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Comemorado nesta quarta os 150 anos do desembarque dos primeiros imigrantes italianos

Vitória (ES) no final do Século XIX, quando começou a recceber os primeiros imigrantes italianos. A igreja à esquerda, com duas torres e sino, é a de São Thiago, atual Palácio Anchieta | Foto: Arcevo pessoal

Nesta quarta-feira (21) é comemorado 150 anos do desembarque no Porto de Vitória (ES) dos primeiros 388 camponeses  italianos – trentinos e vênetos – que vieram a bordo do navio vapor e à vela “La Sofia” em busca de novas oportunidades, trabalhos e vivências. O desembarque  ocorreu em um sábado, dia 21 de de fevereiro de 1874, mas o navio havia chegado na Baía de Vitória na terça-feira anterior, dia 17 de fevereiro daquele ano, devido aos procedimentos de quarentena.

O destino era a Colônia de Nova Trento, hoje distrito de Santa Cruz, município de Aracruz – ES. Porém o empreendimento não prosperou devido às condições de vida oferecidas. Um grupo seguiu para as colônias do Sul do Brasil, enquanto outros 145 italianos, ficaram hospedados em barracões em Vitória, à espera de um destino até aceitarem a proposta do governo estadual para se instalarem na Colônia Imperial de Santa Leopoldina.

A viagem foi feita através dos canoeiros do Rio Santa Maria da Vitória. Chegando a Colônia seguiram por trilhas abertas em meio à floresta, a pé ou no lombo de animais, até alcançarem os lotes que ocupariam no Núcleo do Timbuy, território do atual município de Santa Teresa  (ES).

Segundo a Prefeitura de Santa Teresa (ES), oficialmente, a imigração italiana passou a ser incentivada pelo governo com a chegada do navio “Rivadavia”, que aportou em 31 de maio de 1875, com 150 famílias italianas, encaminhadas para Colônia de Santa Leopoldina, dentre as quais 60 famílias seguiram para o Núcleo Timbuy. Em 26 de junho de 1875 ocorreu o sorteio dos lotes territoriais.

As correntes migratórias provenientes da Itália permaneceram em maior quantidade até o início do século XX, mas também há relato de entrada de imigrantes no período entre guerras. Os colonos se dedicavam à agricultura, com destaque para o cultivo do café e grãos e algumas experiências bem sucedidas semelhantes às culturas do Trentino, tais como a videira e o bicho da seda.

Empreendimento privado

A chegada dos 388 italianos há 150 anos foi fruto de um empreendimento privado. Foi através de um acordo entre um imigrante italiano que já residia no Brasil desde 1850, Pietro Tabacchi, e o Ministério da Agricultura. Oriundo de Trento, Tabacchi foi pessoalmente à península itálica para arregimentar camponeses. É preciso ressaltar que embora a Itália tenha concluído sua unificação em 1871, o Trento seguia sob domínio austro-húngaro — tendo sido anexado à Itália somente em 1920.

Há poucos registros sobre o navio “La Sofia”, que zarpou do porto de Gênova com a primeira leva de italianos, que estavam em um país em crise econômica, com elevado índice de desemprego, sem esperanças de melhoria de vida e com muita miséria. Os imigrantes vinham com seus famílias na terceira classe da embarcação. Mas, estavam entusiasmados com as promessas. Para isso houve atrativos, como os cartazes que Tabachi espalhou na região-alvo para trazer os italianos, com o aval do governo brasileiro da época.

Cartaz difundido na Itália para atais imigrantes | Imagem: – Arquivo

Cartaz usado para atrair os imigrantes na Itália

“Terras no Brasil para os italianos. Navios com partidas todas as semanas do Porto de Gênova. Venham construir os seus sonhos com a família. Um país de oportunidades. Clima tropical e abundância. Riquezas minerais. No Brasil vocês poderão ter o seu castelo. O governo dá terras e utensílios a todos”, diz o cartaz. No entanto, houve decepção, porque não era bem assim. O que foi encontrado foram muitas dificuldades.

As características da propriedade não eram como as que foram prometidas e o alojamento as piores condições possíveis. A imigração para o Espírito Santo foi para núcleos coloniais. Inicialmente, a atividade laboral ficou em abertura de áreas para cultivo, com a exploração de madeira, pequenas criações e o plantio de gêneros alimentícios.  Posteriormente, a cafeicultura passou a ser uma das atividades principais.

A Expedição Tabacchi inaugurou um novo movimento migratório, com  o foco dos agenciadores se concentrando na península itálica, especialmente nas regiões norte-nordeste, de onde partiram aos milhares para diversos países do mundo e, em um número considerável, para o Brasil. A Itália recém-unificada e com a expansão do modelo capitalista era um país desconexo, com altas taxas demográficas e uma grande massa de desempregados.

Sem alternativas, muitos viajaram para realizar o “sonho da América”. Em 1875 as partidas dos transatlânticos de Gênova e de outros portos da Europa se tornaram rotinas. No Espírito Santo ocorreu a entrada de 1.403 colonos nesse ano, segundo informações do Arquivo Público Estadual.

Postal enviado por imigrante italiano aos seus parentes na Itália | Foto: Arquivo Público do Espírito Santo

Sobrenomes de famílias italianas que desembarcaram do navio La Sofia no Porto de Vitória (ES), em 21 de fevereiro de 1874:

Andermarcher

Angeli

Ani

Armelao

Armellini

Bassetti

Battisti

Beber

Bertol

Bertotti

Betti

Bolin

Bolognani

Bonecher

Bortolotti

Cappelletti

Casotti

Chiesa

Ciola

Colp

Comper

Corn

Corradi

Dallapiccola

Damaso

Debortoli

Delana

Demoner

Fedele

Felicetti

Franceschini

Furlan

Fusinato

Gaiotto

Giacomozzi

Giuliani

Guazzo

Ladini

Lazzari

Lira

Margon

Margoni

Martignoni

Martinelli

Merlo

Moratelli

Moschen

Paissan

Pallaoro

Paoli

Passamani

Pellizzon

Perli

Perotti

Piovesan

Romagna

Rosanelli

Scalzer

Serafini

Slompo

Specher

Stroppa

Tesainer

Toler

Tonini

Trentinaglia

Vallandro

Venzo

Verones

Zambelli

Zamprogno

Zen

Zottele

Zurlo