Com a maior procura pelas vacinas, pesquisa feita pela Confederação Nacional de Municípios apurou que está faltando imunizantes no Brasil. No governo anterior, sobrava imunizantes, devido a campanha antivacina movida pelo próprio presidente Bolsonaro
Após o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro ter feito campanha sistemática contra a vacina, o Brasil “tem enfrentado alguns surtos de novas doenças que antes não eram identificadas em certas regiões ou até mesmo que não existiam no país, bem como de doenças que já haviam sido eliminadas, como sarampo, e das que ainda correm o risco iminente de reintrodução, como a paralisia infantil.” A afirmação entre aspas é de uma pesquisa da Confederação Nacional de Municípios (CNM).
A consequência da campanha contra a vacina, estimulada pelo ex-presidente, surge agora, com a constatação de que falta de vacinas em mais de 1,5 mil municípios brasileiros. “A falta de insumos essenciais para garantir a cobertura vacinal plena tem sido enfrentada por seis em cada dez Municípios”, atesta a entidade na apresentação de seu estudo.
A pesquisa da CNM revela que em 64,7% dos Municípios há falta de vacinas para imunizar a população, principalmente as crianças. O levantamento foi produzido entre os dias 2 e 11 de setembro último e contou com a participação de 2.415 Municípios. Agora, a entidade, que não denunciou o ex-presidente durante a gestão de seu Govero, diz que “o Ministério da Saúde é o responsável por fazer a aquisição e a distribuição de todas as vacinas do Calendário Nacional de Vacinação para os Municípios.”
Movimento antivacina do Governo Bolsonaro
E completa dizendo que os Estados são responsáveis de prover seringas e agulhas para que os municípios possam realizar a vacinação na população. “É importante lembrar que a vacinação foi um dos eixos do desfile de 7 de setembro deste ano. Apesar disso, o que verificamos, infelizmente, foi a falta de imunizantes essenciais há mais de 30 dias na maioria das cidades pesquisadas e ainda o risco de retorno de doenças graves, como a paralisia infantil”, destacou o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, sem responsabilizar quem gerou a onda antivacina no Brasil.
Continuando, o ex-prefeito de Mariana Pimentel (RS) pelo MDB em duas gestões em duas gestões (1993-1996 e 2001-2004), o atual presidente da CNM, existe uma “dissonância entre o discurso oficial do Governo Federal e a realidade municipal”, o que na sua opinião “gera frustração e pressão sobre os gestores, que, além de lidarem com as expectativas da sociedade, enfrentam a falta de vacinas e insumos essenciais para garantir uma cobertura vacinal eficaz.”
“Estamos cobrando do Ministério da Saúde que disponibilize os imunizantes para vacinar as crianças e suas famílias o mais rapidamente possível”, completa Ziulkoski. A pesquisa da CNM aponta que os municípios sinalizaram a falta de vacinas há mais de 30 dias, e outros há mais de 90 dias. O estudo da CNM questionou os municípios sobre quais as vacinas que estavam em falta e o imunizante Varicela foi a de maior predominância, não chegando a 1.210 Municípios. A CNM destaca que esta vacina é utilizada para fazer o reforço das crianças de 4 anos contra a catapora.
O Governo Bolsonaro combateu o uso de vacina para Covid e seus seguidores não tomaram o medicamento por questão ideológica. Agora, a pesquisa da CNM apurou que “a vacina para proteger as crianças contra o vírus da Covid-19 é a segunda mais em falta.” O imunizante apresentou falta em 770 Municípios, com uma média de 30 dias de atraso, atesta a pesquisa da entidade que representa os municípios. A vacina Meningocócica C está em falta em 546 Municípios, com uma média de 90 dias sem o imunizante. Esta última protege as crianças contra bactéria que pode causar infecções graves e fatais, como a meningite.
Outros imunizantes em falta
Também foram apontadas como em falta nos Municípios: a Tetraviral, que combate o sarampo, a caxumba, varicela e a rubéola, em 447 Municípios; a Hepatite A, em 307 Municípios; e a DTP, que combate a difteria, tétano e coqueluche, em 288 Municípios.
A CNM analisou os dados por Unidade Federativa (UF). Pela pesquisa, o Estado que possui a maior falta nos Municípios é Santa Catarina, com 83,7% (128) dos gestores pesquisados relatando esse cenário. Em seguida, estão Pernambuco, com 80,6% (58); e Paraná, com 78,7% (155). Já no recorte por região, conforme a quantidade de Municípios participantes, o Sudeste apresentou 68,5% (595) de falta de imunizantes; o Sul, 65,1% (395); o Nordeste, 65,1% (370); o Centro-Oeste, 63% (136); e o Norte 42,9% (67).
No início deste ano, a CNM divulgou estudo sobre as metas de coberturas vacinais de rotina nos últimos cinco anos nos Municípios. E elas não foram alcançadas em todo país, exceto a BCG em 2022. Em 2023, justamente a vacina contra a Meningocócica C teve cobertura de 82,5%, abaixo da meta do Ministério, que é de pelo menos 95%. Veja a seguir a íntegra da pesquisa, em arquivo PDF:
Pesquisa-da-CNM-sobre-a-falta-de-vacina-nos-municipios