Após os bolsonarismo ter “sequestrado”, indevidamente, a bandeira brasileira e a camisa amarela da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), grandes empresas e a própria CBF promovem campanha para despolitizar o uniforme da Seleção. Com o vínculo das cores nacionais ao negacionismo da ciência, terraplanismo e outras bizarrices, além do viés com ideologias nazifascistas, boa parte da população tomou nojo dessas cores. Agora, a CBF vê que é hora de exorcizar o bolsionarismo e recuperar as cores nacionais.
Nesta última segunda-feira (7), antes do técnico da Seleção brasileira, Tite, anunciar os 26 atletas que buscarão o hexacampeonato no Catar a direção da CBF fez questão de apresentar o novo vídeo institucional chamada Energia, que tem como objetivo despolitizar a camisa amarela. A peça é uma iniciativa da CBF para dissociar o uniforme da Seleção da política, já que a camisa foi “sequestrada” pelos apoiadores de Bolsonaro.
No vídeo com um minuto e 20 segundos, um rap utiliza um refrão com trecho da música de Lulu Santos “Tão bem”. O refrão diz: “Ela me faz tão bem, Ela me faz tão bem/Que eu também quero fazer isso por ela.” O presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues ao se referir ao vídeo disse que “É o início de uma campanha institucional. Passará na TV aberta e fechada, e redes sociais. É para mostrar que todos podem se sentir bem com a camisa da seleção.”
Durante o uso exacerbado da camisa amarela pelos bolsonaristas, a CBF vinha se preparando para lançar a dissociação do uniforme amarelo com a política, para evitar o que a maioria dos torcedores se afastassem da cor amarela. Mas, a entidade concluiu que teria de aguardar o fim do processo eleitoral e que diante da derrota de Bolsonaro, foi criada a oportunidade de lançar a campanha de despolitização da camisa amarela. A atitude do jogador bolsonarista Neymar, em apoiar o candidato derrotado da extrema-direita, no entanto, não foi punida pela CBF, que alegou respeito aos posicionamentos do elenco que compõe o selecionado de futebol.
Campanha de recuperação da camisa amarela por empresas
Ainda em agosto e antes do primeiro e do segundo turnos da eleição presidencial, mas já com vistas à Copa do Mundo do Catar, a Ambev colocou no ar uma campanha publicitária da marca Brahma, na qual o narrador Galvão Bueno chama o público a “lembrar do significado original da amarelinha”. Na peça, os torcedores são estimulados a deixar de lado as diferenças que têm fora de campo. O vídeo foi um meio encontrado pela indústria cervejeira a tentar despolitizar a camisa amarela, recuperando o real significado da camisa da seleção brasileira de futebol, intenção que também adotada pela marca Nike, ao divulgar a nova camisa.
O tom das peças publicitárias é mostrar que esse símbolo nacional não tem lado político, apesar de ter sido exaustivamente usado por apoiadores do atual presidente de extrema-direita, Jair Bolsonaro (PL). “Independentemente das nossas diferenças fora de campo, chegou a hora de lembrar o significado original da nossa camisa”, diz a propaganda da marca da Ambev. “Tire a amarelinha do armário e vista a sua camisa, ela é sua, é minha e de toda a nossa torcida”, complementa.
A peça da Ambev foi a que mais se aproximou do amor e ódio à camisa amarela da Ambev, devido à tensão política em torno dos símbolos nacionais. Já a fabricante de artigos esportivos Nike optou por um tom político foi mais distante. “É coletivo. Representa mais de 210 milhões de brasileiros. É a nossa garra. Veste a garra”, escreveu a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) em um trecho do post nas redes sociais no qual divulga o produto dessa empresa patrocinadora da Seleção.
Ambev: Carnaval, churrasco, música e futebol nos une
Em nota, a Brahma afirmou que “sempre acreditou muito que existem mais coisas que nos unem do que nos separam. Nossa missão sempre foi unir os brasileiros através das paixões nacionais – o carnaval, o churrasco, a música, o futebol. Agora, faltando quase 100 dias para a Copa, o sentimento que a gente ouviu é de que, independentemente das diferenças fora de campo, as pessoas querem torcer pela seleção, gritar gol com a amarelinha, sentir o maravilhoso clima de uma Copa. Com esta campanha, queremos relembrar os brasileiros de que a Copa está quase chegando.”
Também por meio de nota, a Nike disse que “o uniforme da seleção é como uma bandeira nacional, simboliza o país e seu povo. O mote da nova campanha da Nike para a Seleção é a garra brasileira, inspirada na onça-pintada e na garra do nosso povo. Dentro de campo, garra é seguir em frente, é driblar, pedalar, rabiscar, lutar, mas, acima de tudo, representa o espírito de resiliência de todo o povo brasileiro”.