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Bolsonaro e Temer levaram o povo brasileiro a viver sob uma plutocracia e não mais em uma democracia


A afirmação é da organização global Oxfam, no relatório intitulado “Desigualdade S/A”, divulgado nesta semana. A plutocracia que a Oxfam se refere é a existência de um governo voltado para atender os desejos e as ordens dos ricos e contra os interesses da maioria pobre


Bolsonaro e Temer levaram o povo brasileiro a viver sob uma plutocracia e não mais na democracia. No lado esquerdo, a capa do relatório divulgado pela Oxfam | Fotos: Reprodução: Redes sociais e Oxfam

O recente Relatório da Oxfam, uma organização global contra a pobreza e desigualdade aponta que no Brasil, atualmente, a população vive sob uma plutocracia e não em uma democracia. Agravado nos últimos anos, sob os governos de Jair Bolsonaro e de Michel Temer, 50% dos mais pobres brasileiros tem apenas 2% dos ativos financeiros do país. Já o 0,01% mais rico possui 27% desses ativos, o 0,1% mais rico, 43%, e o 1% mais rico, 63%.

Fica nítido que o Brasil está sob uma  plutocracia e não uma democracia, destaca a entidade na página 23 de seu relatório global. A palavra plutocracia vem do grego e é a junção de “plouto” – riqueza e “kratos” – governo. Assim seria o “governo dos ricos”, tal qual a democracia é o “governo do povo”.O documento ainda cita, na página 35, que os maus políticos, que estão nos parlamentos a serviço das grandes empresas e não do povo que os elegeu, ocorre em várias partes do mundo, além do Brasil.

“Empresas poderosas também usaram seus recursos e  seus acesso para promover leis e políticas trabalhistas favoráveis, que mantivessem um status quo desigual. Por exemplo, jornalistas e a sociedade civil documentaram como algumas delas teriam usado associações setoriais, ‘portas giratórias’ entre a formulação de políticas públicas e o setor privado, campanhas de relações públicas, pesquisas e lobby, na tentativa de assegurar ou defender leis trabalhistas que minimizassem as suas obrigações para com os trabalhadores”, diz trecho do documento na página 35.

Lobby contra os trabalhadores no Congresso brasileiro

“O lobby empresarial tem sido associado a restrições políticas sobre a sindicalização, à oposição ao combate ao trabalho forçado,à luta contra os aumentos do salário mínimo, aos retrocessos nas leis sobre trabalho infantil, às reformas que prejudicam os direitos trabalhistas e aos esforços para enfraquecer as regras que protegem a saúde e a segurança dos trabalhadores. Por exemplo, os lobistas das empresas na União Europeia teriam procurado aumentar o acesso ao mercado de pesticidas no

Brasil, apesar dos riscos conhecidos para os trabalhadores agrícolas”, assina o trecho que se refere aos políticos brasileiros que atuam contra os interesses dos trabalhadores.

Os ricos ainda são beneficiados com baixa carga tribuária, ao contrários dos assalariados que tem um peso de impostos elevado em seus rendimentos, segundo o que aponta o documento da Oxfam. “A redução dos impostos cobrados de empresas ocorreu juntamente com uma tributação muito baixa dos tipos de rendimentos que elas pagam aos seus acionistas. Nos países da OCDE, a alíquota marginal máxima média sobre dividendos diminuiu muito desde 1980, de 61% para 42%, e em alguns países, como o Brasil, eles simplesmente não são tributados”, volta a se referir o documento sobre o tratamento tributário desigual no Brasil.

Desigualdade S/A no mundo

Na página 9 do documento sob o título “Desigualdade S/A”, a Oxafam faz uma síntese dos malefícios que o sistema econômico em vigor proporcionou:

 A desigualdade em números

  • No Brasil, a pessoa mais rica do país possui uma fortuna equivalente à metade mais pobre do país (107 milhões de pessoas)
  • • O 1% mais rico do Brasil tem 60% dos ativos financeiros do país
  • • Desde 2020 e do início desta década de divisão, os cinco homens mais ricos do mundo viram suas fortunas mais do que duplicar, enquanto quase cinco bilhões de pessoas viram seu patrimônio diminuir.
  • • Se cada um dos cinco homens mais ricos gastasse um milhão de dólares por dia, eles levariam 476 anos para esgotar toda sua fortuna combinada.
  • • Sete em cada dez das maiores empresas do mundo têm bilionários como CEOs ou principais acionistas.
  • • Em termos globais, os homens possuem 105 trilhões de dólares em patrimônio a mais do que as mulheres – a diferença é equivalente a mais de quatro vezes a economia dos Estados Unidos.
  • • O 1% mais rico do mundo tem 43% de todos os ativos financeiros globais.
  • • O 1% mais rico do mundo emite tanta poluição de carbono que os dois terços mais pobres da humanidade.
  • • Nos Estados Unidos, o patrimônio de uma família negra comum equivale a apenas 15,8% ao de uma família branca comum. No Brasil, em média, o rendimento dos brancos é mais de 70% superior à renda de pessoas negras.
  • • Apenas 0,4% das mais de 1.600 maiores e mais influentes empresas do mundo se comprometeram publicamente com o pagamento de salários dignos a seus trabalhadores e apoiam isso em suas cadeias de valor.
  • • Levaria 1.200 anos para uma trabalhadora dos setores de saúde ganhar o que um CEO de uma das 100 maiores empresas da lista da Fortune ganha em média por ano.
  • • A riqueza dos cinco homens mais ricos do mundo aumentou 114% desde 2020.
  • • 7 das 10 maiores empresas do mundo têm hoje um bilionário no comando ou como principal acionist
  • •  148 maiores empresas do mundo lucraram US$ 1,8 trilhão, 52% a mais do que a média dos últimos três anos, e distribuíram robustos dividendos para acionistas ricos enquanto milhões de pessoas enfrentavam cortes em seus salários

Agravamento das desigualdades

O relatório, intitulado “Desigualdade S.A.”, que foi  apresentado no Fórum Econômico Mundial em Davos, Suíça, destaca o agravamento da desigualdade desde 2020, com a riqueza dos cinco homens mais ricos do mundo dobrando para US$ 869 bilhões, enquanto quase 5 bilhões de pessoas empobreceram.

Com os ricos ficando cada vez mais ricos e a maioria dos pobres, cada vez mais pobres, a Oxfam faz um alerta para a possibilidade de, em breve, surgir o primeiro trilionário dentro de 10 anos, contrastando com a previsão de que a erradicação da pobreza pode levar mais de dois séculos.

A organização internacional sugere medidas para combater a acumulação excessiva de riqueza, incluindo a oferta de serviços públicos universais e a regulamentação de empresas e monopólios. A Oxfam defende a intervenção dos governos para controlar o poder corporativo, promover salários dignos e tributar os super ricos. A entidade propõe a adoção de impostos sobre a riqueza dos milionários e bilionários poderia arrecadar US$ 1,8 trilhões por ano. Leia a seguir a íntegra do Relatório Desigualdade S.A., em arquivo PDF:

DESIGUALDADE-SA