O produto falsificado, que segundo o Ministério da Agricultura contém “cascas de grão e o que não presta nas plantações” e até “toxina cancerígena” teve comercialização constatada em São Paulo, Santa Catarina e Paraná. A Acaps garante que no Espírito Santo esse tipo de produto falsificado não é vendido

Nesta última quarta-feira (23), o diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal (Dipov) do Ministério da Agricultura (Mapa), Hugo Caruso, confirmou o que vinha sendo denunciado pela Associação Brasileira do Café (Abic):desde fevereiro deste ano: “Café fake apreendido em operação é feito de ‘lixo’ da lavoura e não tem café.” O representante do Mapa se pronunciou dois meses após a operação realizada pelo Ministério em São Paulo, Santa Catarina e Paraná. Naquela ocasião, nem a Abic e nem o Mapa detectaram o “lixo” do café no Espírito Santo.
No dia 22 de fevereiro deste ano o Grafitti News publicou uma entrevista com a Abic, sob o título Abic denuncia o café fake, feito com paus, palhas e cascas, entre outras impurezas, que pode ser relida clicando neste link. Naquela ocasião foi alertado que “com os elevados preços do café, grupos criminosos estão vendendo o lixo das torrefadoras com o nome de sabor café.”
O Grafitti News ainda ouviu em fevereiro a Associação Capixaba de Supermercados (Acaps), que se pronunciou e, por nota, disse que no Espírito Santo esse tipo de produto tido agora pelo Mapa como sendo “lixo”, não é comercializado no Estado. Acrescentou que apoiava a luta da Abic e que estava recomendando aos supermercadistas capixabas a não comprar desse tipo de produto.
O que contém o “lixo” das lavouras, com agravante de cancerígenos
Segundo o que foi divulgado nesta última quarta-feira pelo diretor do Mapa, Hugo Caruso, a análise feita pelo Ministério observou que o café fake é composto de cascas de grão e o que não presta nas plantações, que foi considerado como sendo o “lixo” da lavoura, como grãos ardidos, defeituosos, que são dispensados no processo de produção de café, além de toxina cancerígena.
Do fruto do café, a semente, nada tinha. Pelo que foi informado por Caruso, esse tipo de produto não pode ser considerado como sendo alimento. “Recolhemos (dos supermercados) porque a matéria era toda feita de resíduo, só lixo”, disse Caruso à imprensa. E acrescentou que o “lixo” vai ser encaminhado à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para fazer uma análise.
Os grupos criminosos que comercializam esse tipo de “lixo”, de acordo com a Abic, promovem uma concorrência desleal com o café verdadeiro. Em janeiro deste ano um pacote de café fake com 500 gramas estava sendo vendido por R$ 13,99, menos de um terço da mesma quantidade de café de verdade. Para enganar o consumidor, a embalagem do produto falsificado vem com foto de xícara de café e até com grãos do produto que ele não tem em seu conteúdo, com a frase “”pó sabor café”.

“Melissa” tenta enganar o consumidor com marca famosa e conceituada que tem nome semelhante
Outra marca de produto falsificado, que, para tentar enganar o consumidor, adotou o nome Melissa, onde o consumidor menos atento imagina que está adquirindo a conceituada e tradicional marca Melitta. Para não ser enganado, sempre que o consumidor for comprar café, deve olhar com atenção a embalagem na parte frontal e atrás e ver se contém o selo de qualidade da Abic. Se não tiver, é café sem ter tido a sua apwrovaçãol de exceleência e não deve ser comprado.
Ainda em fevereiro deste ano, a nutricionista do programa de Alimentação Saudável e Sustentável do Instituto de Defesa de Consumidores (Idec), Mariana Ribeiro, fez o seguinte comentário sobre o café fake: “O problema desses produtos é que eles utilizam no rótulo elementos visuais dando a entender que se trata de café, quando, na verdade, o que tem dentro da embalagem é outro componente.”