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Chofer de Bolsonaro em eventos, Nelson Piquet diz desejar a morte de Lula e vira alvo de inquérito da PF

Nelson Piquet, no circulo vermelho, deseja a morte de Lula e vira alvo de inquérito policial a pedido do MPF | Foto: Arquivo

O bolsonarista ex-piloto de fórmula 1, Nelson Piquet, que foi acusado em julho último de fazer comentários racistas e homofóbicos contra o também piloto e campeão mundial de Fórmula 1, Lewis Hamilton, e que atuou como chofer do atual presidente extrema-direita, Jair Bolsonaro (PL), sugeriu a morte do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A sua fala, em vídeo divulgado em redes sociais, foi feita durante a sua participação pessoal no movimento antidemocrático dos caminhoneiros, que paralisaram diversas rodovias pelo país.

Diante desse crime, o Ministério Público Federal (MPF) solicitou, nesta última quinta-feira (3), a abertura de inquérito policial contra o chofer de Bolsonaro sobre possível incitação pública a crime, bem como à animosidade entre as Forças Armadas e os poderes constituídos. O investigado proferiu declarações em vídeo na internet que estimula a deposição do governo eleito, assim como a prática de violência contra Lula. Leia a íntegra da decisão do MPF, em arquivo PDF, clicando neste link

O bolsonarista Piquet durante participação de ato antidemocrático em Rio do Sul (SC) estimula violência contra o presidente eleito | Video: Redes sociais

Em trecho do documento, assinado pelo procurador da República, Paulo Roberto Galvão de Carvalho, ele diz: “Nelson Piquet, morador de Brasília, proprietário da empresa Autotrac, sua empresa de monitoramento e segurança de caminhões e até por isso, não só bolsonarista frenético, com ligação com empresas de transportes por caminhoneiros e seguidor do presidente Jair Messias Bolsonaro, faz grave ameaça de morte velada ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e estimula muitos também para o fazerem, em uma manifestação criminosa de bloqueios nas rodovias durante esse dia de finados, dia 02/11, em um encontro com eles (vídeo anexo e links).”

“A frase que é clara referência à morte do presidente eleito proferida por ele, nas cenas no vídeo, o automobilista aposentado primeiramente diz que “vamos botar esse Lula filho da puta pra fora disso”. Quando seu interlocutor repete o lema de Bolsonaro, “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”, Piquet completa dizendo “e o Lula lá no cemitério, filho de uma puta”. Além desse crime de ameaça de morte explícita, estava no local estimulando intervenção militar. Nessa mesma manifestação, mas com o mesmo intuito, em reunião em Rio do Sul/SC, segundo informações colhidas nas redes sociais, um militante bolsonarista, de nome desconhecido, mas compartilhado intensamente por várias redes sociais, mas posso citar um indivíduo no Tik Tok de nome @maicondasilva.12345 (login), que compartilhou dezenas de milhares de vezes no TikTok, com om milhares de curtidas, o mesmo crime, pedindo intervenção militar, e pode se notar no vídeo a estrutura profissional, até com mesa de som para esse evento criminoso”, prossegue a denúncia do órgão ministerial.

O ex-piloto, antes de doar R$ 501 mil para a campanha eleitoral do derrotado Bolsonaro, a sua empresa Autotrac recebeu R$ 6,6 milhões em contratos com o Ministério da Agricultura do atual governo. A Autotrac deve R$ 6,3 milhões em impostos. Ainda se encontra na Justiça o processo que se refere ao envolvimento de Piquet em um escândalo racista, quando chamou o campeão de Fórmula 1, Lewis Hamilton, de ‘neguinho’ por diversas vezes durante uma entrevista. Caso condenado, o bolsonarista terá de pagar indenização de R$ 10 milhões.

MPF anexou o vídeo na denúncia entregue à PF

O procedimento foi aberto após representação recebida no órgão contendo arquivo de audiovisual em que Piquet manifesta-se contrário à admissão do resultado das eleições presidenciais de 2022. “Vamos botar Lula filho de uma puta fora disso.” “E Lula lá no cemitério, filho de uma puta”.

Para o MPF, as declarações de Nelson Piquet aparentam não se limitar a meras expressões de opinião a respeito do governo eleito, mas como formas concretas de incitação dirigida à população em geral. Foram ditas em gravação realizada em público e durante atos com milhares de pessoas, evidenciando-se a ciência de que viriam a ser difundidas ou divulgadas.

O documento ressalta que Nelson Piquet é pessoa de notoriedade pública e que, por isso, deveria saber que suas declarações têm o potencial de alcançar centenas de milhares de pessoas. A manifestação relatada aconteceu em meio participantes que de fato demandavam a não admissão do governo eleito, inclusive com pedidos de intervenção das Forças Armadas.

O despacho destaca ainda que a manifestação crítica aos poderes constitucionais deve continuar a ser amplamente assegurada – direito assegurado na Constituição e também em Lei federal. No entanto, quando há possível prática de incitação a crime de violência, o Ministério Público deve interferir investigando o caso.

Nelson Piquet será chamado para oitiva na PF, assim como a pessoa que gravou o vídeo e o local e o horário em que a gravação foi realizada também deverá ser esclarecido.