Como parte da negociação política para a montagem do primeiro escalão do governo do Espírito Santo, o governador reeleito Renato Casagrande (PSB) deu o comando da segurança pública do Espírito Santo ao bolsonarista derrotado nas urnas e ex-secretário de segurança, Alexandre Ofranti Ramalho, o coronel PM Ramalho. É o Apoiador do também derrotado Jair Bolsonaro quem volta a comandar a Polícia Militar e a Polícia Civil do Espírito Santo e ainda terá sob as suas mãos por onde circula os cidadãos capixabas através do sistema de monitoramento de câmaras de segurança, que adotam o contestado reconhecimento facial.
O anúncio de Ramalho para a pasta da Segurança Pública é uma recompensa política pela derrota que o coronel teve ao tentar conquistar uma vaga para deputado federal pelo Podemos. Ele ficou como primeiro suplente e mexeu com seus pauzinhos para que o deputado federal eleito pelo seu partido, Gilson Daniel abrisse mão de seu mandato e aceitasse uma secretária de Estado, para que pudesse ir para a Câmara dos Deputados e fazer oposição ao governo Lula.
“Dando continuidade aos anúncios para a nossa próxima gestão, na Secretaria de Mobilidade permanecerá Fábio Damasceno, assim como a Cultura segue sob o comando de Fabrício Noronha”, disse o governador reeleito na sua rede social. O anuncio do bolsonarista causou indignação aos petistas nas redes sociais, inclusive com alguns mais exaltados pedindo para que o PT venha ser de oposição ao novo governo Casagrande na Assembleia Legislativa do Espírito Santo.
Durante as eleições o coronel Ramalho assumiu que era bolsonarista e chegou a dar ampla publicidade ao seu voto para presidente e governador. Combateu o então candidato Lula e fez campanha por Bolsonaro. No campo político estadual, como ex-secretário de Segurança de Casagrande, optou em fazer campanha contra o então candidato bolsonarista Carlos Humberto Manatto (PL) e divulgou a dobradinha Bolsonaro-Casagrande.
Ramalho vai bater de frente com o ministro da Justiça de Lula
Enquanto o ministro da Justiça indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ex-governador do Maranhão, Flávio Dino (PSB), disse que “justiça não é só prisão”, Ramalho prega o contrário. Na edição desta última segunda-feira o Grafitti News trouxe depoimento de Flávio Dino que disse textualmente: “O Departamento Penitenciário Nacional (Depen) vai virar a Secretaria Nacional Penitenciária e de Alternativas Penais, para sublinhar que a execução penal não é igual a prender. A execução penal é muito maior que prender. A prisão na verdade é o último instrumento.”
Em uma postagem feita em seu perfil no Facebook no último dia 29 de novembro, uma terça-feira, às 11h13, o secretário que irá comandar a PMES e a Polícia Civil capixaba mostrou que tem outra opinião. “A reformulação penal tem que ser feita no sentido dos presos ficarem mais tempo nos presídios e ali serem ressocializados. Para tanto, o trabalho e a educação são fundamentais. Fui Diretor do Centro de Detenção Provisória de Serra. O mais revoltante era constatar a ociosidade dos detentos. Em sua grande maioria com baixa escolaridade, quase analfabetos, pouca idade, oriundos de famílias desestruturadas e sem nenhuma referência religiosa ou espiritual. Vai soltar esses caras, eles vão pra onde?”
A posição contrária do coronel PM Ramalho foi feita sob o link de uma matéria jornalística que tinha como título “Brasil precisa de reforma no sistema penal, no sentido de um desencarceramento, defende Lewandoswki. “Por fim, soltar presos não vai minimizar o sofrimento das vítimas diárias”, completou o Ramalho em seu texto no Facebook, que pode ser conferido clicando neste link. Para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o político do Podemos declarou que possui R$ 1,19 milhão em bens, entre uma casa (R$ 980 mil), um automóvel (R$ 80 mil), Aplicação de renda fixa (CDB, RDB e outros (R$ 85 mil) e mais R$ 45 mil em dinheiro em espécie. Ele ainda tem um site pessoal, onde fala de sua família e de sua atividade como policial militar.