Juntamente com integrantes do coletivo Liberdade, Amor e Respeito do Espírito Santo (Lares), moradores de Aracruz promoveram uma manifestação pacífica contra o outdoor LGBTfobico instalado pela Primeira Igreja Batista de Aracruz (Pibara) na porta do colégio Pibara e na lateral da própria instituição evangélica. A instituição é reincidente em crimes transfóbicos através de outdoor, tendo conquistado polêmica nacional ao atingir o filho da cantora Gretchen, o homem trans Tammy Miranda, por ocasião do dia dos pais em agosto de 2020.
A igreja evangélica Batista de Aracruz é comandada pelo pastor ultraconservador Luciano Estevam Gomes, que é acusado pelos moradores de Aracruz de estimular o ódio contra os seres humanos e ignorar os princípios da Bíblia que prega amor ao próximo. Luciano Gomes gosta de usar as suas redes sociais, por ocasião das eleições, para opinar sobre os candidatos e “indicar” os políticos que tem pensamento medieval como o seu. Em entrevista a uma publicação gospel, Luciano Gomes que quer que a sua conduta, que fere a legislação criminal em vigor, sirva de encorajamento a outras instituições evangélicas.
Nessa mesma entrevista concedida ao portal Gospel Prime, ele insiste em seguir as orientações de um deus odioso, que prega o rancor ao próximo apenas por sua opção sexual. “A Igreja precisa denunciar o pecado. Não adianta cair nessa ladainha de que ‘a igreja precisa pregar sobre o amor’. O amor do Senhor é um amor transformador. Ele não é um amor que se acomoda”, disse o ultraconservador líder da Primeira Igreja Batista de Aracruz.
Apenas por esse último outdoor LGBTfobico, que ele mandou instalar na frente da sua igreja e do colégio particular que administra, ele prega o ódio contra a população LGBTQIA+. No outdoor há um guarda-chuva, com a inscrição “Bíblia sagrada”, onde se abrigam um casal com duas crianças. Do lado esquerdo a frase “A Bíblia é a única proteção contra o ativismo LGBTQIA+”. Do lado direito a assinatura “Pibara”. A ofensa deixou indignada a população de Aracruz, porque ao passar pela Rua Professor Lobo, 626, no Centro de Aracruz (ES), é obrigada a ver a provocação da Pibara.
Ministério Público já foi acionado para apurar crime de LGBTfobia
No último sábado (9) a Aliança Nacional LGBTI+, acionou o Ministério Público do Espírito Santo (MPES), através da entrega de uma notícia-crime contra a Pibara e pedindo averiguação do crime de LGTBfobia. Na ocasião, a coordenadora da área jurídica da Aliança Nacional LGBTI+, Amanda Souto Baliza, disse que “o outdoor faz uma terrível associação entre o ‘ativismo LGBTQIA+’ e algum tipo de inimigo que deve ser combatido, passa uma imagem de que pessoas LGBTI+ são anti-família. Este tipo de mensagem provoca pânico moral e estimula a violência e segregação contra a comunidade LGBTI+”.
O diretor presidente da Aliança Nacional LGBTI, Toni Reis, fez a seguinte declaração neste último final de semana declarou: “A liberdade de expressão deve ser defendida em sua essência, mas sem ferir a dignidade da pessoa humana. Infelizmente a igreja e escola fizeram discurso de ódio e devem ser investigadas pelo crime de LGBTIfobia conforme decisão da Suprema Corte do nosso país”.
Ódio do pastor da Pibarra está afetando a vida das pessoas
Entre os cartazes que os manifestantes expuseram, havia um com reprodução de ataques homofóbicos que passaram a receber em suas redes sociais, a partir do ódio emanado do outdoor LGTFobico da Primeira Igreja Batista de Aracruz. O título era “Consequências do discurso de ódio da igreja Pibarra”. Um outro questionada a “liberdade” exercida pelo pastor evangélico, em desvirtuar os ensinamentos de amor ao próximo que constam na Bíblia cristã e que é, no entendimento dos que protestaram, a “liberdade de opressão”.
A população LGBTQIA+ de Aracruz, apesar de ter alta representatividade entre os 104.942 habitantes, segundo a mais recente estimativa do IBGE, critica a omissão do atual prefeito Luiz Carlos Coutinho (Cidadania), um cidadão idoso que completará 75 anos em 3 de outubro, que não proporciona áreas de lazer para a juventude. Ainda alegam que o município não estimula a instalação de bares e boates para proporcionar encontros. Ainda complementam que a administração municipal nunca se interessou de saber quem integra a comunidade LGBTQIA+ da cidade e não se importa com ela. Acrescentaram que a Câmara de Vereadores é viciada na velha política de favores e que segue os mesmos passos da Prefeitura, ao ignorar a comunidade.