A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em associação com o Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil (Conic) lançou nesta Quarta-feira de Cinzas (17), às 10 horas, a Campanha da Fraternidade de 2021. O tema deste ano é “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”. No texto-base que detalha a iniciativa, a Campanha faz críticas ao negacionismo da ciência, a atuação pífia do Governo Bolsonaro no combate à pandemia do Covid-19 e critica a “cultura da violência” contra mulheres, negros, indígenas e pessoas LGBTIQ+.
Antes mesmo do lançamento oficial, a campanha vem sendo alvo de ataques de grupos bolsonaristas e de extremistas de direita incrustados dentro da própria Igreja Católica. O astrólogo e conselheiro do presidente Bolsonaro, Olavo de Carvalho, tem liderado criticas ferozes contra a Campanha da Fraternidade deste ano. A campanha ainda critica as igrejas, em sua maioria de matiz evangélicas, que apóiam Bolsonaro e seguem suas orientações ao não respeitar o distanciamento social.
A campanha da fraternidade é tradicionalmente realizada pela Igreja Católica em parceria com instituições cristãs desde a década de 1960. O texto-base é escrito por membros do Conic e passa pelo aval da direção-geral da CNBB. A confederação representa os bispos do país, e funciona como uma espécie de entidade de classe.
O lançamento do tema da Campanha da Fraternidade ocorre tradicionalmente na Quarta-feira de Cinzas, quando tem início a Quaresma, período de 40 dias que antecede a Páscoa. O tema da campanha é difundido nas celebrações e programações da comunidade religiosa.
Objetivos específicos
De acordo com a CNBB, os objetivos específicos da campanha neste ano são: Denunciar as violências contra pessoas, povos e a Criação, em especial, as que usam o nome de Jesus; Encorajar a justiça para a restauração da dignidade das pessoas, para a superação de conflitos e para alcançar a reconciliação social; Animar o engajamento em ações concretas de amor à pessoa próxima; Promover a conversão para a cultura do amor em lugar da cultura do ódio; Fortalecer e celebrar a convivência ecumênica e inter-religiosa.
Os grupos radicais de extrema direita bolsonarista no Brasil escolheram inicialmente para seus ataques com discurso de ódio, nas redes sociais, à secretária-executiva do Conic, pastora luterana Romi Bencke. Isso levou mais de 200 entidades da sociedade civil a apoiá-la e se solidarizar. A Aliança de Batistas do Brasil em nota repudiou a campanha de ódio e afirmou que os ataques estão sendo direcionados com mais força a lideranças femininas, “além do cunho antiecumênico são carregados de misoginia indisfarçável”.
“Nos vemos perplexos com os ataques que a CFE 2021 (Campanha da Fraternidade Ecumênica) vem sofrendo por parte de setores que buscam, entendemos, usurpar o nome da Igreja Católica Apostólica Romana, que conosco compõe este Conselho, para ataques infundados, injustos e até mesmo criminosos”, prosseguiu a carta da Aliança de Batistas.