A nova variante do Sars-CoV-2 identificada como B.1.1.529 e denominada pela OMS de Ômicron surgiu na África do Sul e rapidamente se espalhou por outros países da região. A OMS classificou a variante como “preocupante”. O fechamento da fronteira ocorre a partir desta segunda-feira (29)
Apesar da resistência presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o seu governo negacionista ao vírus do Covid-19 acabou anunciando que vai fechar as fronteiras aéreas do Brasil para seis seis países da África diante de uma nova variante de coronavírus, a Ômicron. Segundo o ministro, a restrição afetará, a partir da próxima segunda-feira (29), os passageiros oriundos da África do Sul, Botsuana, Lesoto, Namíbia, Zimbábue e Eswatini (ex-Suazilândia), onde foi identificada a mais perigosa variante do Covid-19. A decisão atende a uma recomendação feita pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e que foi ridicularizada pelo presidente de extrema-direita.
“O Brasil fechará as fronteiras aéreas para seis países da África em virtude da nova variante do coronavírus. Vamos resguardar os brasileiros nessa nova fase da pandemia naquele país. Uma portaria será publicada amanhã e deverá vigorar a partir de segunda-feira”, publicou o ministro no Twitter. O pedido da Anvisa seguiu restrições de viagens impostas por dezenas de países, como Reino Unido, Estados Unidos e a União Europeia.
Na manhã desta sexta-feira, dentro do seu cercadinho, onde mantém contato direito com os que ainda o apoiam, Bolsonaro admitiu que o país deve enfrentar uma nova onda de Covid, mas, ao ser questionado por apoiadores, considerou uma “loucura” fechar aeroportos. “Tem que aprender a conviver com o vírus”, disse Bolsonaro. “Não vai vedar (a entrada de estrangeiros), rapaz. Que loucura é essa? Fechou o aeroporto o vírus não entra? Já está aqui dentro.” Quando o apoiador falou sobre a nova onda de Covid-19 na Europa, Bolsonaro criticou o homem por estar “vendo muita Globo”. Leia a seguir a recomendação da Anvisa, em arquivo PDF:
SEI_ANVISA1685747NotaTecnica1Anvisa acabou tendo recomendação aceita
A Anvisa publicou uma Nota Técnica com o objetivo de servir de subsídio e orientar as decisões do governo brasileiro referentes à entrada de viajantes no país e restrições de voos, especificamente como decorrência da identificação de uma nova variante do Sars-CoV-2 identificada como B.1.1.529. De acordo com a Lei 13.979/2020, compete à Anvisa emitir manifestação técnica fundamentada de assessoramento às decisões interministeriais sobre eventuais restrições para ingresso no território brasileiro.
A efetivação das medidas, contudo, depende de portaria interministerial editada conjuntamente pela Casa Civil, pelo Ministério da Saúde, pelo Ministério da Infraestrutura e pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. Na Nota Técnica 203/2021 – a Anvisa recomenda medidas restritivas de caráter temporário em relação aos voos e viajantes procedentes da África do Sul, Botsuana, Eswatini, Lesoto, Namíbia e Zimbábue, em decorrência da nova variante do Sars-CoV-2 identificada como B.1.1.529.
OMS denominou nova variante de Ômicron
A Organização Mundial de Saúde (OMS) denominou a nova variante sul-africana, com cerca de 50 graves mutações de Ômicron. A OMS classificou a nova variante de “preocupante”. Ômicron é o nome de uma das 24 letras do alfabeto grego e foi escolhida pelos especialistas para denominar a nova variante da Covid-19 identificada na África do Sul como B.1.1.529. A decisão foi tomada após uma reunião na sede da agência, nesta última sexta-feira (26), em Genebra. A OMS explica que ainda são necessárias algumas semanas para se entender o impacto dessa nova versão do novo coronavirus.
Os pesquisadores querem compreender qual o potencial de transmissão e o impacto nos diagnósticos, tratamentos e até mesmo se as vacinas disponíveis oferecem proteção. Agências de notícias confirmam que a União Europeia está pedindo a suspensão imediata de todo o tráfego aéreo para países do sul da África. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Anvisa, recomendou restrições de voos e de viajantes vindos de nações do continente africano, incluindo África do Sul, Botsuana, Lesoto, Namíbia e Zimbábue.
Continuar usando máscaras e evitar aglomeração
Mas a OMS recomenda cautela e medidas de restrição de viagens apenas baseadas em riscos e em estudos científicos. A agência da ONU lembra à população mundial a importância de continuar utilizando máscaras, evitar aglomerações e de higienizar as mãos sempre que possível. Um novo levantamento da Organização Mundial do Turismo, OMT, mostra que 46 países ainda estão totalmente fechados aos turistas; em 55%, as fronteiras estão parcialmente fechadas e para entrar em 112 destinos, os viajantes são obrigados a apresentar um teste negativo de Covid-19.
Em relação ao acesso às vacinas, a Organização Mundial da Saúde, OMS, informa que apenas 27% dos trabalhadores de saúde da África, ou um entre quatro, estão completamente vacinados contra o coronavírus. Com isso, a maioria dos profissionais do continente africano na linha de frente do combate à doença continuam desprotegidos.