública e educação.”

Já em 30 de agosto de 2019, em matéria para a revista Carta Capital, o jornalista entrevistou Rigoni sobre as suas vinculações com essas entidades de cunho empresarial-político, a RenovaBR e o “Acredito” e a imposição dessas entidades sobre sua bancada no Congresso. O título da matéria era ‘Acrediito, RenovaBr e Fundação Lemann: renovação ou infiltração.” aquela ocasião o assunto era a questão da reforma na Previdência.

Rigoni respondeu ao jornalista da Carta Capital: “Agora, os dois partidos [PDT e PSB] têm dificuldade de entender que o Acredito é um movimento independente, a gente conversou isso muito antes. Nós temos uma carta de independência, eles sempre souberam que nós temos uma orientação, na parte econômica, um pouco diferente dos partidos, e aceitaram nossa entrada”

Quem é Walter Có, segundo ele mesmo no Linkedin:

Sou biólogo de formação, com mestrado em Ecologia e Recursos Naturais, mas atuo em diferentes áreas, seja no ensino, consultoria, palestras e cursos de formação. Possuo vasta experiência como professor de graduação e pós-graduação, ministrando disciplinas como: Ecologia, Evolução, Psicologia Evolucionista, Biogeografia, Biologia da Conservação, Ecologia Social, Ecologia Humana, Educação Ambiental e Fotografia da Natureza. Trabalhei como professor substituto inicialmente pela UFES, depois em instituições particulares como UVV, FAESA (durante 16 anos) e ESFA (durante 20 anos), em cursos de graduação e pós-graduação. Além de professor, atuo também como consultor, coordenador de projetos e equipes, produzindo material didático e ministrando cursos e palestras para empresas, instituições de ensino e governamentais. Trabalhei em um projeto de três anos na coordenação pedagógica da equipe de Educação Ambiental da PETROBRAS, junto a ECONSERVATION. Posteriormente, prestei serviços de consultoria para implementação de estratégias ESG para a VLI, também pela ECONSERVATION. Coordenei projetos de Educação Ambiental no MBML (Museu de Biologia Mello Leitão, Santa Teresa, ES), atual INMA (Instituto Nacional da Mata Atlântica), e também o Núcleo de Meio Ambiente da ESFA. Atuo frequentemente como palestrante e instrutor em cursos de capacitação de professores nas áreas de meio ambiente e educação ambiental pela SEDU e IEMA e em diversas empresas e eventos ligados a área ambiental. Como palestrante e instrutor, já ministrei cursos e palestras na PETROBRAS, TECHNIP, ARCERLOR, FÍBRIA, VLI e ELKEN, além de órgãos como IBAMA E IEMA. Palestrante em eventos ligados a meio ambiente e educação ambiental tais como Feira do Verde, semana do meio ambiente etc. recentemente tenho atendido a prefeituras em palestras sobre a emergência climática e estratégias de enfrentamento. Meus cursos e palestras abordam temas socioambientais e de Educação Ambiental, tais como: aquecimento global e mudanças climáticas, emergência climática, ESG, ODSs, recursos hídricos, resíduos, Educação Ambienta, saúde ambiental, Ecopsicologia, biodiversidade e biomas brasileiros. Tenho a cosmologia como uma paixão, também ministro palestras e faço divulgação científica sobre o Universo e a astrobiologia, em escolas e no planetário da UFES. Orientei diversos trabalhos de conclusão de curso, publiquei também diversos artigos científicos e sou autor do livro: Gaia, uma semente. Educação ambiental interdisciplinar, Edufes, 2000.