O Brasil caiu mais quatro pontos no Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa e foi para a 111ª posição internacional. O Brasil está na zona vermelha e falta pouco para entrar na zona negra, a mais restritiva. O levantamento, divulgado nesta terça-feira (20) pela ONG Repórteres sem Fronteiras (RSF) traz a falta de transparência da imprensa no governo de Jair Bolsonaro (sem partido). Com o presidente buscando minimizar a escala da pandemia do Covid-19, acaba gerando inúmeras tensões entre as autoridades e os meios de comunicação nacionais, segundo o RSF.
De acordo com a ONG, o Brasil virou um ambiente tóxico para a imprensa. “Depois de cair duas posições no ano passado, o Brasil caiu mais quatro posições e entrou na zona vermelha do Ranking, que sinaliza um país onde a situação da imprensa é considerada difícil. O ambiente tóxico no qual os profissionais da mídia brasileira trabalham desde que Jair Bolsonaro chegou ao poder em 2018 explica em grande parte essa deterioração”, inicia a análise sobre o país.
“Insultos, estigmatização e orquestração de humilhações públicas de jornalistas se tornaram a marca registrada do presidente, sua família e sua entourage. Esses ataques dobraram de intensidade desde o início da pandemia de coronavírus. Para desviar a atenção de sua gestão desastrosa da crise sanitária, que já deixou mais de 318 mil mortos (em 31 de março, dia de fechamento do relatório), Jair Bolsonaro acusa a imprensa de ser a responsável pelo caos no país”, prossegue a entidade.
Informações falsas
Além disso, o presidente contribuiu para disseminar informações falsas (por exemplo, sobre o uso de Ivermectina, vermífugo cuja eficácia no combate ao coronavírus nunca foi comprovada e que foi desaconselhado pela OMS), criticou medidas de isolamento social e causou aglomerações, desrespeitando as medidas sanitárias, o que fez com que fosse censurado pelo Facebook e pelo Twitter, continuou o relatório.
“Diante das mentiras compulsivas do presidente e da falta de transparência do governo quanto à gestão sanitária, uma aliança inédita reunindo os principais meios de comunicação do país foi criada em junho de 2020, com o objetivo de obter informações diretamente de autoridades locais nos 26 estados do país e no Distrito Federal, para elaborar e comunicar seus próprios boletins”. O ranking ainda revela uma deterioração geral da situação na América Latina. Salvo raras exceções, o ambiente de trabalho dos jornalistas, já complexo e hostil antes da crise do coronavírus, piorou ainda mais.