Contra a escala 6 X 1, Isenção da tabela do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, contra as altas taxas de juros e a taxação das grandes fortunas, são as principais pautas das centrais sindicais que participam conjuntamente na comemoração do 1º de Maio em Vitória (ES). Neste ano o mote é “Por um Brasil justo, solidário, democrático, soberano e sustentável.”

Neste feriado universal de1º de maio, as centrais sindicais estarão nas ruas em todo o país para celebrar o Dia Internacional do Trabalhador e da Trabalhadora, uma data histórica de luta por direitos, justiça social e melhores condições de vida para a classe trabalhadora. De acordo com a presidente da CUT no Espírito Santo, Clemilde Cortes Pereira, em entrevista ao Grafitti News, as comemorações do 1º de Maio na Capital capixaba se iniciam com concentração às 87 horas na Praça Costa Pereira, no Centro Histórico de Vitória (ES) seguindo em direção ao Sambão do Povo, onde haverá atrativos, como shows musicais..
O 1º de maio é um marco da resistência trabalhista. A data é uma oportunidade para lembrar as lutas históricas que garantiram conquistas como a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), o 13º salário, o Fundo de Garantira do Tempo de Serviço (FGTS ) e a licença-maternidade.
É também um dia para reforçar a unidade e a resistência da classe trabalhadora, além de pressionar por avanços em relação à agenda trabalhista. A data é comemorada em homenagem às greves de Chicago, em 1886, onde trabalhadores lutavam pela jornada de trabalho de 8 horas e que culminou no Massacre de Haymarket, causando mortos e feridos.
A greve de 1º de maio em Chicago foi parte de uma onda de protestos trabalhistas que se espalhou por vários países, visando a redução da jornada de trabalho para 8 horas diárias. A polícia, no entanto, reagiu com violência, e o confronto se intensificou quando uma bomba explodiu na praça Haymarket, causando mortes e feridos. A data foi escolhida pela Segunda Internacional Socialista em 1889 para comemorar a luta dos trabalhadores, especialmente a greve de Chicago em 1886. O 1º de Maio é um símbolo que remota a reivindicação pela jornada de trabalho definida e pela luta por melhores condições para o trabalhador.

Como será o 1º de Maio entre os trabalhadores capixabas
Em entrevista ao Grafitti News, a dirigente regional da CUT no Espírito Santo, Clemilde Cortes Pereira, disse que neste ano haverá uma pequena alteração no local onde a comemoração do 1º de Maio será realizada em Vitória. Nos últimos anos tem sido realizado em um espaço redondo dentro do Portal do Príncipe, em frente à Rodoviária de Vitória. Ela disse que nesse círculo há impedimento técnico para a colocação de estruturas, como um palco.
“Eu tenho um sonho de fazer um dia na Praça 8, que já foi muito simbólico fazer ali, mas a galera também não comporta. Mas enfim, a gente vai fazer esse lá no Portal do Príncipe, porque dá visibilidade. Dessa vez nós conseguimos o Sambão do Povo, ali onde é o recuo da bateria, a gente vai montar um palco, de frente da Baía, no Bairro Mário Cypreste. E aí vamos ter lá um palco”, explica a dirigente estadual da CUT-ES. Ela disse que terá como atrativos a Banda Movimento e o grupo Tamo Junto.
Concentração e pautas
Às 8 horas se dado início à concentração na Praça Costa Pereira, no Centro de Vitória. Clemilde Pereira detalhou como será a caminhada: “O pessoal da construção civil vai fazer uma assembleia da campanha salarial na Praça 8. E isso, as 9 horas {saíremos) da Praça Costa Pereira, encontramos com o pessoal na Praça 8 e vamos caminhando até o Sambão do Povo. Na caminhada vai ter animação do bloco, Coisa de Legris, da juventude. Vamos fazer essa caminhada.com as nossas pautas, que são:.
- Contra a escala 6 por 1.
- Isenção da tabela depois do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.
- E contra as altas taxas de juros
Ela ainda citou a taxação das grandes fortunas. “A gente colocou a pauta que nos unifica a todos. Por exemplo, se eu falo das altas taxas de juros, automaticamente eu estou falando da carestia. Mas aí perguntam se vocês não vão falar da {pauta[ “sem anistia”? Então, as nossas bandeiras continuam sendo as mesmas. Nós priorizamos no 1º de Maio, o que é mais atrativo para o trabalhador. Então, é nesse sentido. Constrói esse hábito com a gente”, disse a sindicalista.
Estão participando da comemoração conjunta do 1º de Maio no Espírito Santo o Movimento Vida Além do Trabalho (VAT) e as seguintes centrais sindicais:
- Central Única dos Trabalhadores (CUT)
- Intersindical – Central da Classe Trabalhadora
- Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)
- Força Sindical
- Central Sindical e Popular Conlutas (CSP-Conlutas)

Valorização do salário mínimo
Diante da não inclusão da valorização do salário mínimo brasileiro, um dos menores e mais desvalorizados do mundo, foi perguntado à presidente da CUT-ES porque da não inclusão entre as pautas deste ano. Inclusive, foi lembrado à sindicalista que o atual valor de R$ 1.518,00 do salário mínimo é menor do que o da Bolívia e de todos os demais países sul-americanos, com exceção da Venezuela. Veja qual foi a resposta:
“Olha só, está tendo…Nós já fizemos a marcha do salário mínimo. A gente sempre luta por valorização do salário mínimo. Só que, assim, o ponto focal, nesse momento…São esses três pontos que eu te falei. Agora, por exemplo, tem a questão da pejotização (é quando a empresa passa a tratar o prestador de serviços como empregado, fazendo-o cumprir todas as regras que configuram uma relação de trabalho, conforme a lei) .Acabam o vínculo. Porque ninguém vai ser regido por nada.Todo mundo vai ser dono de nada,dono de si mesmo. Então, assim, a gente tem consciência que precisa pregar coisas maiores.”, foi a resposta.
Importância da unidade na luta trabalhista
No final da entrevista, Clemilde Pereira fez a seguinte observação: “É importante citar que a gente não perder de vista que o que está em jogo não é a questão financeira, tão somente. Mas a questão da unidade. E só com a unidade da classe trabalhadora é que a gente pode fazer frente a essa luta tão grandiosa e valorizar a luta dos que nos antecederam. Por exemplo, a redução da jornada de trabalho, sem a redução do salário, é uma luta histórica dos centrais. A gente tem que achar a pegada certa para antenar essa juventude e fazer… Na verdade, tirar esse povo da cadeira. Esse é um desafio grande.”
E finalizou: “Não esqueça de que todas as bandeiras progressistas são muito bem-vindas. A questão da bandeira da mulher, da negritude, dos LGBT…A questão de “sem anistia para a golpista”, nesse momento. não unifica.Tipo assim, tem gente que não vai.”

“Descanso não é privilégio e o Estado não pode ser cúmplice da exaustão”
A afirmação acima é da deputada estadual Camila Valadão (PSOL), autora do Projeto de Lei nº 635/2024, que propõe o fim da escala 6×1 nos contratos públicos, concessões e permissões de serviço público no Espírito Santo e estabelece, no mínimo, dois dias de descanso semanal. Ela lembra que o fim da jornada 6×1 é tema central do Dia das Trabalhadoras e dos Trabalhadores, celebrado em todo o país nesta quinta-feira (1º).
Ela defende condições mais dignas de trabalho e destacou a urgência de garantir jornadas que respeitem o tempo e a saúde de quem presta serviços ao Estado. “Descanso não é privilégio. É direito. E o Estado não pode ser cúmplice da exaustão. Nossa proposta enfrenta uma lógica que naturaliza a sobrecarga e rompe com décadas de negligência em relação ao tempo de vida de quem trabalha”, afirma a deputada.
Inspirada no movimento nacional Vida Além do Trabalho (VAT), a iniciativa responde às denúncias de jornadas exaustivas e à urgência de assegurar tempo livre como parte da dignidade laboral. “O descanso adequado precisa ser regra, não exceção”, pontua Camila. O Projeto de Lei também determina que contratos vigentes com o poder público estadual sejam adaptados à nova regra. A justificativa da proposta aponta que, em muitos casos, as concessões públicas podem ter duração de até 35 anos, o que, sem a exigência de adequação, retardaria por décadas a aplicação do direito ao descanso.
“Para corrigir essa distorção, propusemos a alteração imediata dos contratos já firmados. Todas as pessoas que prestam serviço ao Estado precisam ser alcançadas por essa conquista, e não apenas as futuras contratações”, defende a parlamentar. A proposta de Camila Valadão resgata o sentido original do 1º de Maio: a valorização da vida do trabalhador e da trabalhadora. “Nosso compromisso é com uma política pública que respeite o corpo, o tempo e a saúde de quem constrói o Espírito Santo todos os dias. Jornada digna é compromisso com a vida”, conclui.