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Com juros altos, o Brasil está sobrevivendo a uma pena de morte, diz Prêmio Nobel em Economia


“A taxa de juros de vocês, de fato é chocante. São taxas de juros que vai matar qualquer economia. O que acho impressionante é que o Brasil sobreviveu uma pena de morte. Vocês têm conseguido sobreviver a este tipo de altas taxas de juros e parte da razão de vocês sobreviveram a essas altas taxas de juros é porque vocês têm banco de desenvolvimentos estatais”

Joseph Stiglitz, economista e Nobel em Economia

O Nobel em Economia, Joseph Stiglitz, dá uma aula completa sobre os prejuízos que as taxas de juros elevadas provoca na economia de um país. São 39 minutos de vídeo, extraídos de uma palestra promovida pelo BNDES nesta semana | Vídeo: BNDES

No momento em que o atual presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vem sendo criticado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por impor taxas de juros abusivas, de 13,75% ao ano, o Prêmio Nobel de Economia e professor de Economia da Columbia University, Joseph Stiglitz, endossa as críticas aos juros altos. O assunto esteve no centro do debate na primeira etapa do seminário “Estratégias do Desenvolvimento Sustentável para o Século XXI”, promovido pelo BNDES, no Rio de Janeiro (RJ), nesta semana.

No encontro, que reuniu o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, ministros e autoridades internacionais na área econômica, como o americano Stiglitz. “A taxa de juros de vocês, de fato é chocante. São taxas de juros que vai matar qualquer economia. O que acho impressionante é que o Brasil sobreviveu uma pena de morte. Vocês têm conseguido sobreviver a este tipo de altas taxas de juros e parte da razão de vocês sobreviveram a essas altas taxas de juros é porque vocês têm banco de desenvolvimentos estatais”, disse o ganhador do Prêmio Nobel.

Juros altos afasta investimento, diz Stiglitz

Para o economista, que falou sobre estratégias para o desenvolvimento sustentável no âmbito das políticas fiscal e monetária, o país apresentou taxas de crescimento baixas nas últimas décadas por conta dos juros. “É claro que juros altos afastam investimento e reduzem produtividade”, constatou Stiglitz. “O país é muito dependente de commodities e precisa de transição para uma economia industrial verde”, ressaltou.

O professor da Columbia University ainda fez a seguinte afirmação: “A necessidade de se adaptar à transição verde e reduzir a desigualdade torna ainda mais urgente buscar modelos econômicos alternativos. As questões do Brasil são mais urgentes do que em outros países ao redor do mundo. O Brasil sempre foi descrito como o país do futuro, mas o futuro continua sempre deixado para o futuro”, emedou o professor.

Segundo Stiglitz, já ficou demonstrado que o monopólio do mercado eleva os riscos e a desconfiança junto com a inflação. “Um Banco Central independente e com mandato só para inflação não é o melhor arranjo para o bem-estar do País como um todo”, alertou. As afirmações do economista americano endossaram as críticas que a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann vem fazendo ao presidente do BC, que foi indicado por Bolsonaro.

Gleisi Hoffmann no Twitter

“Presidente do BC deveria ouvir Joseph Stiglitz, prêmio Nobel de Economia: autonomia deve ser acompanhada de responsabilidade. Tem de justificar pq está adotando a politica, prestar contas à sociedade e ao Congresso, mostrar resultados, como é nos EUA. Aqui há excesso de autonomia”, disse Gleisi na sua conta no Twitter.