O país é uma ditadura monárquica absolutista, que penaliza o homossexualismo, a corrupção impera e milhares de trabalhadores morreram durante a construção dos estádios para o evento esportivo
Faltando 63 dias para a abertura da Copa do Mundo no Catar, diversas celebridades francesas estão participando de um movimento que visa promover o boicote ao evento. Os motivos estão na lista de atores, escritores e até de políticos, um rol de motivos. Por ser o Catar que culturalmente ainda vive na Idade Média, os idealizadores do boicote citam o desrespeito aos direitos humanos, a criminalização da homossexualidade, a corrupção dos membros da família real, morte de milhares de trabalhadores que atuavam nas obras para a realização do evento, com abertura no próximo dia 20 de novembro.
Ainda está na lista o desrespeito daquele país com o meio ambiente, como a construção de gigantescos sistemas de ar-condicionado nos estádios, chamado pelas celebridades francesas de “gastos nababescos”. Segundo estudo de pesquisadores da Universidade de Wisconsin-Madison, publicado em uma edição especial da revista Plos Medicine, mostrou que as consequências danosas do aparelho de ar condicionado para o meio ambiente.
No estudo, os cientistas provaram que o maior número de aparelhos de ar condicionado provoca um aumento no consumo da energia elétrica e que isso exige maior geração de combustíveis fósseis. A explicação é que a crise climática vem reduzindo o nível dos rios e, por consequência, diminuindo a geração por hidroelétricas, o que exige o uso de geradores com combustíveis fósseis. Com isso, alegaram que vai ocorrer um aumento na poluição global.
Catar, uma ditadura monárquica que vive na Idade Média
A hashtag #BoycottQatar2022 (#BoicoteCatar2022, em português) passou a ser comum nas redes sociais da França, segundo a imprensa francesa. O Catar é regido por uma ditadura, através de uma monarquia absoluta e que tem o Emir do Catar, Tamim bin Hamad al-Thani, como o ditador. O cargo do tirano é hereditário e ele é o chefe do poder executivo e do legislativo. É o ditador quem nomeia o primeiro-ministro e é ele quem forma o gabinete. Todos são subalternos a ele e o país segue a Lei Sharia, um copilado religioso “jurídico” com conteúdo islâmico da Idade Média.
Essa “legislação” é aplicada ao Direito da Família, herança e vários atos criminosos (incluindo prática do homossexualismo, adultério, roubo e assassinato). Em alguns casos, em tribunais de família baseados na Sharia, o testemunho de uma mulher vale metade de um homem e, em alguns casos, uma testemunha do sexo feminino não é aceita de forma alguma.
De acordo com a imprensa francesa, participam vários famosos, entre esses a ex-estrela do futebol francês e hoje ator Eric Cantona, Vincent Lindon, um dos atores mais prestigiosos atualmente na França, vencedor de vários prêmios. A romancista, ensaísta e autora best-seller mais esperada dessa temporada literária, Virginie Despentes (traduzida no Brasil pela N-1 Edições e Cia das Letras), ou mesmo o presidente do Partido Comunista Francês (PCF), Fabien Roussell. Entre eles, um assunto comum que sacode o país em ano de Copa: um boicote total como forma de protesto ao evento.