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Casagrande é acusado pela Adufes por não adotar políticas rígidas de enfrentamento ao Covid-19

Por não adotar medidas rígidas de combate ao Covid-19, governador do ES é acusado de seguir cartilha bolsonarista | Imagem: Adufes

Em um manifesto intitulado “Pela Vida das Mulheres: Fora Bolsonaro e Mourão!”, com a participação de 74 organizações, como centrais sindicais, movimentos populares e parlamentares e da qual a Associação dos Docentes da Ufes (Adufes) também é signatário, é tecido críticas ao governador capixaba, Renato Casagrande (PSB). No manifesto é destacada a situação do Brasil em meio à pandemia da Covid-19, tratada de forma omissa e irresponsável pelo governo Bolsonaro e analisado que “a realidade do Espírito Santo não passa despercebida”.

No documento, as entidades denunciam que, mesmo não sendo da base aliada do presidente, a gestão de Renato Casagrande segue a linha bolsonarista ao não aplicar medidas duras de enfrentamento à Covid-19; não implementar políticas públicas sólidas e emergenciais no enfrentamento à situação de pobreza e extrema pobreza, à situação de desemprego da classe trabalhadora, e à política educacional.  “Que se demonstrou vacilante, equivocada e de intensificação da exploração do trabalho do professorado”, garante o documento afixado na página oficial da Adufes na internet.

Segundo a Adufes, o manifesto foi publicado pela organização do Oito de Março no Espírito Santo, da qual a entidade dos professores da Ufes faz parte. Além de reivindicar o impeachment de Bolsonaro e Mourão, por meio do manifesto as entidades organizadoras do Oito de Março dizem basta ao machismo, racismo, LGBTfobia e todas as formas de violência; defendem vacina para todas e todos; retorno do Auxílio Emergencial; revogação da Emenda Constitucional 95, que congelou durante 20 anos o investimento em políticas públicas; crédito emergencial para a agricultura familiar; entre outros.

Desigualdades raciais no ES

O manifesto também faz o recorte racial, uma vez que, entre as mulheres, as negras sofrem ainda mais as consequências da desigualdade de gênero. O documento traz dados do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), que mostram que entre 2012 e 2018 a proporção de pobres entre pessoas da raça/cor negra aumentou 0,8 pontos percentuais no Espírito Santo e -1,7 pontos percentuais entre as pessoas brancas. Entre 2016 e 2018, aponta o manifesto, a queda foi maior para homens, com 2,2 pontos; do que para as mulheres, com 1,1 ponto percentual.

No quesito violência contra a mulher, os números são alarmantes. “No Espírito Santo, se compararmos os dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública (SESP), anos de 2019 e 2020, a violência contra as mulheres teve um aumento significativo, tanto no que tange às mortes violentas como em relação aos registros de ocorrências da Lei Maria da Penha”, diz o manifesto.  Em 2019, foram registradas 91 mortes violentas de mulheres no Espírito Santo. Já em 2020, até 31 de Dezembro, 102 mortes.

Trata-se de um aumento real de 12,08 % de assassinatos de mulheres. Dessas 102 mulheres mortas violentamente em 2020, 34,31% eram pardas, 9,8% brancas, 6,96% pretas e 49,02% não informaram. Dentre os meios utilizados para ceifar suas vidas, verificaram-se 56 assassinatos por arma de fogo, 31 por arma branca, oito não informados, e sete por outros meios.

Programação

Além do manifesto, a organização do Oito de Março elaborou de uma programação que mescla atividades remotas e presenciais, essas últimas, com respeito aos protocolos sanitários, como distanciamento social e utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). As atividades foram e serão desenvolvidas nos municípios de Alegre, Aracruz, Cachoeiro de Itapemirim, Guarapari, São Mateus e Vitória. A programação completa conta com cursos, palestras, atos públicos, carreatas, entre outras ações.

“A Adufes considera o Oito de março uma data de luta. Este ano, a pandemia nos impôs o desafio de não deixar a já tradicional manifestação esmorecer. Não podemos ir em massa para as ruas, participar da marcha, mas podemos e devemos fazer adaptações para deixar registrada a luta das mulheres contra o machismo, afirmar altivamente que não aceitamos as medidas impopulares do governo Bolsonaro, que nos impõe perdas de direitos, precarização das políticas públicas e outros ataques que, como sabemos, afetam principalmente as mulheres”, diz a presidenta da Adufes, Ana Carolina Galvão.