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Capitã cloroquina será ouvida pela CPI da Pandemia nesta próxima terça-feira, às 9h

Capitã Cloroquina (à direita) é apresentada pelo ex-governador do Ceará, general Guilherme Theophllo |\Foto: Divulgação/PSDB-CE

A política conservadora, que defende ardorosamente remédios sem eficácia contra o Covid-19, possui um diploma de médica pediatra e já foi candidata derrotada ao Senado pelo PSDB do Ceará

A capitã cloroquina, a atual secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, é a próxima testemunha a ser ouvida pela CPI da Pademia. O depoimento está marcado para terça-feira (25), às 9h. A convocação dela partiu de cinco senadores: Alessandro Vieira (Cidadania-SE), Humberto Costa (PT-PE), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Rogério Carvalho (PT-SE) e o relator, Renan Calheiros (MDB-AL).

Eles alegam que Mayra se notabilizou como defensora de um “tratamento precoce” com medicações sem nenhuma comprovação efetiva contra o coronavírus, como a ineficaz cloroquina. As informações são da Agência Senado. Os parlamentares querem mais informações sobre a aquisição e distribuição de comprimidos de cloroquina pelo Ministério da Saúde, inclusive para Manaus e para o estado do Amazonas, que tiveram colapso no sistema de saúde no início deste ano, culminando com a falta de oxigênio nos hospitais. 

De acordo com os requerimentos, questões relativas a isolamento social, vacinação, postura do governo, estratégia de comunicação e omissão de dados também devem ser abordadas pelos senadores.  A secretária, que tem um diploma de médica pediatra, também terá que dar explicações sobre uma plataforma desenvolvida pelo Ministério da Saúde, o TrateCov, recomendando o uso de cloroquina no combate à Covid-19.

“Idéia de Mayra”

Em depoimento à CPI, o ex-ministro Eduardo Pazuello afirmou que a idéia do TrateCov partiu de Mayra Pinheiro, mas o programa nunca chegou a ser lançado oficialmente, pois fora  “roubado” e “hackeado” enquanto ainda estava em fase de desenvolvimento. ‘ Essa plataforma não foi distribuída aos médicos. Foi copiada por um cidadão, que fez a divulgação com usos indevidos. Quando soubemos determinei que fosse retirada do ar e que fosse aberto um processo para descobrir onde estavam os erros disso”, disse Pazuello.

Essa afirmativa de Pazuello foi desmentido na mesma hora em que o ex-ministro fez essa declaração, porque a plataforma, além de ser noticiada pela TV Brasil, ainda teve várias inserções de divulgação publicitária na TV estatal. A explicação do ex-ministro não convenceu os senadores Eduardo Braga (MDB-AM), Rogério Carvalho (PT-SE) e Omar Aziz (PSD-AM), presidente da comissão. Eles lembraram que sistema chegou a ser lançado e divulgado em meios de comunicação do governo federal.

Depoimento adiado

“A TV Brasil, que é uma TV oficial, apresentou não só a matéria jornalística sobre o lançamento do programa TrateCov, como fez campanha publicitária. É preciso que o senhor Pazuello explique isso — cobrou Braga. O depoimento de Mayra Pinheiro estava inicialmente marcado para esta última quinta-feira (20), mas teve que ser adiado por causa da oitiva de Eduardo Pazuello, que se estendeu por dois dias. A exemplo de Pazuello, a secretária chegou a pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) um habeas corpus preventivo para não ser obrigada a responder as perguntas dos senadores, de modo a não produzir eventuais provas contra si.

O ministro Ricardo Lewandowiski, no entanto, entendeu que ela não seria ouvida como investigada, mas como testemunha, e  negou o pedido. Depois de ouvir a secretária, a comissão parlamentar de inquérito se reunirá para votação de requerimentos na quarta-feira (26), quando deve definir quem vai testemunhar na quinta (27).

Ultra conservadora

A secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Mayra Pinheiro, também está na pasta desde o começo das atuações de Bolsonaro e Mandetta. Ela tem um diploma de médica pediatra, mas sempre exerceu uma atuação política conservadora, tendo sido candidata ao senado pelo PSDB do Ceará em 2018, tendo nascido em Fortaleza em 21 de novembro de 1966.

Pinheiro, que se notabilizou por ser opositora da atuação de cubanos no programa Mais Médicos, teve na eleição de 2018 para o Senado um total de 882.019 votos (11,3% dos votos válidos), ficando em quarto lugar. Nessa eleição foram eleitos os senadores Cid Gomes (PDT) e Eduardo Girão (Pros). Despreparada para a democracia, em 2013, ela foi flagrada xingando médicos cubanos que chegavam ao Brasil para atender a população pelo programa Mais Médicos. Junto a outros médicos, chamava os profissionais cubanos de “escravos”. Depois, tornou-se presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará.