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Cientista chileno cria a primeira vacina de imunocastração para caninos do mundo


A vacina elimina ato cirúrgico para castração de cães. Agora, estão sendo desenvolvidos estudos de uma fórmula para gatos, já que a proteína pura produz o mesmo efeito nos felinos, mas ainda há necessidade de um adjuvante para uma formulação especial


O professor Leonardo Sáenz, acadêmico do Departamento de Ciências Biológicas da Universidade do Chile e a vacina Egalitte | Imagens: Álbum pessoal e divulgação

Ao procurar uma alternativa à esterilização cirúrgica animal, o professor da Faculdade de Ciências Veterinárias da Universidade do Chile (Favet), Leonardo Enrique Saenz Iturriaga, testou uma nova vacina que que elimina ato cirúrgico para castração de cães. Em um procedimento feito em Santiago, capital do Chile, um cãozinho chamado Findley foi um dos primeiros do mundo a ser castrado sem “ter que passar pela faca” e com a possibilidade de voltar a ser fértil.

A nova vacina, quer foi licenciado pela empresa de biotecnologia NGEN Laboratórios e que tem o nome comercial de Egalitte, foi lançada no Congresso Veterinário Chileno deste ano, exige que o tutor faça a primeira aplicação com duas doses, sendo adotado um intervalo de 30 dias entre as duas. A partir daí deverá aplicar a cada ano uma única dose. É dada a garantia de que o medicamento é uma solução biológica, sem efeitos colaterais, é ambulatorial e reversível

“É uma alternativa que pode atingir uma população maior porque é muito mais fácil de usar, e também tem efeito no controle da agressividade, especialmente em males”, diz o professor Leonardo Sáenz. Segundo o professor Sáenz, “deve tentar utilizar as ferramentas que existem, para converter essas tecnologias em algo que seja efetivamente uma contribuição para a sociedade e não apenas permanecer na publicação científica. É isso que queremos dizer quando falamos de transferência de conhecimento da Universidade para a sociedade”.

Como funciona a castração por vacina | Imagem: Divulgação

Sem secreção de hormônios sexuais

“Por não ter atividade hormonal, você não tem a secreção de hormônios sexuais que controlam a atividade sexual dos cães portanto, tem efeito semelhante à castração cirúrgica, mas sem extração por meio daquele procedimento cirúrgico”, explicou o professor Sáenz.

A iniciativa surgiu da pesquisa de pós-doutorado do acadêmico Sáenz, focada no desenvolvimento de uma vacina imunocastral para mamíferos. A investigação foi patenteada em 2009 pela Universidade do Chile. Em 2010, através do Fundo para a Promoção do Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FONDEF), começou a ser testada em cães e porcos.

Atualmente, a Universidade do Chile continua sendo proprietária de 100% da patente da vacina enquanto a empresa de biotecnologia NGEN Laboratorios tem a licença para ser comercializado no mercado como EGALITTE, um imunocastrador para igual uso em cães fêmeas e machos. A NGEN Laboratorios é dirigida pelo veterinário Hernán Aguilera, e tem como missão aproximar a biotecnologia do consumidor final, gerando ferramentas que promovam o bem-estar animal.

Somente veterinários poderão fazer a aplicação da vacina

De acordo com o NGEN Laboratórios, a vacina estará disponível para aquisição sob prescrição retida, através de organizações públicas e privadas, podendo ser administrado apenas por médicos veterinários, após avaliação clínica prévia do animal. O produto foi patenteado em 40 países, destacando-se por ser uma solução biotecnológica, ambulatorial, reversível, igualitária e sem efeitos colaterais.

“Esperamos que seja bem recebido pelos municípios, porque são eles que realizam castrações em massa. Na esfera privada, projetamos uma boa recepção das equipes veterinárias, pois é um produto que só pode ser utilizado por profissionais, ou seja, não estará disponível em farmácias”, acrescentou Aguilera.

A pesquisa vai avançar para encontrar uma fórmula para gatos, já que a proteína pura produz o mesmo efeito nos cães, mas necessita de um adjuvante para fazer uma formulação especial para os felinos | Foto: Freepik

Grafitti News perguntou quando haverá a mesma vacina para gatas

O Grafitti News entrou em contato com o cientista chileno através de e-mail e entre as questões feitas estava a que perguntava se existe perspectivas para o desenvolvimento da mesma vacina para imunocastração de felinos, como as gatas. O professor encaminhou o questionamento ao veterinário Hernán Aguilera, o diretor geral NGEN Laboratorios, a quem entrou em contato com este portal de notícias.

“Obrigado pelo seu interesse em saber mais sobre Egalitte: Sim, estamos mesmo à procura de uma fórmula para gatos, a proteína pura produz o mesmo efeito mas precisamos de um adjuvante para fazer uma formulação especial para gatos”, iniciou o veterinário Aguilera.

“Não contém vírus, bactérias ou outros organismos”, diz Aguilera

“Na verdade, as pessoas chamam-lhe vacina, mas tecnicamente não é uma vacina (não contêm vírus, bactérias ou outros organismos) e não cura nem previne nenhuma doença. Bloqueia imunologicamente apenas um hormônio fundamental na maturação sexual dos mamíferos (GnRH), aliás, a patente foi criada para uso em mamíferos”, explicou o dirigente daquele laboratório chileno.

“É uma proteína recombinante que gera uma resposta anti-GnRH e, portanto, bloqueia a maturação sexual durante o período em que os níveis de anticorpos anti-GnRH permanecem elevados (12 meses). Por ser uma proteína, não apresenta efeitos colaterais e é muito seguro mesmo quando aplicado 3 vezes a dose. Espero responder aos seus interesses, caso contrário, estamos disponíveis para uma reunião por videochamada”, concluiu o veterinário para o Grafitti News.