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Comunidades LGBTQIA+ cobram ações para combater discriminação com o vírus da varíola dos macacos

Varíola dos macacos | Foto: Reprodução/internet

A forma atabalhoada que a Organização Mundial de Saúde (OMS) usou para aconselhar a redução de parceiros sexuais, como forma de evitar a expansão do surto da varíola dos macacos (que no Brasil vem sendo chamada pelos órgãos de saúde mesmo nome em inglês, monkeypox) levou a comunidade LGBTQIA+ a temer uma nova onda de preconceitos contra gays e homessexuais. É lembrado que as afirmações impensadas da OMS suscitam um problema já observado historicamente, quando surgiram os primeiros casos de HIV.

Na década de 1980 foram adotados diversos nomes pejorativos relacionados a homossexualidade, devido a Aids, que acabou carregando por anos essa estigmatização. O vírus da Aids chegou a ser chamado por muitos anos como a “peste gay. Posteriormente, a ciência provou que é um vírus que atinge pessoas de todas as orientações sexuais, incluindo os que se autodenominam heterossexuais. No último dia 1º, um editorial publicado na Revista Brasileira de Enfermagem alertou para a repetição desse risco, pois o olhar discriminatório ao paciente contaminado com a varíola dos macacos pode prejudicar o tratamento, protelando o seu diagnóstico e até mesmo a procura por cuidados com a saúde.

A própria agência das Nações Unidas para a Aids, a Unaids, mostrou preocupação com o fato de a mídia ter reforçado estereótipos homofóbicos e racistas na divulgação de informações em torno da varíola dos macacos. A varíola dos macacos, ou o mesmo nome em inglês (monkeypox), como é conhecida internacionalmente, não é uma infecção sexualmente transmissível, embora possa se espalhar pelo contato íntimo durante as relações sexuais, quando existe erupção cutânea ativa, lembra a Unaids. A infecção é transmitida a partir das feridas, fluidos corporais e gotículas de uma pessoa doente. Isso pode ocorrer mediante contato próximo e prolongado sem proteção respiratória, contato com objetos contaminados ou contato com a pele.

Em entrevista ao portal Metrópoles, a presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT), Symmy Larrat vê o contexto atual com preocupação de que haja um movimento de culpabilização sobre as práticas sexuais da população LGBTI+. “Como foi no caso da AIDS, [a doença] foi imputada à população como se ela fosse a culpada por aquilo existir. Então, a doença existe independentemente das pessoas. Agora, pessoas que têm essas práticas sexuais, afetivas, negadas pela sociedade, obviamente vão exercer isso de uma forma menos cuidadosa. Isso é reflexo de um preconceito que existe na sociedade”, afirmou Larrat.

Diretor-geral da ONU foi quem iniciou a discriminação

Foi o próprio diretor da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, quem fez a ligação entre a expansão da varíola dos macacos e a comunidade LGBTQIA+, quando em uma conferência de imprensa, em 27 de julho último, em Genebra, fez a seguinte afirmação: “Para os homens que fazem sexo com homens, isso também significa, no momento, reduzir o número dos parceiros sexuais e trocar informações com qualquer novo parceiro para poder contatá-los e, em caso de aparecimento de sintomas, para que se possam isolar”.

A declaração foi feita logo após a OMS ter declaro a varíola dos macacos como sendo uma d emergência de saúde pública de preocupação internacional, o nível mais alto de alerta. A Agência Brasil ouviu o professor de inglês Peter Branch, de 48 anos, que contou que ele e seu companheiro, que moram na capital paulista e foram infectados pela varíola dos macacos e que foram discriminados por um médico durante o atendimento. “Fomos infectados indo a um bar heterossexual. Acho que o mais grave é que homens e mulheres heterossexuais não estão prestando atenção aos sintomas e, portanto, infectando os outros também”, concluiu.

Espírito Santo já conta com 30 casos suspeitos de varíola dos macacos, segundo o relatório mais recente da Secretaria de Estado da Saúde – Imagem: Sesa

Segundo a Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo (Sesa-Es), o Estado já tem cinco casos confirmados de pessoas infectadas pela varíola dos macacos. Desde o início da doença no Brasil, já foram feitas 47 notificações, tendo 30 suspeitos e 12 casos descartados. Os cinco confirmados são homens, sendo três com idade entre 30 e 39 anos, um de 40 a 49 anos e outro na faixa etária de 20 a 29 anos. Entre os infectados são dois de Vitória, dois de Vila Velha e um de Guarapari. Quem desejar acompanhar oficialmente a evolução da doença no Espírito Santo é só clicar neste link.