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Conclave teve no seu primeira dia a fumaça preta. Nesta quinta ocorrerão 4 votações


Os 133 cardeais eleitores ainda não escolheram o novo Papa. Para esta quinta-feira (8) estão previstas mais quatro votações


Depois de uma longa espera, os quase 50 mil fiéis na Praça São Pedro viram sair a fumaça preta após o primeiro escrutínio. Amanhã, será dada sequência à votação | Vídeo: Vatican News

Na tarde desta última quarta-feira (7) ocorreu uma longa espera após o Extra Omnes, a fórmula latina usada para fechar as portas da Capela Sistina para o início do Conclave. Lá dentro, os 133 cardeais ouviram a meditação do padre Raniero Cantalamessa, pregador emérito da Casa Pontifícia, para depois começar a preparação e a distribuição das cédulas pelo mestre de cerimônias, que foi chamado à capela junto com o secretário do Colégio de Cardeais, arcebispo Ilson de Jesus Montanari, e o mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, monsenhor Diego Ravelli. A expectativa da imprensa italiana é que o Conclave dure no máximo até esta sexta-feira (9).

Em seguida, foi realizado o sorteio de três escrutinadores, três enfermeiros – os delegados para coletar os votos dos doentes – e três revisores, para depois a votação. Nesse meio tempo, cerca de 45 mil pessoas estiveram na Praça São Pedro com o olhar fixo na chaminé da Capela Sistina, habitada por algum tempo por algumas gaivotas que frequentemente monopolizavam a atenção da multidão.

Fumaça preta

Uma praça colorida por bandeiras de diferentes países do mundo, iluminada pelos holofotes das câmeras, pelos flashes de muitas câmeras e pelos celulares dos peregrinos, fiéis e espectadores. Em alguns momentos, ouviam-se aplausos, gritos para enganar o tempo de espera, confrontos e hipóteses sobre o motivo de não haver fumaça. Às 21 horas, no horário de Roma, a fumaça preta chegou. A praça recebeu a notícia com um rugido. Portanto, os cardeais votantes não escolheram o 267º Pontífice da história da Igreja.

Nesta manhã de quinta-feira, 8 de maio, os cardeais eleitores se reunirão antes das 8h locais (3horas em Brasília)no Palácio Apostólico para celebrar a Missa e as Laudes na Capela Paulina. Em seguida, eles se dirigirão para a Capela Sistina às 9h15 (4h15 em Brasília) para recitar a Hora Média e depois seguirão para a votação. Em seguira irão para o almoço, às 12h30 (7h15 em Brasília), na Capela Santa Marta e às 15h45 (10h45 em Brasília) partem para o  Palácio Apostólico.

Depois às 16h30 (11h30 em Brasília) o retiro na Sistina com mais votações e, no final (por volta das 19h30), (14h30 em Brasília) as Vésperas. Duas chaminés estão planejadas para os diferentes dias: uma no final da manhã, por volta das 12 horas (7h em Brasília); outra à noite, por volta das 19 horas (14 horas em Brasília).

Programação das fumaças da chaminé do Vaticano para esta quinta-feira

Apesar de ocorrerem quatro votações, o Vaticano divulgou nota informando que, em caso de não ocorrer consenso nesta quinta-feira, a fumaça preta somente sairá em dois horários: 7h 3 14 horas pelo horário de Brasília. Havendo a definição do nome de um cardeal, a fumaça branca sairá da chaminé no final de qualquer uma dessas quatro votações.

De acordo com o Vaticano, a queima das cédulas de votação ganham fumaça preta ou branca, com o uso de ingredientes. A fumaça preta é obtida através do uso de cartuchos com  perclorato de potássio, antraceno (proveniente do alcatrão de carvão) e enxofre. Já a fumaça branca é obtida com a queima de perclorato de potássio, lactose e resina de clorofórmio.

  • Próximo das 5h30 (horário de Brasília): primeira votação do segundo dia. Se o papa for definido, sairá fumaça branca. Se não houver consenso, nada acontecerá
  • Próximo das 7h (horário de Brasília): segunda rodada de votação do dia. Se o papa for definido, sairá fumaça branca da chaminé da capela Sistina. Mas, caso não ocorra consenso vai sair fumaça preta
  • Próximo das 12h30 ()horário de Brasília): :Ocorre o término da terceira votação do dia. . Se o papa for definido, sairá fumaça branca. Se não for definido, nada acontecerá
  • Próximo das 14h (horário de Brasília): Será realizada a quarta e última votação do dia. Se o papa for definido, sairá fumaça branca da chaminé da capela Sistina. Se continuar a falta de consenso sairá fumaça preta
  • No momento em que sair a fumaça branca, irão tocar os sinos do Vaticano
Inscrição comemorativa na ‘Sala das Lágrimas’ | Imagem: Vatican News

A “Sala das Lágrimas”, onde o cardeal se torna Papa

Na parede da pintura do afresco de do Juízo Final realizada por Michelangelo, na Capela Sistina, bem nos lados do altar, há duas portas fechadas de tamanho não muito grande. A da esquerda leva à chamada “Sala das Lágrimas”, onde, imediatamente após a eleição, o recém-eleito Pontífice entra para trocar a roupa e se recolher em oração por alguns minutos. Monsenhor Marco Agostini, mestre de cerimônias pontifícias: “ali o Papa toma consciência do que se tornou, do que será dali em diante”.

De acordo com relato da Vatican News, a agência de notícias oficial do Vaticano,  após os dias convulsivos do Conclave, o eleito se encontra sozinho consigo mesmo nessa sala pela primeira vez. “Sozinho, mas face a face com Deus. Ele se dá conta de que, a partir daquele dia, será Papas, assumirão o mandato petrino.”

E prossegue: “Contra a parede dessa sala de serviço, ergue-se a grandeza dramática dos afrescos de Michelangelo, mas escondido está o que foi originalmente planejado para concluir a complexa iconografia de toda a Capela. É o afresco de Perugino, protegido por uma cavidade atrás do Juízo, mas ainda assim conhecido por um desenho do início do século XVI no Museu Albertina, em Viena. Aos pés da Assunção, entre anjos e santos, está a única pessoa viva, o Papa Sisto IV ((Francesco della Roverem que teve o papado foi de 9 de agosto de 1471 até 12 de agosto de 1484), ajoelhado”.

Na “Sala das Lágrimas”, a tomada de consciência

O monsenhor Marco Agostini, mestre de cerimônias pontifícias, diz em comunicado que o Conclave é um momento particularmente delicado e o seu significado espiritual. Ele descreve a “Sala das Lágrimas” como “muito pequena, também muito apertada”.  “É importante”, diz ele, ”o que acontece de um ponto de vista simbólico. Ali, o Papa toma consciência do que ele se tornou, do que ele é de agora em diante. A troca da roupa fala da profunda mudança em sua existência”.

É ali ele aprende que a função é maior do que a pessoa. Talvez seja também daí que deriva a definição do sala das lágrimas, porque é o momento em que ele toma consciência de que a figura Papae é muito maior do que a pessoa que a veste e que, por baixo dela, o Papa aprenderá todos os dias a morrer, porque o ofício deve emergir, o Vigário de Cristo, o sucessor de Pedro, deve emergir”. Para monsenhor Agostini, para olhar para a “Sala das Lágrimas” “precisamos de uma visão sobrenatural que nos leve a ver”, enfatiza o mestre de cerimônias, “o próprio Papa que deve aprender a ler a si mesmo com os olhos da graça, com os olhos da fé, com uma visão sobrenatural”

Passar pela porta e mudar para sempre

Tomada de consciência da nova missão na Igreja e uma troca de roupa: esses são os dois momentos que acontecem na “Sala das Lágrimas”. Ao se vestir, o Papa é ajudado pelo mestre de cerimônias. “Sabemos”, enfatiza monsenhor Agostini, ”que o cardeal eleito é acompanhado até essa porta, sob o Juízo Final à esquerda do altar, e sai com o mestre de cerimônias em suas vestes pontifícias”. Atravessar a porta da “Sala das Lágrimas” muda a vida de uma pessoa para sempre, e nos faz refletir que isso acontece no Jubileu da Esperança, onde atravessar a Porta Santa realmente muda a vida de uma pessoa.

“É uma mudança muito profunda”, acrescenta o mestre de cerimônias referindo-se à “Sala de Lágrimas”, ”é a travessia de um limiar muito especial porque vai tocar a intimidade da pessoa que se torna Papa. Poderíamos dizer que toca o coração do ministério petrino: um homem que se torna Papa, um cardeal que se torna Papa. Nós o chamamos de Papa, mas quando usamos a terminologia que historicamente designa os Papas, dizemos Vigário de Cristo, Sucessor de Pedro e, como Santa Catarina de Siena o definia, ‘o doce Cristo na terra’. É esplêndido!”. Monsenhor Marco Agostini ressalta, no entanto, que “para contemplar essa visão é preciso um olhar sobrenatural, é preciso o olhar da fé”.