“Eu vou voltar para gente recuperar o país, para recuperar emprego. Esse país tem que ser respeitado outra vez, e não ter um presidente como esse que ninguém quer recebê-lo e ninguém quer vir aqui.”
— Luiz Inácio Lula da Silva, no primeiro comício das eleições 2022
No primeiro dia de sua campanha eleitoral na porta da montadora Volkswagen, nesta última terça-feira (16), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva rebateu as acusações infundadas do atual presidente Jair Bolsonaro (PL) e de seus seguidores de que as igrejas serão fechadas no seu terceiro governo. Ele lembrou que foi no seu governo que criou a lei que garante a Marcha para Jesus. “Bolsonaro é um fariseu, (que) está tentando manipular a boa-fé de homens e mulheres evangélicos que vão à igreja tratar de sua fé e de sua espiritualidade”, afirmou.
Lula ainda disse que Bolsonaro “foi negacionista e não acreditou na Ciência, na medicina e nos governadores”. E completou: “Você acreditou na sua mentira, porque se tem alguém que é possuído pelo demônio, é esse Bolsonaro”. Lula usou parte de seu discurso para condenar as fake news que são disseminadas diariamente pelo gabinete do ódio, que tem como objetivo minar a candidatura do petista no meio evangélico. A íntegra do vídeo com o primeiro discurso eleitoral de Lula pode ser visto no seu canal do YouTube, clicando neste link.
Ele optou em iniciar a sua campanha nos braços dos trabalhadores, onde tudo começou com o movimento sindicalista da década de 1980 e que gerou a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o próprio PT. Na porta da fábrica da Volkswagen do Brasil, em São Bernardo do Campo (SP), Lula garantiu que vai voltar a ser presidente para recuperar o país. “Nós vamos ganhar a eleição porque esse país precisa de nós”, disse aos trabalhadores. “Se preparem porque nós vamos trabalhar e fazer a maior transformação que esse país já viu. Com a volta do emprego, do salário e do respeito”, afirmou.
“É por falta de vergonha que as pessoas estão governando”
“A nossa história vai mudar. Vocês não vão ver mais criança pedindo esmola. Não vão ver mais companheiro nosso dormindo na sarjeta. Esse país precisa ter vergonha na cara. Não é por falta de dinheiro, é por falta de vergonha das pessoas que estão governando. Eles não têm sentimento, não sabem o que é fome, o que um cidadão mendigar um prato de comida”, discursou, emocionado.
Diante dos trabalhadores, o ex-presidente anunciou que o reajuste da tabela do imposto de renda será a primeira medida a ser tomada em seu governo. E que retornará ao chão da fábrica para informar pessoalmente. “Eu não vou mandar recado, eu vou vir pessoalmente dentro da Volks conversar com vocês”, prometeu.
Lula lamentou que o país está numa situação pior hoje do quando assumiu o governo pela primeira vez, em 2003. “Esse governo (Bolsonaro) não se preocupou em criar empregos”, reclamou ele, ao comparar o número de empregados daquela fábrica nos anos de 2003 (13.857), 2012 (14.164) e 2022 (7.931).
Consciência política
O ex-presidente disse que escolheu estar na porta de fábrica para encontrar antigos e novos companheiros de luta, além dos filhos dos trabalhadores que estão estudando para se posicionar no mercado de trabalho. “Eu devo tudo que eu vivi, que aprendi na política, eu devo a essa categoria extraordinária chamada ‘metalúrgicos do ABC’. Eu venho na porta da Volks desde 1969. Naquele tempo em que a fábrica tinha mais de 40 mil trabalhadores”, lembrou.
Lula relatou a época em que o berço do sindicalismo paulista chacoalhou o país ao se posicionar contra o regime militar. “Foi na porta da Volks, da Ford e da Mercedes que nós conseguimos fazer com que a classe trabalhadora brasileira se politizasse, fosse pra rua fazer as greves de 78, 79 e 80, para que nós conseguíssemos derrubar o regime militar e conquistar a democracia”, declarou.
O evento contou ainda com a presença de Fernando Haddad (PT), candidato ao governo de São Paulo, Márcio França (PSB), que disputa uma vaga no Senado pelo mesmo estado, Gleisi Hoffman, presidenta nacional do PT e candidata a deputada federal pelo estado do Paraná, além dos sindicalistas Wellington Damasceno, diretor administrativo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, e Moisés Selerges, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
PT mostra as destruições que Bolsonaro promove no Brasil
1. Fez pouco caso da pandemia e deixou quase 700 mil morrerem
Bolsonaro chamou a Covid-19 de gripezinha, fez campanha contra o isolamento e deixou de comprar vacinas quando podia. Assim, o Brasil teve quase 700 mil mortes até agora. E a pandemia foi pior aqui do que no resto do mundo. Com menos de 3% da população mundial, o Brasil acabou tendo mais de 10% das mortes.
2. Deixou a fome voltar. E não é culpa da pandemia
Bolsonaro governa para os ricos e não está nem aí para os pobres. Resultado: 33 milhões de pessoas passando fome e 127 milhões (60% da população) sem ter certeza de que comerão as três refeições todos os dias.
3. Inflação geral acima de 10% e de comida a quase 15%
O governo Bolsonaro conseguiu fazer a inflação explodir mesmo com o povo sem dinheiro. Desde setembro de 2021, a inflação está acima de 10%. E a inflação dos alimentos é ainda pior, com alta de 14,72% em 12 meses. Já a cesta básica tem itens que subiram mais de 66%, como a batata e o leite.
4. Gasolina, diesel, gás de cozinha e conta de luz nas alturas
A inflação é culpa de Bolsonaro, que não teve coragem de baixar os preços que são responsabilidade do governo. Assim, enquanto ganhava cada vez menos, o brasileiro pagou cada vez mais pelos combustíveis, pelo gás e pela luz.
Com Bolsonaro, o diesel subiu 203%, a gasolina, 169,1% e o gás, 119,1%, até junho de 2022. Já o salário mínimo, só subiu 21,4% (menos que a inflação).
5. Reduziu o salário mínimo
Bolsonaro reduziu o salário mínimo, dando reajustes abaixo da inflação. Vai terminar o mandato sendo o primeiro presidente em 30 anos a fazer isso. Com o PT, o salário mínimo subiu 74% acima da inflação.
6. Quase 80% das famílias estão endividadas
Bolsonaro fez com que o endividamento no Brasil batesse recorde. Hoje, 78% dos brasileiros têm alguma dívida, 29% já estão com alguma conta atrasada. A situação é pior para as mulheres, especialmente as mães que cuidam dos filhos sozinhas. 70% dos endividados no país são mulheres.
7. Trabalhadores entre o desemprego e a informalidade
Enquanto Lula e Dilma criaram quase 21 milhões de empregos com carteira assinada (veja gráfico), Bolsonaro mantém o desemprego nas alturas e faz o povo se virar na informalidade. Em julho de 2022, havia 10,6 milhões de desempregados (sendo 7,6 milhões de jovens com menos de 30 anos). E 40% das pessoas com trabalho não tinham carteira assinada.
8. Comércio e indústria em crise
Sem dinheiro no bolso, o trabalhador para de comprar e a economia anda para trás. Hoje, a indústria brasileira fatura 22,5% menos do que faturava quando Dilma Rousseff era presidente, segundo a CNI. No comércio, as vendas vem caindo mês a mês, com redução nos dois últimos meses medidos (maio e junho), de acordo com o IBGE.
9. Juros não param de crescer
E, diante de todo esse caos, o governo Bolsonaro insiste na política neoliberal e aumenta juros com a desculpa de que isso vai abaixar a inflação. Com a Selic a 13,75%, o Brasil tem os juros reais mais altos do mundo. Quem ganha são os bancos, que apertam os brasileiros no cartão de crédito e no cheque especial.
10. E o brasileiro nunca pagou tanto imposto!
Bolsonaro se elegeu prometendo isentar do imposto de renda quem ganhasse até 5 salários mínimos. Nunca cumpriu a promessa e fez pior: gerou a maior defasagem da tabela do IR (veja gráfico). Com isso, cada vez mais brasileiros entram na lista de quem é obrigado a pagar imposto.