Com a política destrutiva empreendida pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) o preço da botija de gás alcança 10% do valor de um salário mínimo e está forçando a população mais pobre regredir no tempo e usar o fogão a lenha. De acordo com a última pesquisa feita pelo IBGE, um de cada cinco domicílios do Brasil está sendo forçado a usar a lenha como combustível para fazer a alimentação. São mais de 14 milhões de domicílios em todo o Brasil.
A cada promessa feitas pelo presidente Bolsonaro de que vai reduzir, o efeito é o contrário e o gás fica cada vez mais caro e inacessível aos brasileiros mais pobres, que ainda tem despesas elevadas com a energia elétrica e a água encanada. O desastre do governo Bolsonaro ainda se completa com a sua permissão de permitir a exportação desemfreada de alimentos básicos, como a carne bovina, do arroz e da soja, que provocou aumentos insuportáveis nos preços internos da carne, arroz e do óleo de soja.
Maior uso de lenha no Sudeste
No Sudeste, onde historicamente o uso de lenha e mais raro, o aumento foi ainda maior, mais de 60%. “Se a gente pensar no Norte e Nordeste, o Nordeste é a região que mais usa lenha. Porque ela está associada ao nível socioeconômico. Então, isso na verdade é uma métrica mundial. Quanto mais se usa lenha, mostra que o povo tem menos acesso, menos condições econômicas de buscar um outro combustível mais limpo, menos poluidor, menos tóxico. Então isso e uma métrica mundial que a organização mundial da saúde usa”, analisou a professora de química da PUC-RJ, Adriana Gioda.
Adriana é uma das poucas pesquisadoras brasileiras dedicada a estudar o consumo de lenha nos lares do Brasil. Para quem frequenta as periferias das grandes cidades, cenas de uma panela sobre uma fogueira improvisada tem sido cada vez mais comuns.
“A gente percebeu que esse número é grande. São muitas pessoas que estão cozinhando a lenha. Porque elas acabam cozinhando lá, no cantinho delas, acaba não expondo essa demanda. E a gente percebeu esse aumento”, disse Deraldo Silva, coordenador da Central Única de Favelas (Cufa).
Desemprego
O desemprego também contribuiu para o aumento da lenha nas casas brasileiras. Com ele, segundo Adriana, vem um problema adicional, que é o uso de lenha catada, não comercial, em fogões rústicos, com queima ineficiente. “As pessoas acabam consumindo mais lenha e sendo expostas a uma quantidade grande de partículas, o que agrava os problemas de saúde”, explicou para a Agência Brasil.
Além da poluição do ar, tanto no ambiente interno como externo, as pessoas acabam tendo doenças variadas. O primeiro efeito são os problemas respiratórios, como asma, bronquite, em função das partículas. “No longo prazo, isso acaba indo para a corrente sanguínea, entrando no cérebro e afetando vários órgãos do corpo”, advertiu.
Adriana Gioda destaca que nas regiões Sul e Sudeste, também se usa lenha, mas de boa qualidade. “Rio Grande do Sul e Minas Gerais, por exemplo, fazem uso da lenha, mas têm fogões, lareiras e churrasqueiras de boa qualidade. Sem contar que a lenha é comercializada nessas regiões. Você compra lenha, não pega lenha de floresta”, comenta.