A foto que ilustra essa matéria foi feita pelo fotógrafo Tuca Vieira, que trabalhava no jornal Folha de S.Paulo. Ele recebeu pauta para fotografar alguns pontos da capital paulista para um caderno especial sobre o aniversário de 450 anos de São Paulo (SP). A foto, mostra a favela de Paraisópolis ao lado de prédio de alto luxo do Morumbi e que virou um símbolo da desigualdade brasileira
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Entre janeiro de 2019 a dezembro de 2021, número de milionários chegou a 2,1 milhões de pessoas enquanto 62,5 milhões de brasileiros e brasileiras empobreceram. O fim do mandato de Bolsonaro deixa o Brasil em um patamar de desigualdade social com aumento no número de milionários e recorde de brasileiros e brasileiras na pobreza. O legado bolsonarista criou um rastro de disparidades com 2,1 milhões de pessoas ganhando acima de R$ 1 milhão, enquanto 62,5 milhões de brasileiros e brasileiras ficaram mais pobres.
Dados da Receita Federal e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que somente entre janeiro de 2019 e dezembro 2021, o Brasil registrou 562 mil ricos nadando em dinheiro (1% da população), e 29,5% da população brasileira mergulhou na miséria.
O aumento da riqueza entre os muito ricos acelerou no Brasil após o golpe contra Dilma Rousseff, em 2016. Entre 2019 e 2021, RR e RO foram os estados que mais contabilizaram novos abonados, com 1.588 e 10.147, respectivamente. Eles também registraram as maiores taxas de crescimento —67% e 63%. Na sequência, as maiores altas foram em TO (59%), MT e SC (55%), PA (51,5%), GO e MA (48,5%).
Aumento da distância entre pobres e ricos no Espírito Santo
No Espírito Santo chama atenção a valorização imobiliária calculada pelo Índice FipeZAP+, a maior referência entre as empresas do setor de compra e venda de imóveis. No dado mais recente divulgado, consta que em um ano, entre 2021 e este ano, os imóveis tiveram uma valorização de 22,45%, a maior entre todas as capitais brasileiras. Um dos maiores empresários da construção civil do Espírito Santo topou explicar o motivo, sob a condição de anonimato.
Ele disse que o elevado índice de valorização imobiliária em Vitória se refere exclusivamente aos bairros da elite econômica, entre esses a Praia do Canto. Nos bairros da ‘periferia de Vitória ocorreu o contrário, houve desvalorização imobiliária, acentuou. “Os ricos ficaram mais ricos com o governo Bolsonaro e os pobres ficaram mais pobres”, destacou o dono de uma das maiores empresas do ramo de construção civil capixaba.
E deu um exemplo. Disse que construiu recentemente um prédio de alto padrão, luxuoso, em uma das ruas mais tradicionais da Praia do Canto. “Nem precisei anunciar. Vendi tudo em menos de um mês. O cara que comprou a cobertura, me pagou o valor integral à vista. Eu também construo casas populares do programa Minha Casa, Minha Vida (atual programa Casa Verde e Amarela). Tenho um conjunto desses prontos na Serra, com valor dos imóveis entre R$ 180 mil e R$ 200 mil e estou tendo dificuldade para vender. As pessoas com menor rendimento estão tendo dificuldade para comprar”, finalizou.
O Índice FipeZAP+ é o primeiro índice de preço com abrangência nacional que acompanha os preços de imóveis residenciais e comerciais. O índice é calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) com base em informações anúncios de imóveis (apartamentos prontos, salas e conjuntos comerciais de até 200 m ²) para venda e locação veiculados nos portais ZAP+. Divulgações Mensais. A Fipe é reconhecida pela sua credibilidade e todos os Estados brasileiros usam o seu índice de valor de carros usados para a cobrança do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).
Valorização imobiliária nas capitais entre 2021 e 2022
Capital | Índice de valorização |
Vitória (ES) – apenas bairros de ricos | 22,45% |
Maceió (AL) | 17,93% |
Goiânia (GO) | 17,44% |
Florianópolis (SC) | 16,35% |
Curitiba (PR) | 13,98% |
Campo Grande (MS) | 9,34% |
Brasília (DF) | 9,25% |
João Pessoa (PB) | 8,73% |
Manaus (AM) | 8,65% |
Fortaleza (CE) | 7,92% |
Recife (PE) | 4,82% |
Belo Horizonte (MG) | 4,49% |
Porto Alegre (RS) | 4,29% |
São Paulo (SP) | 4,12% |
Salvador (BA) | 3,27% |
Rio de Janeiro (RJ) | 2,01% |
Fonte: Índice FipeZAP+
Regiões do agronegócio concentram ricaços
De acordo com uma reportagem da Folha de S. Paulo, cientistas políticos consideram que a geografia da riqueza é concentrada em locais do agronegócio e que fortalece o conservadorismo desses estados, com número expressivo de bolsonaristas. A exceção fica com o estado do Maranhão, onde a maioria votou no presidente Lula.
Analistas de mercado apontam ainda que o crescimento de milionários (78% do total) acontece nos estados de SP (780.619), RJ (226.254), MG (189.785), RS (161.858), PR (156.870) e SC (103.378), onde há expansão da fronteira agrícola no país.
“Crescimento do PIB deve ser repartido com toda a sociedade”
Na última sexta-feira, 2, durante uma coletiva de imprensa, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva defendeu que o crescimento econômico em seu governo será compartilhado com a população brasileira.
“Nós vamos dizer aos trabalhadores: todo ano haverá aumento real para os trabalhadores que ganham o mínimo e para os aposentados. O crescimento do PIB será repartido entre a sociedade”, disse.
No período dos dois mandatos do PT, entre 2003 e 2014, 0,1% da população tinha mais de R$ 1 milhão de rendimentos. Com Lula, o paredão da desigualdade, que dividiu o Brasil por séculos, começou a ruir e pela primeira vez na nossa história, a renda dos mais pobres cresceu mais do que a dos mais ricos.
Lula já reverteu essa situação no seu governo anterior
Com Lula e Dilma, 36 milhões de brasileiros e brasileiras saíram da extrema pobreza e outros 42 milhões ascenderam à classe C. Tudo graças a uma política consistente de transferência de renda, aliada a aumentos reais do salário mínimo, estímulo ao consumo interno, acesso ampliado à moradia, à saúde e à educação.
Nos governos populares e democráticos do PT, todos os segmentos sociais tiveram ganho de renda, porém algo inédito aconteceu – os mais pobres ganharam mais do que os ricos. Entre 2003 e 2012, os 10% mais pobres tiveram crescimento de renda real per capita de 107%, enquanto os mais ricos obtiveram incremento de 37% na renda acumulada, segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Durante os governos Lula e Dilma, a renda média cresceu 38% acima da inflação. Já a renda dos 20% mais pobres cresceu 84%.
Um estudo divulgado em 2011 pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostrou que o governo Lula reduziu a pobreza com muito mais intensidade em comparação com os anos FHC. Desde o começo do Plano Real, a pobreza caiu 31,9% durante a Era FHC. Já no período em que o ex-presidente Lula esteve à frente do país – oito anos encerrados em dezembro de 2010 -, houve queda de 50,64%. Os dados são baseados em números do IBGE.
Durante os governos de Lula e do PT, o Brasil bateu sucessivas metas de combate à pobreza extrema, estabelecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) Em 12 anos, o índice de brasileiros que vivem com renda abaixo de US$ 1,25 por dia caiu de 8,1% para 3,1%, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS).
A pobreza multidimensional crônica, que considera outros fatores além da renda, caiu 87% entre 2004 e 2013, segundo análise do Banco Mundial. Em 2013, 1,1% da população estava nesta situação.