“A decisão de não informar minha orientação sexual foi um protesto contra a tentativa de transformar essa questão em pauta eleitoral”, diz Gabriel Ruy, do Mobiliza
A Instrução nº 0600748-13.2019.6.00.0000, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que regula o registro de candidatas e candidatos para as Eleições Municipais 2024 trouxe a novidade de os candidatos responderem, de forma facultativa, sobre a sua orientação sexual. Neste último final de semana, o Grafitti News trouxe a matéria sob o título “Candidatos a prefeito no ES evitam nova norma do TSE e escondem orientação sexual“, onde há uma tabela que consta os candidatos a prefeito dos municípios capixabas que haviam entregue à candidatura até a última sexta-feira (9) e lá está o nome de Gabriel Elias de Oliveira Ruy (Mobilização Nacional), que concorre ao cargo de prefeito de Vila Velha (ES), como sendo um dos que não declararam qual é a sua opção sexual, a exemplo de muitos outros candidatos do Estado.
Através do escritório da advocacia, Thiago Cesar de A. Almeida, Gabriel Ruy pediu um direito de resposta, para dar o seu posicionamento sobre a Instrução nº 0600748-13.2019.6.00.0000 do TSE. “Venho, por meio deste, exercer meu direito de resposta. A decisão de não informar minha orientação sexual foi um protesto contra a tentativa de transformar essa questão em pauta eleitoral. Entendo que fazer disso um critério de avaliação para candidaturas é uma visão que, ao invés de unir, apenas contribui para dividir ainda mais nossa nação”, iniciou na sua nota.
“A preservação e respeito pela orientação sexual e a identidade de gênero são direitos garantidos constitucionalmente, protegidos pelo princípio da dignidade da pessoa humana e pela liberdade de expressão, que é uma cláusula pétrea de nossa Constituição Federal. O respeito à diversidade e à individualidade é um valor essencial de nossa sociedade, e entendo que o movimento LGBTQIAPN+ desempenha um papel vital nesses assuntos”, prosseguiu.
Cor
“A orientação sexual não deveria, em hipótese alguma, servir como fundamento para juízos de valor sobre as capacidades ou o caráter de uma pessoa. Aproveito também para esclarecer outro assunto sensível a mim: o questionamento sobre a minha cor. Preferiria que esse dado não fosse sequer considerado relevante. Sou pardo, resultado da mistura de preto com branco e por conta disso enfrento uma realidade complexa”, continuou.
“Muitas vezes, sou alvo de ataques racistas e discriminação por possuir traços afrodescendentes, em outras ocasiões sou excluído de debates e pautas por ter a pele considerada ‘branca demais’. Sigo minha vida sem vitimismo, mas com a convicção de que o Estado não deveria impor a obrigação de declarar formalmente a quantidade de melanina em minha pele”, narra o candidato à prefeito de Vila Velha pelo Mobiliza.
“Minha candidatura está pautada em projetos concretos e no compromisso com o desenvolvimento para a cidade de Vila Velha. Convido a todos a confiarem em ideias, em propostas, mas jamais tentarem dividir os eleitores com polêmicas sobre cromossomos ou em pigmentação de pele. Acredito que o foco deve estar em como podemos melhorar nossa cidade e o futuro de nossa comunidade”, concluiu.
Quem é Gabriel Ruy, segundo dados do TSE
Gabriel Ruy é capixaba de Vila Velha, tem 40 anos, casado, é formado em Direito, pós-graduado em Educação e Gestão e em Ciências da Religião. Ele é muito conhecido no meio comercial do município, onde já foi presidente de uma associação comercial em Vila Velha.
E tem como candidato á vice-prefeito o advogado Marcelo Alves, o Marcelo Brasileiro (Mobiliza), de 56 anos. Gabriel Ruy já participou das eleições de 2018, quando foi candidato à deputado federal pelo PRTB; à vereador de Vila Velha em 2020m, pelo Novo. Juntamente com o seu registro de candidatura, Gabriel Ruy entregou ao TSE a sua proposta de Governo para Vila Velha, com 41 páginas em PDF.
Um dos pontos de sua proposta está a descentralização e a aproximação da Prefeitura de Vila Velha do cidadão. Para os primeiros seis meses de gestão, propõe fazer “um mutirão de embelezamento da cidade. Parques, praças e canteiros.” Outra proposta é a Praça Viva, “um programa para revitalizar e estimular o uso das praças em toda a cidade, com apoio da comunidade, incentivando e facilitando a instalação de foodtrucks, simplificando o uso de mesas e cadeiras para o comércio local, estimulando a realização de pequenos eventos culturais”. O intuito é gerar fluxo de pessoas, emprego e renda.