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Carnaval no Centro de Vitória (ES), fica distante das suas tradições e é animado por blocos


Fim do Carnaval na Avenida Jerônimo e nas Praças Oito e Costa Pereira marcam o término da era das festividades históricas no Centro de Vitória. A animação oficial fica agora na Avenida Beira-mar


Bloco da Nair levou uma multidão até a Avenida Beira-mar, local onde ocorre o Carnaval do Centro de Vitoria | Foto: Redes sociais

No novo formato do Carnaval do Centro de Vitória (ES), que rompeu com o tradicional Carnaval na Avenida Jerônimo Monteiro, Praça Oito de Setembro e a Praça Costa Pereira, idealizado pelo ex-prefeito Luciano Rezende (Cidadania), o maior atrativo deste último domingo (19) foram os blocos carnavalescos. A atual administração manteve as mudanças promovidas pelo prefeito anterior. Impedidos de proporcionar a folia nos últimos dois anos, devido a pandemia do Covid-19, os blocos Regional da Nair, Maluco Beleza e Puta Bloco voltaram com força em 2023. Neste último domingo (19), o Regional da Nair trouxe uma multidão de foliões para a avenida Beira-mar.

Dois anos após a suspensão do Carnaval de rua em Vitória, as festividades voltaram e, no Centro, foi mantida a mudança do local do local histórico para o trecho da Avenida Beira-mar, entre os armazéns do Porto de Vitória e a Curva do Saldanha, alterada por decisão do ex-prefeito Luciano Rezende. Do passado, no Carnaval 2023 foi mantida apenas a tradição de ser realizada uma matinê para as crianças, no Parque Moscoso. O evento infantil, que se iniciou no último sábado (18), prossegue nesta Segunda e Terça-feira de Carnaval, entre 10 e 14 horas.

O Carnaval do Centro Histórico de Vitória (ES) que não existe mais. No vídeo, são imagens do Carnaval de 2011 | Vídeos: YouTube

Tradição que acabou

O tradicional Carnaval de rua do Centro Histórico de Vitória, era realizado no palco onde gerações antigas sempre comemoraram as festas carnavalescas, como a Avenida Jerônimo Monteiro, Praça Oito de Setembro e Praça Costa Pereira, ficou no passado. Não existe mais. O último Carnaval na região histórica ocorreu em 2019. Em 2020, no último ano da estão do ex-prefeito Luciano Rezende (Cidadania) a Prefeitura de Vitória (PMV

) determinou que as festividades fossem realizadas na Avenida Beira-Mar, local onde não há o casario antigo, que proporcionava o charme e encanto do Carnaval do Centro de Vitória.

O tablado, que existia na Praça Oito e nem o palco que fica na calçada frontal dessa mesma praça, ficou apenas na memória das pessoas com mais idade. Agora, em plena noite de Carnaval, o trânsito circula normalmente pela Avenida Jerônimo Monteiro, a principal avenida do Centro Histórico. Na Praça Oito o forte era as marchinhas tradicionais. A música carnavalesca baiana ficava na Praça Costa Pereira e na frente da Fafi havia um outro palco. Tudo isso ficou no passado. Não existe mais.

Flagrantes do Carnaval no Centro de Vitoria em 1912 | Fotos: Divulgação/Arquivo Público do Espírito Santo

Terno e gravata e batalha de confetes no Carnaval do Centro, em 1912

De acordo com fotografias históricas do Carnaval do Centro de Vitória disponibilizadas pelo Arquivo Público do Espírito Santo, as festividades carnavalescas era uma festa familiar voltada exclusivamente para a diversão. Quem não fosse com uma elegante e cara fantasia deveria ir para a rua a rigor, vestindo terno e gravata. O respeito pelo próximo ficava acima de tudo. Os adereços carnavalescos vinham de Paris.

As mulheres e crianças também se vestiam a rigor. O pandeiro e o violão faziam parte dos instrumentos musicais do Carnaval no início do Século XX. De acordo com o Arquivo Público, os primeiros registros do Carnaval na imprensa ocorreram em 10 de fevereiro de 1864 o jornal “Correio da Victoria“, trouxe a notícia sobreo o Carnaval do Centro de Vitória. “Aplaudiu-se nos dias 7,8 e 9, os festejos carnavalescos, como era de esperar da bela rapaziada, percorrendo as ruas grande número de máscaras”, registrou no final do Século XIX o jornal daquela época.

“A leitura dos anúncios dos periódicos do século XIX possibilita apreender a relevância social que o carnaval possuía. Nos dias que antecediam a festa as lojas publicavam a chegada de adereços para a venda, até mesmo provenientes de Paris. Nas datas próximas ao carnaval divulgava-se também a programação da festa. Em algumas situações, foliões aflitos enviavam cartas aos jornais perguntando como seriam as comemorações”, narra o Arquivo Público Estadual.

No final do século XIX , as comemorações ocorriam no Centro da cidade, com destaque à Rua do Rosário e à Sete de setembro. Nesses espaços ficavam também as vendas cheias de novidades para os foliões se arrumarem para a festa. O carnaval do Centro, com fitas douradas e roupas de luxo, constratava com o “carnaval periférico”, que ocorria na Cidade de Palha, hoje Vila Rubim. No local ocorriam guerras de mamonas – fruto do mamoeiro. Era comum que as brincadeiras se transformassem em brigas mais acirradas, destaca o órgão governamental ao citar trecho do livro Carnaval Cem Anos, do escritor capixaba Anselmo Gonçalves.

Segundo o autor, no final do século XIX, havia o desfile das carroças, que saía da Rua do Rosário e alcançava, a São Francisco, na Cidade Alta. Dois principais clubes animavam a capital, o Indiano e o salão da Rua da Alfândega, no qual, conforme diz: “(…) com capacidade para 200 pessoas e exigências de fantasias de dominó, pierrot, príncipes, marinheiros e a banda Caramurú, disputavam a frequência dos carnavalescos”. No início do século XX os confetes e serpentinas vieram somar a ornamentação e trouxeram um novo colorido às festividades. “Era o surgimento das ‘batalhas de confete’, realizadas com requinte e luxo, de muitos chapéus coloridos, lenços brancos, vestidos de cintura baixa” discorre Gonçalves. 

Programação dos blocos em Vitória para esta segunda e terça:

Segunda (20)

10h – BatuQdellas. Concentração: avenida Beira-Mar (praça Pio XII), Centro.

14h – Vai Que Gama. Concentração: rua Gama Rosa, Centro.

15h – Coisas de Negres. Concentração: avenida Governador Bley, Centro.

Terça-feira de Carnaval  (21)

8h – Amigos da Onça. Concentração: Chafariz da Capixaba, Centro.

12h – Piranhas do Jabour. Concentração: rua Professora Odila Simões, Jabour.

14h – Galinha Preta. Concentração: rua Maria Saraiva (Bar da Zilda), Centro.

Sábado (25 de fevereiro)

13h30 – Kustelão. Concentração: Kartódromo de Jardim Camburi.

14h – Esquerda Festiva. Concentração: escadaria da Piedade, Centro.

Domingo (26 de fevereiro)

10h – Pela Donas do Centro. Concentração: rua Sete, Centro.

13h – Te Pego Lá Fora. Concentração: Avenida Ranulpho Barbosa dos Santos (praça do chorinho), Jardim da Penha.

14h – Prakabá. Concentração: rua Maria Saraiva, Centro.