O país amanheceu nesta segunda-feira (12) com mais uma bizarrice do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Foi quando o senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) revelou durante entrevista ao vivo ao jornalista José Luiz Datana, nesta manhã na Rádio Bandeirantes, que o presidente se referiu ao colega senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) como sendo um “bosta” e que “iria para a porrada” nele. Em seguida, a emissora procurou o senador ofendido, que de forma educada respondeu que não tem mais idade de brigar na rua.
Bolsonaro já deu soco no senador
As agressões de Bolsonaro ao senador do Amapá não são novas. Em setembro de 2013, Bolsonaro deu um soco na barriga do senador Randolfe, quando este participava de uma visita das Comissões da Verdade da Câmara e do Senado n o local onde funcionou o centro de tortura da ditadura miliar, o Doi-Codi, no Rio de Janeiro. O então deputado federal Bolsonaro, mesmo não sendo membro das comissões, tentou forçar a entrada e ficou irritado após ter sido impedido de participar da visita, segundo o que disse o senador na ocasião.
Nesta segunda-feira o senador Kajuru foi provocado pelo jornalista Datena a revelar um trecho da conversa telefônica que teve no último sábado (10) com Bolsonaro. A provocação veio porque nesta segunda-feira o presidente, na sua reunião com apoiadores em Brasília, disse que o senador goiano não havia dito que estava gravando a conversa. Fato contestado por Kajuru, que disse ter avisado que colaria o áudio em suas redes sociais, o que fez quarenta minutos depois. Bolsonaro disse que “é para soltar o áudio todo”, de uma conversa sobre a CPI da Pandemia.
Assim, ao ser provocado, Kajuru liberou o áudio, explicando que não havia divulgado anteriormente para evitar um atrito entre o presidente e o Senado. Foi quando foi tomado conhecido das palavras de Bolsonaro, que mais parecia ser um moleque brigão de rua e não um presidente da República. Foi ao ar na rádio Bolsonaro falando: “Se você não participa, a canalhada do Randolfe Rodrigues vai participar. E vai começar a encher o saco. Aí vou ter que sair na porrada com um bosta desse”.
“Não é comportamento de presidente”
“Esse comportamento não está à altura de um presidente da República. Principalmente com tanta tragédia que estamos vivendo. Ele deveria ter coisas mais importantes para se preocupar do que chamar senador para briga de rua. Temos mais de 350 mil brasileiros mortos. 350 mil famílias infelizes, entristecidas. Eu rogaria que o presidente do meu país estivesse preocupado com isso. Ligasse aos senadores, da base ou não, perguntando o que poderia ser feito para reduzir o tamanho dessa tragédia”, disse Randolfe à mesma Rádio Bandeirantes.
“Eu gostaria que ele tirasse um tempo para tomar medidas de coordenação nacional, dando um auxilio emergencial digno aos trabalhadores que estão sem trabalhar, dando apoio aos empresários que tiveram que fechar seus estabelecimentos e, sobretudo, tomando as medidas sanitárias necessárias para conter a pandemia, aumentando a imunização, indo atrás de vacinas. Essa deveria ser a preocupação. Ele não precisa se preocupar comigo. E, não sei ele, mas eu não tenho idade para participar de briga de rua. Só quero briga para tentar impedir que mais compatriotas padeçam dos males desse vírus”, finalizou.